Os segredos da amamentação: quais são os mitos e verdades?
Especialista dá dicas e desmistifica teorias sobre o tema
- Data: 12/09/2022 11:09
- Alterado: 15/08/2023 22:08
- Autor: Redação
- Fonte: Paraná Clínicas
Amamentação
Crédito:Envato Elements
Um dos assuntos que mais gera dúvidas em gestantes e mamães de primeira viagem é o aleitamento materno. Ao contrário do que muitos costumam pensar, o processo de amamentação não é simples e intuitivo, há uma série de mulheres que, por motivos diversos e variados, passam por dificuldades físicas e psicológicas durante este período. Pensando em trazer à tona o debate sobre este tema e incentivar a prática, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou no início da década de 90 a campanha Agosto Dourado.
A enfermeira da Paraná Clínicas, empresa do Grupo SulAmérica, Andréia Hruba, é especialista em aleitamento materno e explica a importância da amamentação e os motivos dela ser tão indispensável na formação da criança: “Este é o alimento mais completo, oferece todos os nutrientes na forma e quantidade ideal para o crescimento e desenvolvimento do bebê: tem fácil absorção e anticorpos que protegem contra alergias, anemias, infecções gastrointestinais e obesidade, além de ajudar a reduzir os riscos de morte até os cinco anos de idade”.
Mas nem sempre este processo é fácil. Há uma série de pequenos problemas que podem atrapalhar a amamentação. Entre eles, os mais comuns são as fissuras nos mamilos, conhecidas como “bico rachado”, uma lesão que causa muita dor à lactante e que geralmente é ocasionada pela pega incorreta. Outras reclamações frequentes são dores nas mamas após a “descida” do leite, atraso/demora para a produção do líquido e mamilos planos ou invertidos.
Andréia explica que estas questões são comuns e que podem ser minimizadas a partir de alguns cuidados prévios: “Assim como a gestante se prepara para o parto, também deve se informar sobre aspectos ligados à amamentação para evitar que complicações ocorram. Mamilos planos ou invertidos, por exemplo, podem dificultar o aleitamento no momento inicial. Se a mãe não tiver conhecimento da técnica correta pode acabar sentindo dor e o bebe pode se cansar durante a mamada, gastando mais energia do que o recomendado”, conta a enfermeira.
Outro fator que influencia na amamentação é o aspecto psicológico. Altos níveis de estresse têm influência direta na produção da prolactina, o hormônio responsável pela produção do leite materno. Especialistas afirmam que, principalmente pós-parto, a mulher costuma estar num momento emocional muito sensível, onde passou por transformações físicas, alterações hormonais, medos, inseguranças e cobranças externas de amigos e familiares. Diante deste cenário é importante que as mamães recebam apoio e, quando necessário, busquem ajuda profissional.
Quando procurar ajuda?
Segundo especialistas, do ponto de vista da nutrição, o principal indicativo que o processo de aleitamento materno está sendo efetivo e contribuindo para o desenvolvimento da criança é o ganho de peso. Nos primeiros dias após o parto, é esperado que o bebê perca 10% do seu peso em relação ao momento do seu nascimento. Com a amamentação bem estabelecida, o ganho de peso deve ser em torno de 20 a 30g por dia nos primeiros meses de vida. Outro ponto de atenção são dificuldades e desconfortos físicos durante a amamentação: em casos de sensibilidade excessiva ou dor nos mamilos, incômodo nas mamas após a descida do leite e falta de sincronismo entre a mãe e o bebê na hora de realizar a pega e posição correta, uma especialista deverá ser procurada para auxiliar no processo.
A recomendação do Ministério da Saúde é pelo aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade. Neste período, este é o único alimento indicado para a criança, salvo em casos isolados onde o pediatra pode prescrever algum reforço na alimentação do bebê. E é importante deixar claro: isso não tem a ver com um uma suposta má qualidade do leite, teoria erroneamente difundida entre muitas mães. Os problemas na amamentação costumam estar mais relacionados a dificuldades com técnica e posição incorreta.
É importante procurar a ajuda e orientação de um profissional especializado assim que qualquer dificuldade no processo de aleitamento seja notada.
DICAS DA ESPECIALISTA
“Busque orientações antes de iniciar a amamentação. Não saia comprando tudo o que vê nas prateleiras como mamadeiras, chuquinhas e protetores de mamilo. Alguns destes acessórios podem ser prejudiciais: o uso de bico de silicone, por exemplo, dá a impressão de facilitar a amamentação nos casos de fissuras e mamilos planos ou invertidos, mas na verdade pode ser um vilão já que faz com que o bebê abocanhe o peito com mais força e tenha que se esforçar mais para sugar o leite”.
“É fundamental para o sucesso da amamentação que o bebê abocanhe a aréola da mamãe e que seus lábios fiquem voltados para fora lembrando a boca de um peixinho, sem estalos na hora da sucção. Orientamos oferecer a mama como se fosse um sanduíche ou a mão formando um ‘C’, deixando a aréola livre para o bebê abocanhar. Não se desespere se o bebê chorar, espere abrir bem a boca e traga-o para o peito”.
“Ao contrário do que ensinavam nossas avós, não existe o “preparo das mamas” com antecedência. O organismo da mulher já faz esse trabalho e modifica as mamas para essa função. Não se deve passar cremes ou hidratantes nos mamilos e aréolas pois podem aumentar a sensibilidade”.
“É recomendado que o processo de retirada do leite materno antes da mãe voltar ao trabalho seja feito com antecedência de, pelo menos, 15 a 20 dias. É importante oferecer ao bebê o leite em um copo com bordas largas para não machucar sua boca. O uso de mamadeiras deve ser evitado”.