Pacto federativo seria segundo ponto de ataque após Previdência, diz Guedes
O ministro da Economia disse que pretende enviar o projeto do pacto federativo, que discute as despesas obrigatórias, no dia seguinte à aprovação da reforma da Previdência pelo Senado
- Data: 25/09/2019 17:09
- Alterado: 25/09/2019 17:09
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, discursa na solenidade de transmissão de cargo.
Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil
Em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO), Paulo Guedes foi questionado pelo relator do projeto de lei orçamentária de 2020, Domingos Neto (PSD-CE), sobre o prazo do envio de medidas de ajuste de gastos. “Se Senado entregar Previdência em três semanas, entramos com pacto federativo”, comentou.
Guedes afirmou que a ideia original era enviar o projeto logo depois de julho porque acreditava-se que a reforma da Previdência já teria sido aprovada no Senado no primeiro semestre.
Ele também voltou a dizer que a ideia é “ir entrando” com a proposta de reforma tributária do governo na próxima semana, em conjunto com o Senado e a Câmara dos Deputados.
Desindexação
O ministro voltou a dizer que o salário mínimo não será desindexado e que a ideia do governo é “desindexar privilégios”. “Sempre que se discutem gastos, alguém usa o pobre como escudo. Não queremos tirar nada do pobre, sabemos de quem queremos tirar”, garantiu.
Segundo Guedes, a equipe vem fazendo simulações sobre o impacto da desindexação de despesas do Orçamento. A projeção é que, se todos os gastos fossem desindexados, R$ 37 bilhões seriam liberados em recursos no Orçamento do ano que vem. Se fosse mantida a indexação apenas do salário mínimo e da educação, a liberação seria de R$ 20 bilhões.
Guedes disse que a desindexação dará liberdade para que o Congresso Nacional resolva quais despesas devem ser reajustadas. Nos últimos anos, segundo ele, houve aumentos que não são razoáveis, como o reajuste do salário de servidores que tem altos salários, como juízes, acima da inflação.
“Com a desindexação, o Congresso poderia decidir não reajustar salários e aumentar aposentadorias mais baixas, por exemplo. O Congresso é que decide o que será desvinculado e desindexado, não tem nada impositivo”, afirmou.
O ministro acrescentou que o pacto federativo poderá “desembocar” na reforma política, com a criação do voto distrital, se o Congresso quiser. Ele disse ainda que todas as instituições e poderes devem estar no pacto federativo, incluindo, por exemplo, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Supremo Tribunal Federal (STF). “Tenho conversado com os ministros do Supremo, a expressão “vamos para a história” usada por Guedes sobre o pacto federativo veio de um ministro”, afirmou.
Previsões ‘dramáticas’
Guedes disse ainda que as previsões para a situação fiscal do País no futuro “são dramáticas para todos”, caso a classe política não retome o controle sobre o Orçamento. Para ele, todos sofrerão as consequências, inclusive todos os poderes da União, além de Estados e municípios.
Segundo Guedes, há alternativas que estão sendo estudadas pelo governo, como a reforma tributária e o pacto federativo, para descentralizar recursos que hoje ficam nas mãos da União. “O Congresso é que tem que decidir quanto do dinheiro desce para o setor A ou B”, disse o ministro na audiência na CMO.
“Achamos incontornável e decisivo o papel do Congresso nesse pacto federativo”, afirmou Guedes.
No prognóstico do ministro, em “um ou dois anos” o cenário será bastante diferente e já terá “economia animada”.
Reforma administrativa
Outra dimensão de mudanças, disse Guedes, é a reforma administrativa, para rever estruturas de cargos e salários no serviço público. “As despesas têm crescido descontroladamente”, disse o ministro. Segundo ele, os jovens já ingressam no setor público com salário muito alto.