Pazuello diz que doses prontas da AstraZeneca devem ser liberadas em breve

Pazuello diz que não há data para decolagem das vacinas vindas da Índia, que será dada nos próximos dias "nos próximos dias é muito próximo"

  • Data: 21/01/2021 14:01
  • Alterado: 21/01/2021 14:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Pazuello diz que doses prontas da AstraZeneca devem ser liberadas em breve

Pazuello diz que espera 'avalanche'de propostas de vacinas

Crédito:Julio Cavalheiro/Secom SC

Você está em:

Sem dar datas de quando as vacinas já adquiridas chegarão ao País, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira, 21, aguardar uma “avalanche” de propostas para a compra de imunizantes nos próximos dias. O Brasil corre o risco de ter de interromper a vacinação nos próximos dias por ainda não ter recebido as doses prontas da vacina de Oxford/AstraZeneca, da Índia, e de insumos da China para a produção da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan.

“Em janeiro, agora, e começo de fevereiro, vai ser uma avalanche de laboratórios apresentando suas propostas. A gente tem de estar com muita atenção e cuidado, para colocar todas elas o mais rápido possível disponíveis, dentro da segurança e eficácia”, disse o ministro durante evento do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

O Ministério da Saúde afirma que ainda negocia com empresas como a Pfizer, mas trata com desdém a proposta de venda de imunizantes da farmacêutica. O presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar, em tom irônico, que quem tomar esta vacina pode virar “jacaré”.

Além disso, o governo corre para garantir importações já contratadas. Pazuello disse que conversou “pessoalmente” duas vezes, na quarta-feira, 20, com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. “Ele colocou que não há nenhuma discussão política e diplomática, e sim burocrática. Ele vai encontrar onde está esse entrave e ajudar a destravar”, disse Pazuello. Os insumos da China vão permitir que a Fiocruz e o Butantan produzam, respectivamente, doses das vacinas de Oxford/AstraZeneca e da Coronavac.

O ministro disse ainda que a previsão contratual era de entregar até 31 de janeiro o insumo à Fiocruz. “Estamos nos antecipando ao problema. Só posso acionar (contratualmente), e acionarei (a AstraZeneca) no primeiro dia de atraso, que é após o fim de janeiro”, disse.

Após desentendimentos com a China, o governo brasileiro agora nega divergências políticas e montou uma força-tarefa para negociar a importação deste insumo. O chanceler Ernesto Araújo, porém, tem sido isolado nas discussões. O próprio presidente Jair Bolsonaro, porém, já desacreditou a segurança e eficácia da Coronavac citando a sua “origem”. O produto foi desenvolvido pela chinesa Sinovac. “Da China nós não compraremos. É decisão minha. Não acredito que ela transmita segurança suficiente a população pela sua origem, esse é o pensamento nosso”, disse Bolsonaro, em 21 de outubro, em entrevista à Jovem Pan.

Sem apontar datas, o ministro afirmou ainda que a liberação de doses prontas da vacina de Oxford/AstraZeneca da Índia deve ocorrer em breve. “Notícias são muito boas, mas não há data exata da decolagem. Ela será dada nos próximos dias. Nos próximos dias é muito próximo“, afirmou o ministro.

Pazuello disse ainda que a vacinação no Brasil está “dentro do programado”. “É um país continental. Está chegando nos municípios mais distintos”, disse ele.

Viagem a Manaus

Na reunião com os secretários de Saúde, Pazuello informou que voltará a Manaus (AM) nesta quinta-feira, 21, dias após uma passagem pela cidade que ficou marcada pela pressão pelo uso de medicamentos rejeitados por entidades médicas e científicas contra a covid-19, como a cloroquina. O Amazonas está em colapso desde a semana passada e transferiu pacientes da covid-19 a outras cidades pela falta de oxigênio.

O ministério ainda não divulgou a agenda de Pazuello na cidade. O general tenta afastar do governo federal qualquer responsabilidade pela crise no Amazonas. “Tudo o que o governador pediu, já foi feito”, disse Pazuello. Ele também disse à imprensa, após o evento, que o ministério “acompanha e apoia” a ajuda ao Estado, mas que as ações estão “a cargo do prefeito e do governador”. “Não estão a cargo do Ministério da Saúde”, afirmou o ministro.

O general esteve na últimas semana em Manaus. Deixou a cidade no dia 13, véspera de o governo local anunciar que o oxigênio acabara em parte da rede de atendimento, o que deflagrou uma operação para levar o insumo ao Estado e transferir pacientes a outras cidades.

O ministério já sabia desde o dia 8 sobre a falta de oxigênio, mas levou a Manaus, na última semana, uma força-tarefa de auxiliares de Pazuello e médicos convidados para percorrer unidades de saúde e pressionar pelo uso do “kit covid”, que inclui a cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19. Em ofício, o ministério chegou a falar à Secretaria de Saúde de Manaus que seria “inadmissível” não prescrever estes medicamentos.

O general também lançou na capital do Amazonas o TrateCOV, aplicativo usado por médicos que, em tese, deveria auxiliar no diagnóstico da covid-19. Como mostrou o Estadão, o programa, porém, indica o ‘kit’ covid até para um recém-nascido que tem náusea e diarreia.

Após a passagem de Pazuello por Manaus, a Procuradoria da República no Amazonas abriu um inquérito civil para apurar se o ministério foi omisso na ajuda à região e optou pela aposta no tratamento contestado. Pressionado, Pazuello modulou o discurso e disse, na segunda-feira, 18, que jamais incentivou o uso de medicamento algum e apenas defendeu o “atendimento precoce”. No vocabulário do governo federal, porém, a defesa do atendimento ou tratamento precoce se mistura com a pressão pelo uso da cloroquina. Há farto registro de alegações de Pazuello e de Bolsonaro de que o “kit covid” dá certo. Em 22 de outubro, Pazuello disse ter ficado “zero bala” após tomar o “kit completo” e recomendou que, se o médico não quiser prescrever estes medicamentos, é só buscar outro. Dias mais tarde, o general teve de ser internado num dos hospitais mais caros de Brasília por complicações da covid-19.

Compartilhar:










Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados