PSOL reitera no Supremo pedido de suspensão de decretos de armas de Bolsonaro
O pedido protocolado nesta terça-feira, 31, foi dirigido à ministra Rosa Weber, relatora de quatro ações que questionam as mudanças promovidas pelo presidente
- Data: 01/09/2021 14:09
- Alterado: 01/09/2021 14:09
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
jairmessiasbolsonaro Verificado O que torna uma arma nociva depende 100% das intenções de quem a possui. Defendo a liberdade, com critérios, para cidadãos que querem se proteger e proteger suas famílias. Leis de desarmamento só funcionam contra aqueles que respeitam as leis; quem quer cometer crimes já não se preocupa com isso. 01/04/2019
Crédito:Reprodução
Após o presidente Jair Bolsonaro chamar de “idiota” quem diz que precisa comprar feijão e defender que a população adquira fuzis, o PSOL acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para reiterar o pedido de suspensão dos decretos editados pelo chefe do Executivo para flexibilizar o porte de armas. O partido aponta “cenário de corrida armamentista” e cita piora nos dados de violência no País, destacando ser necessário o avanço nas medidas de contenção de acesso às armas.
O pedido protocolado nesta terça-feira, 31, foi dirigido à ministra Rosa Weber, relatora de quatro ações que questionam as mudanças promovidas por Bolsonaro em fevereiro para ampliar o acesso a armas e munições no País. Em abril, a vice-presidente do Supremo suspendeu trechos de quatro decretos editados por Bolsonaro sobre armas. No mesmo mês, as ações chegaram a ser pautadas para discussão no Plenário virtual do STF, mas a análise foi suspensa após pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes.
Na petição encaminhada à Rosa no fim da tarde desta terça, o PSOL argumenta que a decisão liminar de Rosa não foi suficiente para a diminuição do número de armas comercializadas, importadas em circulação, registradas e de posse de milhões de cidadãos.
“É fundamental que, em face do agravamento dos danos sociais, à coletividade e aos indivíduos como um todo, e às mulheres, populações mais pobres, negra e suscetíveis à violência em especial, que a decisão cautelar seja o quanto mais efetiva e eficaz possível e possa, realmente, refletir de modo positivo e regressivo nos índices de violência e mortes violentas no país, eis que, como visto, após a liminar concedida, não somente não houve a diminuição do acesso e circulação de armas de fogo e não houve a diminuição dos índices de violência por armas, mas, ao revés e apesar da cautelar, houve o aumento desses números”, diz a legenda.
O partido apresentou números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de que os registros de armas cresceram 97,1% de 2019 para 2020, ressaltando que a “corrida para as armas” é aumentada porque é incentivada “rotineiramente” por Bolsonaro. O chefe do Executivo é classificado pelo PSOL como o principal incentivador ou propagandista do armamentismo.
“O caminho facilitado às armas continua aberto e são cada vez mais reiterados os incentivos a aquisição de armas de fogo, inclusive os de alta capacidade de destruição e morte, como é o caso do propalados fuzis e armas antes controladas e de uso restrito”, argumenta a legenda.
A legenda diz ainda que, além de fazer propaganda para que a população se arme, o governo federal tem incentivado e facilitado, por atos comissivos, o acesso, registro e porte de armas. O PSOL cita a edição de resolução, em julho, que retirou a alíquota de 150% do imposto sobre importação armas e munições. “Importar armas, a partir de julho, passou a ser mais barato ou incentivado pela retirada de justa medida tributária de seletividade, num entendimento de que a importação de armas é essencial e deve ser tributariamente incentivada”, registra a petição apresentada ao STF pelo partido.
Uma primeira tentativa do governo Bolsonaro de alterar o imposto para beneficiar a venda de armas se deu em dezembro passado, quando foi editada resolução que buscava zerar os impostos de importação de revólveres e pistolas. O texto acabou sendo suspenso por liminar dada pelo ministro Edson Fachin, mas a discussão sobre o caso ainda está pendente no Plenário da Corte.