Nona edição do Festival Curau celebra a cultura popular com shows, oficinas e cursos
Juçara Marçal e Kico Dinucci apresentam Padê com o Batuque de Umbigada de Capivari
- Data: 11/10/2021 15:10
- Alterado: 11/10/2021 15:10
- Autor: Redação
- Fonte: Itaú Cultural
Festival Curau- Arnaldo Freitas e Alessandro Pennezzi
Crédito:Coletivo REC
Entre os dias 14 e 17 de outubro (quinta-feira a domingo) acontece a nona edição do Festival Curau – Culturas Regionais e Artes Urbanas, com programação online, para ser acessada gratuitamente por pessoas de todo o Brasil. O festival, realizado desde 2012, em Piracicaba, no interior de São Paulo, pelo Instituto Curau, tem como proposta promover encontros e fomentar diálogos entre gerações, por meio da cultura popular. Para isso, os mais velhos, detentores dos saberes e fazeres das manifestações tradicionais da região, como o Cururu e o Batuque de Umbigada, e mais novos, que construíram linguagens populares contemporâneas, como é o caso hip hop, por exemplo, se encontram em quatro dias de programação para todas as idades, com shows, oficinas, rodas de prosa e minicursos, além de brincadeiras e contação de história para as crianças, tendo sempre como princípio o fortalecimento das culturas populares, tradicionais, indígenas, negras e de seus protagonistas.
Após oito edições na beira do rio Piracicaba, o evento será realizado pela primeira vez em formato online com o desafio de levar ao público atividades características do festival. Segundo Mari Pedrozo representante do Instituto Curau, “o público poderá imergir no espaço tempo Festival Curau, sentir o som dos tambores, das vozes, dos guaiás, das rimas e se emocionar a partir de prosas, oficinas, encontros e shows inéditos realizados de forma criativa no ambiente online”. Mayra Kristina, também integrante do Instituto, completa: “a tradicional Feira de Economia Solidária, que reúne empreendimentos de Piracicaba e Região, não ficará de fora e pela primeira vez estará site do Instituto Curau, com uma grande diversidade de produtos da cultura local”.
Os shows e as rodas de prosa que compõem a programação devem ser acessados no Youtube do Festival – www.youtube.com/festivalcurau – nos horários estipulados, com exceção da apresentação de Tasha e Tracie, transmitida no canal do SESC Piracicaba – https://www.youtube.com/user/SescPiracicaba. As oficinas e minicursos, por sua vez, serão realizados via chamada de vídeo, e têm necessidade de inscrição prévia para participação, no site oficial do Festival – www.institutocurau.com.br. A Feira de Economia Solidária, também poderá ser acessada a partir do site do instituto. Sempre presente na programação, neste formato, os interessados continuam entrando em contato direto com os produtores locais, porém no ambiente digital.
No dia 14, quinta-feira, o festival abre propondo o diálogo entre ritmos populares rimados: o Rap, Repente e Cururu (desafio violado tradicional de Piracicaba) no Encontro “Mestras e Mestres da Rima” que se inicia às 17h com oficina de rimas com o MC Daniel Garnet e continua às 19h com apresentação de cururu, e uma roda de prosa e rima com mestre Bule Bule, conhecido como o maior repentista da Bahia, Jéssica Caitano, artista que propõe o diálogo entre o rap, coco e repente, e Afrow, jovem MC da Batalha Central de Piracicaba. Às 21h, o público de casa assiste, no Youtube do Sesc Piracicaba, o show da dupla de MC’s Tasha e Tracie, que recentemente lançaram o segundo EP, Diretoria, cujo tema central trata da autoestima e da liberdade das mulheres.
O segundo dia de festival, sexta-feira, 15, começa, às 19h, com outra Roda de prosa, dessa vez sobre body positive, um movimento que visa encorajar as pessoas a adotarem atitudes tolerantes com seus próprios corpos, na intenção de melhorar a saúde e o bem-estar, contornando os padrões impostos socialmente. Quem conduz é o Coletivo Beleza Preta, formado por um grupo de mulheres negras, de diferentes atuações profissionais, que se juntam semanalmente para falar sobre temas relacionados à beleza negra, racismo, genocídio, autoaceitação, autoestima e autoconhecimento, na Casa do Hip Hop de Piracicaba. Durante a prosa o coletivo apresentará também o desfile da Beleza Preta que mostrará a pluralidade das mulheres pretas, valorizando a identidade, ancestralidade, beleza e estilo pessoal de cada uma, além de divulgar os afro empreendimentos da cidade. A programação do dia é encerrada às 21h, com show de Ellen Oléria, Diego Moraes, Rafael Beibi e Caipira Jazz Duo.
No sábado, 16, tem programação presencial, na Casa do Hip Hop, de Piracicaba, com Oficinas de Dança. Das 10h às 12h, a dançarina Tay Corvinus, junto com o público previamente inscrito, explora o dancehall, hip hop e ragga, já das 14h às 16h, a também dançarina Marcinha Vila África, realiza uma aula de dança afro. Estas são as duas únicas atividades presenciais da programação e continuam no mesmo horário, no domingo, 17, seguindo todas as medidas de proteção relacionadas ao combate ao coronavírus. Voltando ao universo online, as crianças também têm espaço na programação do Festival. Às 10h, o educador Christian Felix conduz a Oficina Brincadeiras Musicais. Nela, os participantes mirins experimentam combinações rítmicas, sons e canções, utilizando objetos simples como copos e folha de papel, além do próprio corpo, voz, movimento e imaginação. Também voltada para os pequenos, a Oficina Brincando de Antirracismo, com o mestre em educação, articulador cultural e pesquisador, Fabio Maranhão, convida a conhecer mais sobre a cultura negra, em jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras.
