Psicóloga alerta que o exagero da vida virtual pode afetar o desenvolvimento real
Gabriela Azevedo também observa mudanças na escrita, até mesmo entre os adultos
- Data: 19/04/2022 14:04
- Alterado: 17/08/2023 05:08
- Autor: Redação
- Fonte: Instituto Mauá de Tecnologia
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Crédito:Marcello Casal Jr - Agência Brasil
O desejo humano de buscar a evolução, aliado à tecnologia digital, está proporcionando a possibilidade de realidades alternativas, ou seja, universos paralelos que poderão existir em nossa imaginação, por meio de imagens, sons e toques que apresentam uma nova realidade ao nosso corpo. Portanto, a isso damos o nome de metaversos, que são universos que podem existir em nossa imaginação, reforçados de maneira concreta pelo estímulo dos nossos sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato). Mas até que ponto a imersão no mundo virtual pode atrapalhar o desenvolvimento e as relações interpessoais reais?
Gabriela Azevedo, psicóloga e coordenadora da Academia de Talentos do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), lembra que o mundo virtual é necessário no dia a dia, desde que com limites. “Passamos por uma pandemia que nos deixou isolados por dois anos. Foi o uso da tecnologia que nos permitiu sobreviver com um mínimo de equilíbrio necessário para nossa saúde mental. No entanto, há inúmeros aspectos negativos no uso excessivo de dispositivos tecnológicos”, alerta a especialista.
Uma pesquisa feita pela Common Sense Media mostrou que os adultos passam até nove horas por dia em frente a uma tela, seja do computador, seja do celular, o que causa o isolamento da vida real. “Deixou-se de lado o ato de telefonar a um amigo para bater papo, por exemplo, ou conversar durante o jantar em família, pois o WhatsApp é o meio preferido para conversar. Não se ouve a voz, não se vê a expressão, e os emojis substituem o olho no olho. Quantas vezes já observamos, em apresentações de final de ano ou numa formatura, por exemplo, adultos na plateia entretidos no celular, desconectados do que acontece no ambiente? E aqui falamos de pais, tios e amigos dos formandos”, reforça Gabriela.
Consequências reais ou virtuais?
Os prejuízos não se restringem apenas aos relacionamentos e encontros, na escrita também são enormes as mudanças. As abreviações e o uso errado da gramática são reflexos da comunicação por esses mecanismos ao usar o celular, por exemplo. E não somente os adolescentes, mas também os adultos têm apresentado textos mais pobres em vocabulário e estrutura.
“Por fim, notamos que danos emocionais graves também são causados pelo uso inadequado dos recursos tecnológicos. O ghosting (sumir da vida do outro sem explicação), o exposed (exposição via rede social), o cancelamento, entre outras práticas, impactam de maneira significativa a autoimagem das pessoas. Não podemos negar como a tecnologia passou a fazer parte integral de nossa vida. Porém, é preciso olhar ao redor, interagir pessoalmente e sempre buscar a vida fora dos dispositivos eletrônicos”, conclui Gabriela.