PF intensifica combate ao garimpo ilegal na Terra Yanomami
Com 350 inquéritos e 720 indiciados desde fevereiro de 2023, ação visa proteger a população indígena
- Data: 05/02/2025 07:02
- Alterado: 05/02/2025 07:02
- Autor: Redação
- Fonte: Polícia Federal
Crédito:Fernando Frazão/Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) tem atuado de forma intensa no combate ao garimpo ilegal na Terra Yanomami, resultando na abertura de 350 inquéritos e no indiciamento de 720 indivíduos desde fevereiro de 2023. A ação foi iniciada em resposta à emergência em saúde pública declarada pelo governo federal, que visa proteger a população indígena da desassistência em meio ao avanço do garimpo na região.
A operação, denominada “Libertação”, foi deflagrada 21 dias após a declaração de emergência, visando combater as condições adversas enfrentadas pelos indígenas. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) foi consultado sobre o número de prisões ainda em vigor, mas orientou a reportagem a entrar em contato com a Seção Judiciária de Roraima, onde não houve retorno até o fechamento deste artigo.
Desde o início da operação, a PF tem se concentrado em duas frentes principais: a eliminação da infraestrutura que sustenta o garimpo ilegal e a coleta de evidências para embasar as investigações. Segundo o Delegado Regional de Polícia Judiciária, Caio Luchini, a maioria dos casos envolve usurpação de bens da União e crimes relacionados.
O governo federal tomou medidas drásticas após constatar que o garimpo havia causado uma crise humanitária na Terra Yanomami, levando ao resgate de crianças e idosos desnutridos e afetados por malária. Antes das intervenções, estima-se que cerca de 570 crianças tenham perdido a vida devido às consequências diretas dessa atividade criminosa, que inclui desmatamento e contaminação dos recursos hídricos.
A operação abrange uma série de ações complementares contra o garimpo que ocorreram nos últimos dois anos. O Ministério Público Federal (MPF) está acompanhando o desdobramento das investigações e tomando as medidas legais adequadas conforme os casos avançam.
Com o endurecimento das ações policiais, os garimpeiros ilegais têm alterado suas táticas, passando a operar com maior cautela. Luchini revelou que foram identificados depósitos de minerais em áreas urbanas movimentadas, demonstrando a necessidade de camuflagem devido à intensificação das operações policiais.
Uma das prisões notáveis durante as operações foi a de Irismar Cruz Machado, conhecida como “Íris garimpeira”, e seu filho, acusados de liderar uma organização criminosa dedicada ao garimpo ilegal na região. A PF destacou que essa organização pode ter gerado danos socioambientais avaliados em R$ 295 milhões e extraído ilegalmente aproximadamente 229 kg de ouro.
A Operação Libertação permanece ativa até que a legalidade seja restabelecida na Terra Yanomami. Essa ação conta com a colaboração do Ibama, Funai, Força Nacional e Ministério da Defesa.
A Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil, com 9,6 milhões de hectares e uma população de cerca de 31 mil indígenas. A atividade do garimpo já provocou uma devastação sem precedentes na área, com 54% do território degradado até 2022.
As ações para erradicar o garimpo ilegal foram intensificadas desde 2023 sob coordenação da Casa de Governo, resultando em um número significativo de operações e um prejuízo estimado para os criminosos superior a R$ 267 milhões. Os esforços incluem não apenas a destruição das instalações ilegais, mas também estratégias para restabelecer as práticas tradicionais dos povos Yanomami.