O possível rompimento que Bolsonaro e a direita não querem enfrentar
Prisão de Militares golpistas agrava crise na extrema-direita e aciona "divórcio com radicais" no Brasil
- Data: 19/11/2024 10:11
- Alterado: 19/11/2024 10:11
- Autor: Redação
- Fonte: Veja
Jair Bolsonaro durante evento em São Bernardo do Campo
Crédito:Rodilei Morais/ABCdoABC
Na terça-feira, 19, a extrema-direita brasileira enfrentou um novo abalo após a Polícia Federal deter militares de alta patente acusados de conspirar para um golpe de Estado e planejar o assassinato de figuras políticas proeminentes, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Esse evento catalisou o que está sendo chamado de “movimento de divórcio com os radicais”, uma tentativa da extrema-direita de dissociar-se de elementos mais extremistas.
A detenção dos militares ocorre em meio a um cenário de crescente esforço por parte da direita para se desassociar de figuras controversas, como o homem-bomba do Partido Liberal, envolvido em ataques ao STF. Jair Bolsonaro, ex-presidente e figura central da extrema-direita no Brasil, já vinha tentando uma reconfiguração de imagem. Recentemente, publicou um artigo na Folha de S.Paulo intitulado “Aceitem a Democracia”, clamando por pacificação nacional após os eventos tumultuosos envolvendo membros de seu partido.
No entanto, tal reposicionamento enfrenta ceticismo, dado o histórico do ex-presidente em fomentar tensões institucionais e desafiar abertamente o Supremo Tribunal Federal durante seu mandato. A tentativa de Bolsonaro em distanciar-se de suas ações passadas é vista por muitos como uma contradição intransponível.
Outros líderes políticos da direita também têm buscado manobras semelhantes. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, atribuiu responsabilidade pelo atentado ao STF a Lula, enquanto Romeu Zema, governador de Minas Gerais, advogou pela continuidade do movimento que pleiteia anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
A prisão dos militares golpistas intensificou os esforços da direita em se distanciar desses elementos radicais. No entanto, analistas apontam que tais tentativas podem não ser eficazes em dissociar completamente esses grupos das práticas e retóricas extremistas que marcaram o cenário político recente do Brasil.