Prefeitura interdita Ponte do Jaguaré e contrata vistoria após incêndio
A prefeitura contratou a vistoria em caráter emergencial para segunda-feira.Técnicos avaliam se a ponte pode ser liberada ainda hoje para pedestres e ciclistas
- Data: 22/06/2019 09:06
- Alterado: 22/06/2019 09:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução/Corpo de Bombeiros
A Ponte do Jaguaré, na Marginal do Pinheiros, zona oeste paulistana, vai ficar interditada ao menos até segunda-feira após um incêndio atingir ontem a parte inferior da estrutura. Segundo a Defesa Civil, barracos de madeira de 215 pessoas foram danificados e não houve vítimas. Desde 2018, uma série de problemas estruturais em pontes e viadutos tem causado transtornos aos cidadãos e pressionado a Prefeitura por obras de reparo.
O local do incêndio, no sentido Interlagos, fica perto da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). A pista local foi bloqueada e seria liberada à noite após limpeza. A pista expressa operou normalmente ao longo do dia.
As autoridades apuram a origem do fogo. O socorro foi acionado às 6 horas. “Quando chegamos, havia gente tentando tirar pertences, mas ninguém estava no ponto principal (do incêndio)”, disse o capitão dos Bombeiros Marcos Nogueira.
Com a filha de 3 meses no colo, o borracheiro Maurício Cavalcante, de 41 anos, foi avisado pelo primo sobre o fogo. A mulher dele, Diana Cristina, de 30 anos, também saiu correndo. “Peguei a bolsa da minha filha, mas perdemos tudo. Só sinto por não ter pegado as fraldas dela. Tinha uns dez pacotes.”
Às 8 horas, as chamas foram controladas e era possível ver madeiras e veículos antigos na área do incêndio. Denúncias apontam que o local é de descarte irregular de lixo.
À tarde, moradores se recusavam a sair da área. “Há dois anos aconteceu um incêndio igual a esse. Vieram aqui, prometeram aluguel social, mas nada foi resolvido. Só sairemos quando o prefeito vier falar com a gente. Do contrário, fechamos a marginal”, disse o morador Alexandre Pacheco, 46 anos. A ocupação sob a ponte existe há mais de dez anos.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) chegou a agendar vistoria no local no fim da tarde, mas desmarcou, alegando questão de segurança. Conforme a Prefeitura, os 103 abrigos municipais estão disponíveis para os desabrigados, mas eles preferiram as casas de amigos ou parentes. Foram entregues colchões, cobertores, kits de higiene e cestas básicas. Todos, disse Covas, serão incluídos no auxílio-aluguel (R$ 400).
BLOQUEIO
A Prefeitura contratou a vistoria em caráter emergencial para segunda-feira, que definirá se a ponte poderá ser reaberta. Técnicos avaliam se a área pode ser liberada hoje para pedestres e ciclistas.
O local constava na lista, de 2007, de 73 viadutos e pontes que precisavam de laudo estrutural. A relação de obras com problemas fazia parte do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Município e Ministério Público Estadual (MPE) para reparos de pontes. Segundo Covas, vistoria feita em fevereiro não indicou a necessidade emergencial de obras ou indícios de risco de incêndio.
Desde que um viaduto cedeu perto do Parque Villa-Lobos, em novembro (mais informações nesta pág.), a Prefeitura tem corrido para contratar vistorias e fazer reparos. Relatório de 2017 do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva apontou que dezenas de viadutos e pontes têm problemas, como fissuras e infiltrações. Em março, o MPE propôs ação na Justiça para limitar o acesso às áreas com risco.
TRANSTORNOS
Por enquanto, a alternativa mais próxima para cruzar o rio é pela Ponte Cidade Universitária. O trânsito ficou lento nas imediações pela manhã – da Ponte do Jaguaré ao Cebolão, o congestionamento chegou a 9,5 km, embora o fluxo de veículos fosse menor, por causa do feriadão. Doze linhas de ônibus foram alteradas.