Oposição só teve 4% do orçamento secreto do governo Bolsonaro

Raio-x do orçamento secreto cujo controle foi entregue pelo governo federal a congressistas, em desrespeito a leis orçamentárias, revela que a oposição teve apenas 4% do total dos recursos

  • Data: 28/05/2021 17:05
  • Alterado: 28/05/2021 17:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Oposição só teve 4% do orçamento secreto do governo Bolsonaro

Rogério Marinho admitiu vez que os repasses privilegiaram parlamentares aliados no esquema "toma lá dá cá"

Crédito:Sérgio Lima/Poder360

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Conforme os documentos sigilosos obtidos pelo Estadão, a participação de deputados e senadores de oposição no rateio dos R$ 3 bilhões em verbas do Ministério do Desenvolvimento Regional foi na maioria para os aliados de Bolsonaro

O porcentual baixo da oposição desconstrói o argumento usado por governistas para minimizar o escândalo revelado pelo Estadão. Segundo auxiliares de Bolsonaro, os recursos foram repartidos de forma equânime, inclusive com parlamentares não alinhados com o governo. Em entrevista ao jornal O Globo publicada no dia 17 de maio, o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) admitiu pela primeira vez que os repasses privilegiaram parlamentares aliados na distribuição dos recursos, no modelo conhecido como “toma lá, dá cá”.

O critério de divisão não é transparente, mas, para Marinho, não há qualquer problema em tratar os congressistas de forma desigual de acordo com o seu alinhamento ao governo. “É evidente que formam maioria no Parlamento e essas maiorias são exercidas, inclusive, na questão do Orçamento em qualquer democracia do mundo. É muita ingenuidade imaginarmos que na discricionariedade você vai tratar os desiguais de forma igual”, afirmou o ministro.

No dia 14, Marinho já havia admitido que os ofícios em que os parlamentares apontam em quais cidades o dinheiro deve ser aplicado e o que deve ser comprado não são públicos, o que também contrariou a versão do governo de que todas as informações estavam disponíveis no site do ministério na internet.

O perfil dos integrantes na planilha do orçamento secreto do Ministério do Desenvolvimento Regional revela a clara predominância de critério político para prestigiar aliados em acordos costurados diretamente por auxiliares do presidente dentro do Palácio do Planalto.

Ademais, a presença de críticos de Bolsonaro na lista se deu, principalmente, por motivos alheios a eventual interesse do governo em contemplá-los por igual. Eles acabaram incluídos por deputados e senadores governistas que repassarem suas cotas para angariar votos de dissidentes para as presidências da Câmara e do Senado ou porque líderes partidários com interlocução no Planalto repassaram suas partes às bancadas. Ou, ainda, por vínculos pessoais e regionais.

Dos 285 nomes que aparecem no planilhão ao qual o Estadão teve acesso, 21 podem ser classificados como opositores porque não costumam acompanhar o governo em votações, são críticos notórios de Bolsonaro, não relatam matérias que o Executivo considera prioritárias ou tem diferenças políticas fortes com o clã. O grupo corresponde a 7,4% dos congressistas que tiveram acesso ao orçamento secreto.

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