Paulo Bernardo afirma que sua prisão “não era necessária”
O ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, deixou ontem, por volta de 22h30, a sede da Superintendência Regional da PF em São Paulo, onde estava preso desde a última quinta-feira (23).
- Data: 30/06/2016 09:06
- Alterado: 30/06/2016 09:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo/Agência Brasil
Crédito:Geraldo Magela/Agência Senado
Ao sair, o ex-ministro deu uma entrevista em que disse considerar sua prisão não foi necessária. Paulo Bernardo disse a jornalistas que é inocente e que estava “constrangido”. “Acho que foi para isso que eu vim para cá”, disse. “Quero dizer que sou inocente. Isso vai ficar demonstrado. Acho que essa prisão não era necessária porque eu estava em local determinado, absolutamente encontrável, me coloquei à disposição da Justiça várias vezes. Mandei petições para o juiz, Ministério Público e advogados me colocando à disposição para depor e, durante dez meses, não fui chamado. Portanto, não vi nenhum motivo para isso (para a prisão). Felizmente o ministro Toffoli, do Supremo, teve o mesmo entendimento”, disse.
O petista ficou seis dias preso no âmbito da Operação Custo Brasil. Bernardo é suspeito de ter se beneficiado de um esquema de desvio de dinheiro em contratos do Ministério do Planejamento. Os serviços da Consist Software, contratada para gerir o crédito consignado de servidores públicos federais, eram custeados por uma cobrança de cerca de R$ 1 de cada um dos funcionários públicos que solicitavam o empréstimo. Desse montante, 70% eram desviados para empresas de fachada até chegar aos destinatários, entre eles o ex-ministro.
MANIPULAÇÃO
Em entrevista hoje o ex-ministro negou que tenha recebido recursos para despesas pessoais. “Isso não procede. Não tem o menor cabimento. Minhas despesas pessoais são pagas com meu salário. Me parece que as acusações são todas baseadas nas delações do senhor Alexandre Romano e, em parte, no meu caso, do senador Delcídio do Amaral que disse uma série de generalidades”, disse. “Com certeza vai haver discussão sobre essas delações. Me parece que houve muita manipulação nisso aí”.
Paulo Bernardo disse ainda que o Ministério do Planejamento não tem nenhum contrato com a Consist. “A Consist foi contratada pela associação de bancos e pelo Sindicato das Entidades de Previdência Complementar, portanto, esse contrato é estranho. Não tem nada a ver com o Ministério do Planejamento. Em nenhum momento houve contrato entre o [Ministério do] Planejamento e a Consist”, disse. “Quem quiser esclarecer isso deve falar com os bancos e com essas entidades. Como é que foram esses contratos? Não temos a menor ideia porque não foram contratados pelo Ministério do Planejamento”, disse.
PROTESTO
O petista protestou contra a decisão de prendê-lo, tomada pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal de São Paulo.
“Acho que a prisão não era necessária. Estava em local determinado, absolutamente encontrável”, afirmou o ex-ministro, ao deixar a carceragem da Polícia Federal em São Paulo. “Me coloquei à disposição da Justiça. Mandamos várias vezes petições me colocando à disposição para depor e durante dez meses não fui chamado.”