Plácido Domingo alega ‘diferenças culturais’ nas acusações de assédio sexual

Angela Turner Wilson e Patricia Wulf, duas entre as 20 cantoras de ópera que acusaram Plácido Domingo de má conduta sexual

  • Data: 04/12/2019 16:12
  • Alterado: 04/12/2019 16:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Plácido Domingo alega ‘diferenças culturais’ nas acusações de assédio sexual

Crédito:Divulgação

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As cantoras disseram na última na terça-feira, 3, que foi “decepcionante e perturbador” o fato de o tenor afirmar recentemente que ele “sempre se comportou como um cavalheiro” e “que nunca agiu de maneira inadequada com as mulheres”.

A nova declaração veio em resposta a comentários feitos por Domingo em duas entrevistas para publicações europeias, nas quais ele contestou as acusações sofridas e disse que nunca abusou do poder que tem como lenda da ópera, para abusar de mulheres.

Na ocasião, o tenor comentou que sempre se comportou como um cavalheiro, mas que “gestos galantes são vistos de maneira diferente hoje em dia”.

“Não há nada de ‘cavalheiresco’ ou ‘galante’ em agarrar uma mulher no local de trabalho, em qualquer país ou época”, disse Patricia no comunicado emitido por sua advogada, Debra Katz. A cantora vencedora do Grammy é uma das figuras femininas mais célebres do mundo da ópera, sendo considerada como uma das maiores cantoras do gênero de todos os tempos.

A estrela de longa data, nascida na Espanha, também é maestrina e administradora, já tendo atuado como diretora geral da Ópera de Los Angeles e da Ópera de Washington. Além de Patricia, várias cantoras, dançarinas e funcionárias dos bastidores de diferentes companhias de ópera acusaram Domingo de assédio sexual e outros comportamentos inapropriados, que incluíam beijos indesejados, toques e ligações em plena madrugada.

Muitas mulheres disseram que Domingo tentou pressioná-las a ter relações sexuais e que às vezes, até as puniam profissionalmente em caso de rejeição.

As acusadoras e dezenas de outras entrevistadas disseram que o comportamento do tenor, era um segredo conhecido apenas nos bastidores da ópera. Até este momento, o homem de 78 anos não havia falado publicamente sobre as alegações e limitava-se a dar declarações apenas por meio de seu advogado e de seu publicitário.

A situação mudou recentemente, quando ele disse que as acusações eram “simplesmente incorretas, de inúmeras formas”. Sem negar nada, Domingo deu uma entrevista ao jornal espanhol El Confidencial, no qual apenas insistiu no fato de que nunca se comportou de maneira inadequada.

O tenor também acrescentou que os espanhóis são, por natureza, ‘calorosos, afetuosos e amorosos’. “Eu tenho sido galante, mas sempre dentro dos limites da gentileza, respeito e sensibilidade”, disse. Em sequência, Domingo também falou com o jornal italiano Corriere della Sera, em que novamente negou qualquer tipo de abuso de poder.

“O fracasso contínuo de Domingo em não assumir a responsabilidade por ter cometido erros ou ainda de não expressar qualquer remorso, é extremamente decepcionante e profundamente perturbador”, disseram Angela e Patricia no comunicado.

“Ele não se comportou como um cavalheiro quando repetidamente propôs a diferentes mulheres para fazerem sexo no local de trabalho ou quando as apalpou. Ele também não se comportou com respeito quando se ofereceu para ajudar nas carreiras de aspirantes a cantoras de ópera, desde que elas viessem ao seu apartamento para ter relações sexuais”.

Mais acusações contra Domingo vieram da soprano Turner, que disse à AP que ele seguramente agarrou seu seio em uma sala de maquiagem na Ópera de Washington, em 1999, depois que ela rejeitou seus avanços por semanas. A história é similar com a de Patricia, que disse que Domingo insistentemente a fez propostas e a perseguiu na Ópera de Washington em 1998, enquanto ocupava o cargo de diretor geral.

Outra cantora também mencionou que quando trabalhou com Domingo na Ópera de Los Angeles, em meados dos anos 2000, ele colocou a mão dentro de sua saia, após pedir que ela cantasse para ele em seu apartamento.

Como consequência, inúmeras casas de ópera nos Estados Unidos cancelaram apresentações de Domingo. Após as acusações, ele se demitiu da Ópera de Los Angeles, onde era diretor geral desde 2003. As denúncias contra ele estão sendo cuidadosamente investigadas.

Já alguns teatros europeus têm apoiado Domingo, enquanto defendem a sua reputação. “É profundamente perturbador e injusto que o Sr. Domingo possa se retirar para outro mundo, sem ter que aceitar o que ele fez com tantas mulheres aqui”, disse Patricia sobre as acusações das norte-americanas.

As vítimas também disseram que “os comentários de Domingo mostram uma tentativa de absolver sua má conduta, culpando diferenças culturais e alterando regras e padrões”

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  • Data: 04/12/2019 04:12
  • Alterado:04/12/2019 16:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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