Oscar 2022: “No Ritmo do Coração” vence em noite de agressão de Will Smith

Smith, que ganhou o prêmio de melhor ator, deu um tapa no comediante Chris Rock após piada sobre sua esposa

  • Data: 28/03/2022 14:03
  • Alterado: 17/08/2023 06:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Oscar 2022: “No Ritmo do Coração” vence em noite de agressão de Will Smith

Will Smith deu um tapa na cara de Chris Rock após piada de mal gosto sobre sua esposa

Crédito:Reprodução/Twitter

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Jane Campion já havia feito história como a primeira mulher a ser indicada duas vezes para o Oscar de direção. A primeira foi por O Piano, nos anos 1990. Quase 30 anos depois, ela foi indicada de novo por Ataque dos Cães, e dessa vez levou. Sua revisão do gênero western e do machismo dos caubóis lhe valeu a cobiçada estatueta. Fez um belo discurso de agradecimento e Kevin Costner, que lhe entregou o prêmio, esteve inspirado, lembrando seu primeiro filme adulto, que ele viu quando tinha 7 anos. Era justamente um western, A Conquista do Oeste.

Em dois anos seguidos, as mulheres brilharam na festa da Academia. No ano passado, Chloé Zhao venceu nas categorias de direção e filme. Nos 94 anos do prêmio, foi apenas a terceira vez que uma mulher venceu como diretora – a primeira foi Kathryn Bigelow, com Guerra ao Terror.

Mas Jane não ganhou também o prêmio de melhor filme. Foi para No Ritmo do Coração (Coda), uma surpresa. Will Smith foi melhor ator, por King Richard: Criando Campeãs. Fez um apaixonado agradecimento em defesa da família. Paz e amor. Jessica Chastain foi a melhor atriz por Os Olhos de Tammy Faye. Foi política, defendeu a diversidade e o respeito de “ser quem somos”.

Havia a expectativa de que Drive My Car, do japonês Ryûsuke Hamaguchi, indicado para quatro categorias – as mesmas que Parasita, do sul-coreano Bong Joon-ho venceu há dois anos: melhor filme, melhor filme internacional, melhor direção e roteiro -, levasse as quatro estatuetas. Considerado por boa parte da crítica o melhor filme desta edição, Drive My Car venceu como melhor filme internacional, mas tropeçou logo na segunda indicação, perdendo o Oscar de roteiro adaptado – dos contos de Haruki Murakami – para No Ritmo do Coração, baseado no francês A Família Bélier.

A saga da família de surdos tocou os votantes da Academia de uma forma particular. Pouco antes, Troy Kotsur havia feito história como primeiro ator surdo a ganhar o Oscar de coadjuvante. Kotsur dedicou o prêmio à comunidade de deficientes, não apenas auditivos. “É o nosso momento!”, disse. Ainda viria o gran finale – melhor filme!

Entrevistado pelo Estadão, o produtor da cerimônia de entrega do 94.º Oscar disse que, em busca da audiência perdida, a festa seria mais dinâmica, e cheia de música. Dito e feito. Beyoncé deu a partida, pontualmente às 9 da noite – horário do Brasil -, cantando o tema de Criando Campeãs. Na sequência, veio o primeiro Oscar da noite, o de melhor atriz coadjuvante para Ariana DeBosie, na nova versão de West Side Story/Amor, Sublime Amor, por Steven Spielberg. Ariana repetiu a estatueta de Rita Moreno, presente na plateia. Agradeceu-lhe pela Anitta de 60 anos atrás, que foi inspiradora para ela e muitas mulheres negras, latinas.

