Promotor francês diz que copiloto queria “destruir” o avião
O copiloto da Germanwing, Andreas Lubitz, de 28 anos, jogou a aeronave contra uma montanha nos Alpes francesas "intencionalmente", e pode ter escondido doença de companhia aérea
- Data: 27/03/2015 11:03
- Alterado: 27/03/2015 11:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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Brice Robin, promotor de Marselha diz que o comandante saiu da cabine, supostamente para ir ao banheiro, e não conseguiu voltar ao local. Nesse meio tempo, disse ele, o copiloto iniciou a descida do avião manualmente e “intencionalmente”, o que levou a aeronave a atingir a montanha.
O copiloto tinha “a intenção de destruir este avião”, afirmou Robin. A informação foi retirada da caixa preta com as gravações de voz da cabine, mas Robin disse que o copiloto não disse uma palavra depois de o capitão ter deixado o cockpit. “Houve um silêncio absoluto na cabine”, afirmou o promotor.
Nos últimos minutos da descida do avião, barulho de batidas contra a porta podem ser ouvidos na gravação, enquanto o alarme soava, disse ele. Na cidade alemã de Montabaur, conhecidos de Lubitz disseram que ele estava perto de completar 30 anos e que não demonstrou sinais de depressão quando ele foi visto no ano passado, época em que renovou sua licença de piloto de planador. “Ele estava feliz com o emprego na Germanwings e estava indo bem”, disse Peter Ruecker, membro do clube de planadores, que viu Lubitz aprender a voar. Lubitz obteve sua licença de piloto de planador quando era adolescente e foi aceito no programa de treinamento de pilotos da Lufthansa após concluir os estudos numa difícil escola preparatória, disse Ruecker.
Ele descreveu Lubitz como um jovem “quieto” mas amigável. O Airbus A320, que fazia a rota Barcelona-Dusseldorf, começou a descer de sua altitude de cruzeiro depois de perder contato de rádio com o controle em terra e se chocou contra uma montanha na manhã de terça-feira, matando todas as 150 pessoas que estavam a bordo.
A Lufthansa não identificou os pilotos, mas disse que o copiloto passou integrar o quadro da Germanwings em setembro de 2013, logo depois de concluir seu treinamento. Ele tinha 630 horas de voo.
O capitão tinha mais de 6 mil horas de voo e era piloto da companhia desde maio de 2014. Ele já havia trabalhado na Lufthansa e na Condor, segundo informações da própria Lufthansa.
Promotores alemães dizem ter encontrado evidências de que Andreas Lubitz, parece ter escondido provas de uma doença de seus empregadores.
Promotores da cidade de Dusseldorf dizem que encontraram documentos médicos na casa de Lubitz que indicam “uma doença existente e de tratamento médico adequado”.
O promotor Ralf Herrenbrueck disse em comunicado nesta sexta-feira que um atestado médico rasgado, que liberava Lubitz de trabalhar no dia do acidente, “apoia a avaliação preliminar de que ele escondeu sua doença de seu empregador e seus colegas”.
Ele disse que durante as buscas na casa do copiloto não foi encontrado um bilhete suicida ou qualquer motivação política ou religiosa para suas ações.
O principal sindicato de pilotos da França abriu um processo contra o vazamento de informações das investigações sobre o acidente com o avião da Germanwings. Guillaume Schmid, representante do sindicato SNPL, disse nesta sexta-feira que os pilotos estão irritados com as informações sobre os dramáticos momentos finais do voo que foram divulgadas pela mídia antes mesmo de os promotores terem sido informados.
Após a divulgação por meios de comunicação, um promotor anunciou que as gravações da cabine indicavam que o copiloto do A320 intencionalmente jogou a aeronave contra uma montanha. Todas as 150 pessoas que estavam a bordo morreram.
O processo pede o respeito à lei francesa segundo a qual informações sobre investigações devem ser mantidas em segredo enquanto o inquérito estiver em vigor. O processo não indica um culpado, método comumente usado pela lei francesa, que deixa para os investigadores determinar de quem é a culpa. Schmid disse que os pilotos estão tristes com o acidente e compreendem o desejo do público por informações imediatas, mas criticou a pressão sobre os investigadores e disse que isso pode levar a população a receber informações incorretas.