Número de mortos em operação no Jacarezinho sobe para 29
Defensores de direitos humanos questionam legalidade da ação
- Data: 08/05/2021 14:05
- Alterado: 08/05/2021 14:05
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Brasília - Polícia Civil do DF cumpre 28 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão como parte da operação “Delivery”, contra o tráfico de drogas durante o carnaval no Distrito Federal. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Crédito:Marcelo Camargo / Agência Brasil
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou hoje (8) que subiu para 29 o número de mortos na operação policial realizada na última quinta-feira (6) na favela do Jacarezinho, na zona norte da capital.
A polícia divulgou apenas a identidade do inspetor de polícia André Leonardo de Mello Frias, de 48 anos, e afirmou que os outros 28 mortos eram criminosos.
Considerada a mais letal da história do estado do Rio de Janeiro, a operação policial foi realizada para desarticular uma quadrilha de traficantes de drogas que, entre outros crimes, era suspeita de aliciar menores de idade.
Defensores dos direitos humanos questionam a legalidade da operação, que também despertou a preocupação da Ordem dos Advogados do Brasil, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e do o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos. As três instituições pediram investigações rigorosas e imparciais e ressaltaram o compromisso do Estado no respeito aos direitos humanos.
Responsável por fiscalizar a legalidade da ação, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro emitiu uma nota em que informa que está investigando as circunstâncias das mortes ocorridas durante a operação.
“Todas as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis em decorrência dos fatos ocorridos estão sendo tomadas pelo MPRJ”, diz o texto, que informa que a promotores estiveram presentes na comunidade, acompanhando os desdobramentos da operação. “Cabe destacar ainda que o MPRJ acompanha a perícia nos corpos das pessoas mortas durante a intervenção policial”, informou a nota.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, defendeu a Polícia Civil e afirmou na noite de ontem que a operação foi “o fiel cumprimento de dezenas de mandados expedidos pela Justiça.”
Já uma nota conjunta assinada por entidades como a Anistia Internacional no Brasil, a Justiça Global, o Instituto Marielle Franco e o Movimento Negro Unificado classificam a operação como um massacre. Defensores de direitos humanos, moradores de favelas e familiares de vítimas de violência policial realizaram protestos ontem (7) contra as mortes.