Raquel Lyra deixa o PSDB e se filia ao PSD
Governadora de Pernambuco assume o comando do diretório estadual da nova sigla e amplia alianças políticas para as próximas eleições
- Data: 09/03/2025 20:03
- Alterado: 09/03/2025 20:03
- Autor: Redação
- Fonte: PSDB
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, oficializa sua saída do PSDB e sua filiação ao PSD nesta segunda-feira, 10 de março. A transição foi concluída no final de fevereiro, e a cerimônia de adesão ocorrerá na capital pernambucana, Recife.
Conforme noticiado pela Folha, Raquel vinha negociando sua migração para o PSD desde 2024, buscando se aliar a um partido em ascensão sob a liderança de Gilberto Kassab. Além de integrar o novo partido, ela assumirá a presidência do diretório regional da legenda em Pernambuco. Embora o MDB tenha sido considerado como uma possível alternativa, a escolha final recaiu sobre o PSD.
Em uma entrevista à Folha no mês de dezembro passado, Raquel expressou que o PSDB estava se tornando “pequeno” com o passar do tempo, sugerindo que havia algo de errado com a trajetória da sigla. “O que o PSDB precisa fazer é se reencontrar com sua história e seus valores. É fundamental que tenhamos partidos e instituições robustas que possam atuar no cenário democrático”, destacou.
Aproximação com Lula e novo cenário político
Recentemente, durante uma conversa com a TV Bandeirantes em fevereiro, a governadora manifestou seu desconforto com a situação atual do país, clamando por um momento de “concertação”. Ela criticou a postura do PSDB, que não se opôs efetivamente ao governo Bolsonaro e agora se posiciona como “farol da oposição” ao presidente Lula sem um projeto claro para o futuro.
Ainda que faça parte de um partido historicamente adversário do PT, Raquel elogiou as colaborações estabelecidas por sua gestão com o governo federal. No entanto, evitou comentar sobre um possível apoio ao candidato petista nas eleições de 2026. Na disputa presidencial de 2022, ela não declarou voto no segundo turno e, desde seu primeiro ano à frente do governo estadual, tem demonstrado aproximação com o presidente Lula, ressaltando a importância da presença dele na presidência para Pernambuco.
Impacto da mudança e futuro do PSDB
Raquel Lyra deixa o PSDB após nove anos de filiação. Sua jornada no partido começou quando decidiu concorrer à Prefeitura de Caruaru, onde foi eleita por dois mandatos consecutivos. Antes disso, atuou como deputada estadual pelo PSB, que atualmente é seu principal concorrente político.
Dentro do PSDB, a governadora enfrentou desavenças com Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa. Em fevereiro deste ano, Porto comentou que Raquel havia “falado demais” sem apresentar propostas concretas durante um discurso inaugural no Legislativo.
Interlocutores veem a mudança de Raquel para o PSD como uma estratégia para se aproximar ainda mais do presidente Lula e consolidar apoio à sua reeleição.
Na corrida pelo governo estadual em 2026, Raquel provavelmente enfrentará João Campos (PSB), atual prefeito do Recife e aliado próximo ao presidente. Campos foi reeleito com uma expressiva votação de 725 mil votos e se prepara para assumir a presidência nacional do PSB.
A saída da governadora pode influenciar outros prefeitos tucanos a reconsiderar suas filiações. Contudo, é esperado que os tucanos em Pernambuco permaneçam sob a influência política de Raquel. No último domingo (9), Priscila Krause, vice-governadora eleita pelo Cidadania, anunciou sua migração para o PSDB.
A mudança partidária de Raquel Lyra contribui para o esvaziamento da legenda tucana em todo o país. Com sua filiação ao PSD, o PSDB contará apenas com dois governadores: Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul). O partido tem perdido espaço político desde 2018, quando Geraldo Alckmin (atualmente no PSB) obteve apenas a quarta colocação na eleição presidencial.
No cenário paulista, oito membros da bancada tucana na Câmara Municipal solicitaram desfiliação neste ano, acentuando os desafios enfrentados pela legenda. Em 2020, o PSDB conquistou a Prefeitura de São Paulo ao reeleger Bruno Covas e contava com uma das maiores bancadas da Câmara Municipal.
Recentemente, o partido divulgou uma nota reafirmando seu compromisso com seus 1,35 milhão de filiados e sua história significativa no Brasil. A nota ressaltou que medidas estão sendo discutidas para garantir a continuidade da legenda diante das novas exigências eleitorais que entraram em vigor após as eleições de 2026.
Lideranças do PSDB têm realizado reuniões com dirigentes de outras siglas como MDB e Podemos, na busca por articulações estratégicas para enfrentar os desafios futuros.