Programação cênica do Festival Arte como Respiro do Itaú Cultural
Penúltima edição do Festival Arte como Respiro – Cênicas traz circo tradicional e a trabalhos voltados ao corpo, questões raciais e música
- Data: 11/09/2020 10:09
- Alterado: 11/09/2020 10:09
- Autor: Redação
- Fonte: Itaú Cultural
Equilíbrio na Natureza
Crédito:Divulgação/Mayara Pernetti
De 2 a 6 de dezembro (quarta-feira a domingo), o Itaú Cultural realiza a penúltima semana da série de apresentações do Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas, disponibilizando em seu site www.itaucultural.org.br uma programação que reúne 33 projetos contemplados no Arte como respiro: múltiplos editais de emergência. Com um olhar voltado às diferentes linguagens das artes cênicas, o edital selecionou para este recorte projetos de circo de lona, que neste recorte ganha um bloco especial, reunindo 12 apresentações e uma mesa reflexiva a respeito dessa arte secular, que passa por sérias dificuldades durante o isolamento social. No restante da programação, o público confere, ainda, sempre às 20h, 21 projetos de oito estados (Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo), que ficam disponíveis por 24 horas para serem assistidos virtualmente (segue anexado todo o serviço da programação).
A programação desta semana no festival começa no dia 2 de dezembro (quarta-feira), às 20h, com o primeiro episódio de QUAREN.TINA: o isolamento perfeito de Tina. Esta série de vídeos de humor das atrizes Isabela Mariotto e Júlia Burnier, de São Paulo, tem a dublagem como linguagem. Retratando o cotidiano da personagem Tina durante esse período de suspensão social, este episódio, O Sol da Manhã, anuncia que ela começará os seus dias de isolamento tomando sol.
A dança e as artes do corpo conduzem o restante da programação neste dia. De Minas Gerais vem Número de Contorção com Gabriel Wallace, artista circense, contorcionista e paradista, que neste trabalho busca trazer equilíbrio e respiração, mas também a inquietude artística para o atual momento que o mundo vive. Também circense, Louisse Aldrigues apresenta Sensitiva, número de parada de mão que envolve fluidez e desperta a sensibilidade visual, por meio da sincronia da coreografia e da técnica com a música.
O breaking, por sua vez, é o mote de Células Dançantes e Outras Coisas, apresentação do grupo Camarão Crew, do Rio Grande do Norte, que aproveita os movimentos e gestos desta dança para atualizá-los em corpos com repertórios diferenciados. A noite fecha com o espetáculo Sr. Will, da Giro8 Cia de Dança, de Goiás. O grupo leva à cena bailarinos e uma máquina manipulada e manipuladora para discutir como as relações humanas se constroem e se modificam.
Racial
Ícones e vozes da representatividade afro-brasileira compõem a programação do dia 3 (quinta-feira). A abertura fica por conta de Voz da Periferia, projeto do Rio de Janeiro da dançarina de danças urbanas Jaqueline Monteiro. Com uma vasta atuação ao lado de artistas como Iza e Anitta, ela expressa, em um pouco mais de um minuto, na dança, a sua revolta política e as suas sensações diante da notícia do início do isolamento.
Danço Para não Morrer de Tédio é o nome do episódio do projeto Plano de Abandono, apresentado pelos intérpretes Mainá Santana e René Loui, do Rio Grande do Norte. Nele, dois corpos negros costuram, com humor, fragmentos de dança que se reorganizam por meio do encontro à distância.
Em diálogo com a literatura e a dança, a noite traz, ainda, dois espetáculos que reverenciam a trajetória de mulheres negras referência em suas artes. Salve ela! Carolina Maria de Jesus em cena – Expandindo a cena, da carioca Companhia Alternativa de Teatro, leva para o digital duas cenas feitas a partir do espetáculo homônimo apresentado nos palcos. Escritora negra e favelada, que escreveu um livro e que trouxe à tona a realidade difícil da favela, tem sua voz ecoando e reverberando até os dias atuais.
Mercedes, da também carioca Cia Emú de Teatro, celebra a vida e a obra da bailarina e coreógrafa Mercedes Baptista, um dos maiores ícones da cultura brasileira. Por meio das artes integradas, a peça aborda a vida da primeira bailarina negra a compor o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sendo a principal precursora da dança afro-brasileira pelo mundo.
Reflexivos
Para a sexta-feira, dia 4, o Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas reserva uma programação com temática mais densa e reflexiva.
A partir das 20h, entra no ar Barbárie, episódio da série de vídeo Vozes da Queda, do baiano Teatro da Queda, gravado especialmente para o edital Arte como Respiro. Décima parceria dos artistas Daniel Arcades e Thiago Romero que estrearia em novembro de 2020, este espetáculo-sarau-performático-musical faz homenagem ao tempo e à ancestralidade diaspórica, unindo palavra e imagem na figura de Barbárie, drag queen de Thiago Romero. Os demais episódios da série serão exibidos nas redes sociais da companhia.
Do Rio de Janeiro, O Abutre, de Vini Soares, coloca em cena três pessoas que, diante de um prenúncio de caos, refletem sobre os ocorridos dos últimos tempos. Assim, o elenco composto por Dennis Pinheiro, Jessica Freitas e Karen Julia trata de sua relação com o trabalho e suas existências dentro de uma sociedade acometida por uma pandemia.
