Profissionais do Estadão são agredidos com chutes, murros e empurrões por apoiadores

Equipe do Jornal “O Estado de São Paulo” cobria manifestação a favor do presidente Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios quando foi atacada. Ministros do STF repudiam agressões

  • Data: 03/05/2020 13:05
  • Alterado: 03/05/2020 13:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Profissionais do Estadão são agredidos com chutes, murros e empurrões por apoiadores

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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro agrediram com chutes, murros e empurrões a equipe de profissionais do Estadão que acompanha uma manifestação pró-governo realizada neste domingo, 3, em Brasília. O fotógrafo Dida Sampaio registrava imagens do presidente em frente a rampa do Palácio do Planalto, na Esplanada dos Ministérios, numa área restrita para a imprensa quando foi agredido.

Sampaio usava uma pequena escada para fazer o registro das imagens quando foi empurrado duas vezes por manifestantes, que desferiram chutes e murros nele. O motorista do jornal, Marcos Pereira, que apoiava a equipe de reportagem também foi agredido fisicamente com uma rasteira. Os manifestantes gritavam palavra de ordem como “fora Estadão”.

Os dois profissionais precisaram deixar o local rapidamente para uma área segura e procuraram o apoio da polícia militar. Eles deixaram o local escoltados pela PM. Os profissionais passam bem. Os repórteres Júlia Lindner e André Borges, que também acompanham a manifestação para o Estadão, foram insultados, mas sem agressões. 

Milhares de pessoas se reúnem na Esplanada dos Ministérios convocadas num ato estimulado pelo presidente. A ação ocorre após o ex-ministro Sérgio Moro prestar depoimento no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar denúncia feita por ele de que o presidente Bolsonaro utilizou o cargo para tentar ter acesso a investigações sigilosas da Polícia Federal.

Bolsonaro desrespeitou todas as normas de saúde pública ao participar da manifestação. Sem máscara, desceu a rampa do Planalto e deu uma volta em todo alambrado. O desrespeito as medidas de segurança por causa do novo coronavírus é generalizado entre os apoiadores do presidente. Assim como o presidente, grande parte da população não usa máscara.

Ministros do STF repudiam agressões sofridas por jornalistas

Mais um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) repudiou neste domingo (03) as agressões sofridas por jornalistas durante manifestação pró-Bolsonaro em Brasília. O ministro Alexandre de Moraes afirmou que o episódio deve ser repudiado “pela covardia do ato e pelo ferimento à Democracia e ao Estado de Direito”.

“As agressões contra jornalistas devem ser repudiadas pela covardia do ato e pelo ferimento à Democracia e ao Estado de Direito, não podendo ser toleradas pelas Instituições e pela Sociedade”, disse Moraes em postagem no Twitter. Foi Moraes quem suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal pelo presidente Jair Bolsonaro. A decisão se seu após o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro sair do governo e acusar Bolsonaro de interferir politicamente na corporação.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro agrediram com chutes, murros e empurrões a equipe de profissionais do Estadão/Broadcast que acompanhava a manifestação pró-governo realizada em Brasília, e que tinha entre os alvos de crítica o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e ministros do STF.

Mais cedo, a ministra Cármen Lúcia afirmou que “quem transgride e ofende a liberdade de imprensa, ofende a Constituição, a democracia e a cidadania brasileira”. Segundo Cármen Lúcia, isso “significa atuar de maneira inconstitucional”.

Já o ministro Gilmar Mendes disse que “a agressão a jornalistas é uma agressão à liberdade de expressão e uma agressão à própria democracia”. “Isso tem que ficar claro”, completou Mendes. Ele e Cármen participam de transmissão ao vivo pela internet promovida pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Logo após os ataques, o ministro Luís Roberto Barroso foi ao Twitter defender o jornalismo profissional como forma de combater o “ódio, a mentira e a intolerância”. “Dia da liberdade de imprensa. Mais que nunca precisamos de jornalismo profissional de qualidade, com informações devidamente checadas, em busca da verdade possível, ainda que plural. Assim se combate o ódio, a mentira e a intolerância”, postou Barroso no início da tarde em uma rede social.

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  • Data: 03/05/2020 01:05
  • Alterado:03/05/2020 13:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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