Para poupar tempo, a Academia outorgou oito prêmios antes que começasse a cerimônia televisionada. Duna, de Denis Villeneuve, levou quatro – som, design de produção, montagem e trilha. Receberia mais dois – fotografia e efeitos visuais. Nenhuma grande surpresa. Duna estava cotadíssimo para vencer nas categorias técnicas. Amy Schumer, uma das três apresentadoras, começou cutucando a própria Academia: “Somos três pelo preço que pagariam a um homem”. Sobrou para Nicole Kidman: “Foi indicada por fazer o papel de um ícone da comédia, Lucille Ball, num filme que não tem uma risada”.

Princesas

Três princesas da Disney foram ao palco do Dolby Theatre para entregar a estatueta da melhor animação. Venceu a infantil Encanto, realmente encantadora, para fazer justiça ao título, mas havia uma animação adulta, e superior, que foi ignorada, a dinamarquesa Flee. Na categoria curta de animação, a Academia ousou mais. Venceu o concorrente espanhol – The Windship Wider. O diretor destacou a importância da animação para espectadores adultos. Da animação para a live action, Cruella ficou com a estatueta de figurinos, tão extravagantes quanto belos. Para atrair o público jovem, a Academia promoveu uma votação em seu twitter. Os cinco melhores filmes, não necessariamente do ano. Surpresa. Deu Zack Snyder na cabeça – Liga da Justiça.

Indicado sete vezes ao longo de sua carreira, Kenneth Branagh finalmente levantou seu Oscar, o de roteiro original, por Belfast, inspirado por suas experiências de menino na guerra da Irlanda. A Academia, por sinal, valeu-se de um letreiro para tomar partido na guerra que se trava na Ucrânia. Stand With Ukraine! O apoio deveria incluir fitas azuis em defesa dos refugiados, mas poucos as usaram – Jamie Lee Curtis, por exemplo. Francis Ford Coppola foi mais incisivo. A Academia prestou homenagem a vários filmes amados dos cinéfilos. Um deles foi O Poderoso Chefão, que completa 50 anos. Cercado por Al Pacino e Robert De Niro, Coppola agradeceu o apoio que recebeu, na época, do produtor Robert Evans, que bancou o projeto. Encerrou sua fala com um “Viva a Ucrânia!”

Apresentado por Chris Rock, o prêmio de documentário foi para Summer of Soul, que resgata o festival de música afro que ocorreu em Nova York, simultaneamente a Woodstock, sendo ofuscado pelos três dias de sexo, drogas e rock’n’roll. Deu pugilato no Kodak Theatre. Rock fez piada com a cabeça raspada de Jada Pinckett-Smith, mulher do astro Will Smith. Jada fez cara de quem não gostou e Will não levou o desaforo para casa. Subiu ao palco e deu um tapa em Rock. Para permanecer na música, o Oscar de canção foi para o James Bond. Sem Tempo para Morrer, cantada por Billie Eilish.

Veja a lista dos vencedores:

Filme

No Ritmo do Coração

Direção

Jane Campion, por Ataque dos Cães

Atriz

Jessica Chastain, por Os Olhos de Tammy Faye

Ator

Will Smith, por King Richard: Criando Campeãs

Atriz coadjuvante

Ariana DeBose, por Amor, Sublime Amor

Ator coadjuvante

Troy Kotsur, por No Ritmo do Coração

Filme internacional

Drive My Car (Japão)

Roteiro adaptado

No Ritmo do Coração, Siân Heder

Roteiro original

Belfast, Kenneth Branagh

Figurino

Cruella, Jenny Beavan

Trilha sonora

Han Zimmer, por Duna

Animação

Encanto

Curta de animação

The Windshield Wiper

Curta de ficção

The Long Goodbye

Documentário

Summer of Soul

Documentário de curta-metragem

The Queen of Basketball

Som

Duna

Canção original

No Time to Die, de 007 – Sem Tempo para Morrer

Maquiagem e cabelo

Os Olhos de Tammy Faye

Efeitos visuais

Duna

Fotografia

Duna

Edição

Duna

Design de produção

Duna

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  • Data: 28/03/2022 02:03
  • Alterado:17/08/2023 06:08
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