O último espetáculo da noite é Palavra de Stela. Registro do monólogo dirigido por Elias Andreato e interpretado pela atriz Cleide Queiroz, leva à cena a figura de Stela do Patrocínio, diagnosticada como psicopata e esquizofrênica, com um histórico de mais de 30 anos em instituições psiquiátricas, mas que desenvolveu um discurso considerado de alto teor poético.
Picadeiro
A programação do Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas do sábado, dia 5, começa às 17h, com um bloco especial dedicado ao circo de lona.
A abertura fica por conta do debate online Sob a lona em movimento: formação, vínculos e histórias a partir da vivência com o circo, realizado pelo Itaú Cultural, ouvindo três mulheres que atuam em diferentes espaços, contando suas vivências, refletindo e tecendo, juntas, futuros possíveis para essa linguagem artística. A conversa, mediada pela gerente do Núcleo de Arte Cênicas da instituição, Galiana Brasil, reúne a historiadora e pesquisadora paulista do circo Erminia Silva, a acordeonista, circense, cantautora e socióloga baiana Livia Mattos e Fátima Pontes, atriz, produtora e coordenadora da área executiva e artística da ONG Escola Pernambucana de Circo.
Nesse mesmo horário, o site da instituição coloca no ar 12 apresentações curtas de artistas nascidos em famílias circenses que, em meio à pandemia, vêm tentando sobreviver e manter viva a arte do circo de lona. Nino Baeta, do Circo Spadoni, apresenta Globo da Morte, assim como Emanuel Rios e Tiago Rios, do Império Cirkus. Chang Baeta, considerado um dos melhores equilibristas do Brasil, apresenta número de equilibrismo, e Rafaela Jardim mostra Equilíbrio na Natureza, destacando a necessidade premente na atualidade de manter o equilíbrio.
Os bambolês conduzem as apresentações de Lorena Beatriz Luiz Pena e da pequena Isis Robatini – esta, do Circo DI ITÁLIA – e os malabares dão o tom dos números do Circo Peppa e de Tiago Rio. A arte da palhaçaria foi a linguagem escolhida pelo Circo Di Mônaco em Reprise, e o Número de Tecido foi a opção do Pymentynha Circus Show. Por sua vez, o Circo Pindorama mostra performance feita ao ar livre, no local onde estaria o circo armado, enquanto Elisabete Mondini, acróbata aérea há 26 anos, mostra as dificuldades para manter sua arte em meio aos improvisos do dia a dia dentro de casa em Artista em Casa na Quarentena.
Os espetáculos que entram no ar nesse dia a partir das 20h, por sua vez, são conduzidos pela música. Deu Samba, dos paulistas da Caravana Tapioca, mostra o que acontece quando um casal de artistas está em casa, com saudades de tocar e se apresentar. Os cariocas da Cia. Nós da Dança apresentam um fragmento do espetáculo Bossa Nossa, recriado virtualmente, unidos pela necessidade de continuar dançando, mesmo que isolados e separados.
Em Unus – Nada Além que o Ser, a dupla circense Luana Albeniz e Jovanni Almeida faz uma apresentação de força, união, confiança e equilíbrio ao som do músico russo Ilja Boldakow. A Ópera Estúdio Unicamp leva à tela Gianni Schicchi, ópera cômica do compositor italiano Giacomo Puccini que mostra as diferentes nuances das relações entre os membros de uma família tradicional italiana após a morte do tio rico.
Mescla
A penúltima semana do Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas encerra no dia 6 (domingo), reunindo dança, arte circense e espetáculo poético-fantástico.
Em uma semana marcada pelo circo, a programação abre com Paranajanela, do grupo Sururu Técnicas Circenses, de Alagoas. Nele, duas pessoas confinadas, entre altos e baixos, equilíbrios e desequilíbrios, vêem o peso das emoções na convivência serem intensificada pelo isolamento social. Já no projeto Escada para o Céu da Boca, de São Paulo, as artistas Marina Viski e Veronica Piccini colocam seus corpos expostos aos estímulos contínuos de aparelhos aéreos, como o trapézio, e das transformações diárias de um contexto social e político atípico.
Casamata, série de vídeodanças produzida pelos artistas Deisi Margarida e Rodrigo Gondim, transforma a casa em espaço restrito para a experiência humana e vira uma espécie de coreógrafo do corpo em seu medo da morte e do ímpeto de fuga do claustro. A noite fecha com Manaós – Uma Saga de Luz e Sombra, espetáculo dos paranaenses da Ave Lola, que leva à cena um universo fantástico. Na Manaus de 1911, três mulheres de povos distintos encontram-se e são desafiadas a enfrentar os medos e as ameaças de uma dura realidade. A obra teve como disparadores o conto Pequena-abelha, a irmã de Árvore-alta, da escritora acreana Jamilssa Melo, e a obra do renomado cineasta Hayao Miyazaki.
SERVIÇO:
Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas
De 2 a 6 de dezembro (quarta-feira a domingo)
No site do Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br