A programação do terceiro dia de festival, sábado, 16, segue com dois minicursos. Ambos também com continuidade no domingo, 17, nos mesmos horários. Em Monte seu brechó, a proprietária do Passamanaria Brechó, Patrícia Montanhere, dá dicas para os participantes de como montarem o próprio negócio. Depois, às 16h, em Pretos, prussianos, índios e caipiras: culturas e identidades nos arredores de São Paulo, nos séculos XVIII ao XXI, o doutor em história social, músico e pesquisador Salloma Salomão aborda a temática de seu terceiro livro em que constrói uma narrativa autobiográfica, centrada no contexto geográfico e cultural dos caipiras pretos e seu núcleo familiar, entre Minas Gerais e São Paulo.
Três shows, de ritmos distintos, ainda podem ser conferidos na noite de sábado. Abrindo essa tríade, às 19h, o violeiro Alessandro Penezzi e o violonista Arnaldo Freitas, se engendram pelos ritmos caipiras e a música popular brasileira, às 19h50, Maikão mistura sons das tradições da cultura popular, como o samba de lenço, o batuque de umbigada e o maracatu, com a música eletrônica. Às 20h40, é a vez de Bia Ferreira, multi instrumentista, cantora, compositora, arranjadora, produtora musical e ativista, que conceitua sua arte como MMP: Música de Mulher Preta. Suas canções são leitura obrigatória para o vestibular da Universidade de Brasília (UNB) e para as crianças de primeira à quarta série do sistema SESI.
No último dia de festival, domingo, 17, além da continuidade das oficinas de dança e dos dois minicursos iniciados no sábado – Monte seu brechó e Pretos, prussianos, índios e caipiras: culturas e identidades nos arredores de São Paulo, nos séculos XVIII ao XXI – tem mais programação para crianças. Às 10h tem Contação de História, com Evair Souza. Sobre uma colcha de retalhos ele viaja com os pequenos por um mundo imaginário utilizando livros, fantoches, bonecos e tecidos. Logo após, o respeitável público confere o espetáculo Show Brincante, com o grupo Cakarecos. Nele canções de domínio público e composições autorais formam o elo que entrelaça artistas, crianças e adultos. É um estímulo à musicalidade e outras expressões artísticas, motivadas pelos ritmos da cultura popular e brincadeiras.
Encerrando a nona edição do Festival Curau, às 18h, acontece a apresentação de Filhos da Terra: Baque Caipira e Kariri-xocó. Nela, se encontram o maracatu de baque virado, do grupo percussivo piracicabano Baque Caipira, e os cantos sagrados dos Kariri-xocó, de Alagoas, cantados pelo guerreiro Kaori e o cacique Kayrã, em reverência a natureza. Finalizando com chave de ouro, às 19h, Juçara Marçal e Kiko Dinucci, sobem ao palco do Curau e apresentam algumas canções do disco Padê, sendo duas delas entoadas junto ao Batuque de Umbigada Guaiá de Capivari. Sobre o encontro, Juçara pontua: “Ouvir Dona Anicide (mestre e matriarca do grupo) cantar sempre foi motivo de emoção, maravilhamento e de festança a durar a noite inteira. Quando este ano a produção do Festival Curau me convidou para participar, era a certeza de um encontro cheio de axé! E foi assim mesmo”, relata ela.
A cantora e professora já havia cantado com o Batuque de Umbigada pela primeira vez, em uma participação no festival, com o Metá Metá, na edição de 2015. “Quando ela começou a cantar, toda aquela vivacidade, força e encantamento tomaram conta do espaço. Cantamos e dançamos várias das cantigas de autoria dela, que as entoava com a desenvoltura de sempre, com seu timbre inconfundível e comovente”, finaliza, sobre este novo encontro com a matriarca, que sintetiza em si a essência do Festival Curau, ao unir as experimentações contemporâneas, que cercam o trabalho de Juçara Marçal e Kiko Dinucci, às raízes firmes e profundas das tradições mais antigas da cultura popular, como é o caso do Batuque de Umbigada Guaiá de Capivari.
SERVIÇO
Festival Curau – Culturas Regionais e Artes Urbanas
De 14 a 17 de outubro (quinta-feira a domingo)
Inteiramente gratuito
Shows: devem ser acessados no Youtube do Festival – https://www.youtube.com/user/Coletivopiracema – com exceção da apresentação de Tasha e Traice, transmitida no canal do SESC Piracicaba – https://www.youtube.com/user/SescPiracicaba
Rodas de prosa: também devem ser acessadas no Youtube do Festival, sem necessidade de inscrição previa para participação
Oficinas e minicursos: realizados via chamada de vídeo, têm necessidade de inscrição prévia para participação, no site oficial do Festival – www.institutocurau.com.br