O Cinema Japonês e a Representação LGBT: Um Olhar sobre ‘Sol de Inverno’

"Sol de Inverno": O filme japonês que explora a delicadeza do amor infantil e a luta por aceitação em um Japão ainda conservador.

  • Data: 18/01/2025 15:01
  • Alterado: 18/01/2025 15:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
O Cinema Japonês e a Representação LGBT: Um Olhar sobre ‘Sol de Inverno’

Crédito:Divulgação

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Atualmente, o Japão se destaca como o único país do G7 que ainda não concede um reconhecimento legal abrangente aos casais do mesmo sexo, apesar de ser um dos maiores centros de produção cultural com temáticas LGBTQIA+. O cinema japonês, por sua vez, possui uma rica herança que inclui obras marcantes como “O Funeral das Rosas”, lançado em 1969, que retrata a vida noturna gay em Tóquio.

Este contexto cultural complexo tem gerado discussões e reflexões nas produções contemporâneas do país. Um exemplo recente é o filme “Sol de Inverno”, dirigido por Hiroshi Okuyama, que estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira como parte da mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes. Assim como o aclamado “Monster” de Hirokazu Kore-eda, este longa-metragem oferece uma narrativa multifacetada que explora questões relacionadas à inocência e ao amor infantil.

Okuyama, de 28 anos e ex-assistente de Kore-eda na série “Makanai: Cozinhando para a Casa Maiko”, expressa seu desejo de apresentar a temática LGBT em uma abordagem mais sutil. Ele observa: “A representação LGBT no Japão tende a oscilar entre filmes pesados ou comédias românticas caricatas. Quis trazer esse tema para o cotidiano e tratá-lo com delicadeza”.

O enredo de “Sol de Inverno” acompanha Takuya, um menino de nove anos que se muda com sua família de Tóquio para uma área rural na ilha de Hokkaido. Enquanto tenta se adaptar à nova vida, ele se junta a outros meninos para praticar hóquei, embora não tenha afinidade com o esporte. A trama ganha novos contornos com a chegada de Sakura, uma menina tímida que expressa sua criatividade por meio da dança no gelo. O treinador Arakawa, que tem um passado notável na patinação artística, surge como um elo importante nesse triângulo afetivo.

À medida que a narrativa avança, informações cruciais sobre os personagens são reveladas através de sutis detalhes: Arakawa vive recluso na vila com seu namorado e carrega consigo as cicatrizes emocionais de uma época em que era difícil expressar sentimentos. O ator Sosuke Ikematsu, que interpreta o treinador, destaca: “Arakawa reflete a luta interna de um homem que vê suas próprias inseguranças projetadas em Takuya”.

Em “Sol de Inverno”, Okuyama aborda também o tema da solidão compartilhada entre os personagens principais — desde o isolamento do treinador até a falta de apoio familiar enfrentada pelas crianças. A estética visual do filme é influenciada pela biografia do diretor e sua experiência anterior como patinador em Tóquio, resultando em uma escolha estilística por um formato quadrado que intensifica o contraste entre uma amizade autêntica e os silêncios impostos pela sociedade.

Com uma classificação indicativa para maiores de 12 anos, “Sol de Inverno” conta com um elenco composto por Sosuke Ikematsu, Keitatsu Koshiyama e Kiara Nakanishi. O filme é uma coprodução entre França e Japão e já está disponível nos cinemas brasileiros.

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  • Data: 18/01/2025 03:01
  • Alterado:18/01/2025 15:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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