Resolução do PT amplia decepção de ‘frente ampla’ com rumo do governo
A versão distorcida dos fatos causou desconforto e irritação no MDB, um dos mais importantes aliados de Lula na etapa final da eleição
- Data: 17/02/2023 20:02
- Alterado: 17/02/2023 20:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
LULA BRASILIA DF 13/02/2023 LULA/ANIVERSARIO PT NACIONAL OE - O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a festa do 43° aniversario do Partido dos Trabalhadores (PT) realizana na noite desta segunda-feira (13), no Centro de Convenções Ulisses Guimarães em Brasília-DF. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
Crédito:Reprodução
Com pouco mais de um mês de governo, manifestações do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm despertado desconfiança e decepção entre setores políticos que aderiram ao petista no segundo turno da acirrada disputa contra Jair Bolsonaro (PL). Nesta quinta-feira, 16, líderes partidários que se aliaram numa “frente ampla” anti-Bolsonaro reagiram à resolução do Diretório Nacional do PT, que procurou reforçar a narrativa segundo a qual o partido foi vítima de “falsas denúncias” nos rumorosos casos de corrupção que protagonizou nas duas últimas décadas.
Em linha com os discursos mais recentes do presidente, o texto da legenda se refere ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff como “golpe” e chama de “quadrilha” os antigos procuradores da Operação Lava Jato e o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), além de defender a revisão da autonomia do Banco Central, da taxa de juros e das metas de inflação.
A versão distorcida dos fatos causou desconforto e irritação no MDB, um dos mais importantes aliados de Lula na etapa final da eleição. “Triste o PT, um partido importante, em um documento da sigla, resolver espalhar fake news”, afirmou o presidente da legenda, Baleia Rossi.
Quando o cenário eleitoral era incerto e os bolsonaristas escalavam o discurso contra as urnas eletrônicas, o comitê de Lula reuniu um arco de apoios em segmentos políticos desalinhados com o PT, como João Amoêdo (ex-presidente do Novo) e Arminio Fraga, tucanos históricos e ex-rivais dos petistas na centro-esquerda.
“Falar em golpe é estultice. Lula não pode fazer dessa resolução do PT uma resolução sua. Ele está governando com o apoio de vários líderes que apoiaram o impeachment de Dilma. O voto nele foi pela democracia, e a democracia não pode viver em permanente fratura”, disse o presidente do Cidadania, Roberto Freire.
Dilma sofreu impeachment em 2016 por promover as chamadas pedaladas fiscais. A prática, revelada pelo Estadão, consiste em manobra fiscal a fim de permitir ao governo cumprir as metas fiscais – portanto, indicando falsamente haver equilíbrio entre gastos e despesas nas contas públicas.
A resolução petista ainda ignora os escândalos que marcaram as gestões do partido, em especial o mensalão e a corrupção na Petrobras. Neste último caso, investigado como parte da Lava Jato, foi revelado esquema que envolvia licitações fraudulentas com empreiteiras e pagamento de propina. Oficialmente, a Petrobras divulgou rombo de R$ 6,2 bilhões em seu balanço em 2015.