Psicanalista analisa quadro de Whindersson Nunes e importância de cuidar da saúde mental
Com a pressão da fama e os desafios emocionais, o comediante enfrenta a luta contra a depressão e ansiedade, reforçando a importância do cuidado com a saúde mental.
- Data: 24/02/2025 17:02
- Alterado: 24/02/2025 17:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Assessoria
Que a pressão da fama e as exigências de uma carreira artística podem impactar a saúde mental dos artistas, não há dúvida. O excesso de exposição, a vida atribulada por muitas tarefas e compromissos, a negligência com horários e alimentação, entre outros fatores, contribuem para o adoecimento psíquico dessa classe e reforça a necessidade de derrubar tabus e preconceitos, além de desmistificar os cuidados com a saúde mental.
Esse tema ganhou ainda mais evidência nessa semana em que o comediante Whindersson Nunes precisou se internar em uma clínica psiquiátrica para cuidar de uma depressão e ansiedade que o acompanham há alguns anos.
Piauiense de 30 anos, Whindersson chama a atenção pela idade. Tão jovem e com sérios problemas depressivos. Sabemos que a depressão é uma doença que pode atingir pessoas de qualquer idade e segundo os dados, o número de internações de adolescentes por estresse, depressão e ansiedade cresceram 136% nos últimos 10 anos.
Segundo a psicanalista Andrea Ladislau, é uma grave e triste constatação que nos faz voltar o olhar para vários aspectos. O primeiro deles é entender as influências da fama no equilíbrio emocional das pessoas.
“Para a grande maioria dos indivíduos, ter fama é um sonho a ser alcançado. Porém, são muitos os desafios emocionais e psicológicos de quem trilha o caminho em busca do sucesso. Essa, muitas vezes, insana e intensa exposição pública, pode potencializar transtornos e sintomas depressivos e ansiosos, por conta da pressão constante, das críticas e cobranças diárias que exigem uma postura que confronta com a vulnerabilidade emocional de quem já possui algum tipo de desequilíbrio,” diz Andrea.
A exaustão mental, o cansaço físico por sacrificar noites de sono em função de rotinas atribuladas de compromissos e a cobrança por manter a fama, são alguns dos fatores que elevam o esgotamento e reforçam a discussão da necessidade de uma internação psiquiátrica, para aqueles que enfrentam transtornos mentais, pelo fato de que a profissão passou a ser um fardo pesado.
Para Andrea é preciso ter autocuidado, com pausas necessárias para descanso e resgate da energia, além de atividades físicas recorrentes, tratamento psicoterápico contínuo, bem como o trabalho psicológico para aprender a lidar com as críticas, os julgamentos e o excesso de cobranças, são medidas fundamentais para encarar a carreira artística como uma atividade laboral saudável e menos tóxica.
O que chama a atenção no caso do comediante é a coragem por buscar uma internação psiquiátrica para enfrentar os impactos dos transtornos mentais, dos quais ele já vem enfrentando há bastante tempo.
“O tabu e o preconceito que rondam o tema, ainda são fantasmas que assombram as pessoas que sabem que precisam de um apoio especializado, porém por medo de se expor ou assumir suas fragilidades, rotulando negativamente a carreira, negam e fogem dos serviços psiquiátricos disponíveis em todo o país. Portanto, fato é que, a saúde mental, seja de um artista ou não, deve ser sempre uma prioridade do cuidado,” diz a especialista.
Para Andrea, o glamour da fama é positivo desde que o sucesso e o reconhecimento não sejam as únicas prevalências do artista.
Muitos são os desafios da profissão e a internação psiquiátrica de Whindersson fortalece a necessidade de conscientização de que, um suporte emocional adequado, uma rede de apoio presente, a terapia contínua e a busca pelo equilíbrio emocional, podem ajudar a desmistificar o tema.
“Bem como provocar mais discussões na sociedade, fornecendo evidências concretas de que, independentemente do status social ou profissional, saúde mental é imprescindível para construir a conexão perfeita e saudável entre corpo e mente,” diz.