Planeta Vermelho: Robô Perseverance, da Nasa, pousa em Marte

Veículo exploratório foi criado com objetivo de compreender a geologia do planeta vermelho; proposta será de recolher e armazenar amostras de rochas e do solo local

  • Data: 18/02/2021 09:02
  • Alterado: 22/08/2023 22:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Planeta Vermelho: Robô Perseverance, da Nasa, pousa em Marte

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Na reta final para o pouso da sonda americana que colocará o veículo exploratório Rover Perseverance no solo do Planeta Vermelho, Marte, nesta quinta-feira, 18, já está em contagem regressiva. A missão, conduzida pela agência espacial americana (Nasa), poderá ser acompanhada pelo site da agência. A expectativa é de que o Perseverance atinja a atmosfera de Marte por volta das 17h48 no horário de Brasília e aterrisse às 17h55.

O Mars 2020 Perseverance Rover foi criado com o objetivo de compreender melhor a geologia de Marte e procurar sinais de vida no planeta. Para isso, recolherá e armazenará, com a ajuda de uma broca, amostras de rocha e solo que poderão ser devolvidas à Terra no futuro. Além disso, testará novas tecnologias que poderão beneficiar futuras explorações robóticas e humanas no Planeta Vermelho.

Em função da janela espacial que deixa Terra e Marte próximas durante alguns períodos, outras missões estão também em andamento, tendo como alvo o planeta. É o caso da sonda Hope (Esperança), dos Emirados Árabes Unidos, e da chinesa Tianwen-1 (Astronomia 1). As três sondas, duas das quais levam rovers (veículos exploratórios), têm missões muito diferentes, mas com um objetivo comum: conhecer melhor o planeta.

Cada sonda teve de percorrer uma longa etapa, cerca de 400 milhões de quilômetros entre os dois planetas, sem que as equipes saibam o desfecho de suas criações. Uma das fases mais críticas da missão é a de travar as sondas para que não cheguem demasiado depressa ao planeta, o que pode acarretar na destruição automática do equipamento em Marte.

O lançamento da missão Mars 2020 Perseverance foi em julho de 2020, a partir da Estação da Força Aérea do Cabo Canaveral, na Flórida. O pouso está previsto para ser em “um antigo delta de um rio em um lago que outrora encheu a cratera de Jezero”. A expectativa é de que o veículo permaneça por pelo menos um ano em solo marciano, o que equivale a dois anos na Terra.

“Esperamos que os melhores lugares para procurar bioassinaturas sejam no leito de Jezero ou em sedimentos costeiros que podem estar incrustados com minerais, que são especialmente bons na preservação de certos tipos de vida fossilizada na Terra”, disse Ken Williford, cientista-assistente do projeto. “Mas à medida que buscamos evidências de micróbios antigos em um antigo mundo alienígena, é importante manter a mente aberta”, afirmou.

Temos fortes evidências de que a cratera Jezero já teve os ingredientes para a vida. Mesmo se concluirmos após a análise de amostras devolvidas que o lago era desabitado, teremos aprendido algo importante sobre o alcance da vida no cosmos ”, disse Williford. “Quer Marte tenha sido ou não um planeta vivo, é essencial compreender como os planetas rochosos como o nosso se formam e evoluem. Por que nosso próprio planeta permaneceu hospitaleiro enquanto Marte se tornou um deserto desolado?

A Nasa declarou nesta quinta-feira, 17, que a Perseverance pode não fornecer a palavra final sobre se o Planeta Vermelho algum dia conteve vida, “mas os dados de coleta e as descobertas que (o rover) fizer terão um papel fundamental quando quer que esse resultado for alcançado”.

A agência lembrou que a humanidade está focada em Marte desde que Galileu pôde observá-lo por um telescópio em 1609. “(O planeta) já teve vida algum dia? A resposta pode estar esperando em algum lugar da cratera de Jezero. A Perseverance começará o processo de descoberta amanhã (quinta-feira)”, declarou.

Câmera

O Rover Perseverance pesa cerca de uma tonelada e tem cerca de 3 metros de comprimento, 2,7 metros de largura, e 2,2 metros de altura. Há, nele, sete instrumentos inovadores que, se tudo der certo, poderão ampliar como nunca os conhecimentos sobre Marte. Um desses equipamentos é a Mastcam-Z, um sistema avançado de câmera com capacidade de imagem panorâmica com alta capacidade de zoom. Essa câmera poderá ajudar a determinar a mineralogia da superfície marciana e ajudar nas operações do veículo rover.

Outro equipamento enviado, a SuperCam, é um instrumento que pode fornecer imagens, análise de composição química, e mineralogia à distância. Há, ainda um espectrômetro de fluorescência de raios X e gerador de imagens de alta resolução para mapear a composição elementar em escala fina dos materiais de superfície de Marte. Esse equipamento permite detectar e analisar, de forma mais detalhada, os elementos químicos que compõem o planeta.

A Nasa enviou também um outro espectrômetro que, fazendo uso de um laser ultravioleta, produzirá imagens que possibilitarão o mapeamento da mineralogia e de compostos orgânicos. “Este será o primeiro espectrômetro Raman UV a voar para a superfície de Marte e fornecerá medições complementares com outros instrumentos na carga útil”, informou a Nasa. Ele inclui uma câmera a cores de alta resolução para a obtenção de imagens microscópicas da superfície de Marte.

Um experimento interessante a ser feito em Marte (a Mars Oxygen In-Situ Resource Utilization Experiment), tentará produzir oxigênio a partir do dióxido de carbono atmosférico marciano. “Se bem sucedida, a tecnologia Moxie poderá ser utilizada pelos futuros astronautas em Marte para queimar combustível de foguete para regressar à Terra”, detalhou a agência espacial.

Por fim, a missão tem um conjunto de sensores (o Mars Environmental Dynamics Analyzer) que fornecerão medições de temperatura, velocidade e direção do vento, pressão, umidade relativa, e tamanho e forma da poeira; e um radar de penetração no solo que proporcionará uma resolução à escala centimétrica da estrutura geológica do subsolo.

Para citar Carl Sagan. Se virmos um ouriço olhando para a câmera, saberemos que há vida atual e certamente antiga em Marte, mas com base em nossas experiências anteriores, tal evento é extremamente improvável. Alegações extraordinárias requerem evidências extraordinárias, e a descoberta de que existia vida em outras partes do universo seria certamente extraordinária“, disse Gentry Lee, engenheiro-chefe de um laboratório da NASA.

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