Nomes de ruas de Diadema contam a história da organização popular

Existem várias homenagens a revolucionários; os ditadores não foram esquecidos

  • Data: 24/05/2023 11:05
  • Alterado: 31/08/2023 23:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: PMD
Nomes de ruas de Diadema contam a história da organização popular

Crédito:Mauro Pedroso

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Se é verdade que os nomes das ruas têm um significado simbólico muito grande e apontam para um consenso social em perpetuar a memória de pessoas ou acontecimentos, em Diadema – e considerando questões ideológicas – existem mais homenagens com viés de esquerda do que de direita.

Aqui na cidade tem a UBS Che Guevara, figura importante na revolução cubana; tem vias com nomes de dois expoentes do Partido Comunista Brasileiro, Luís Carlos Prestes e Gregório Bezerra; e tem rua com o nome de Carlos Lamarca, capitão que abandonou o Exército para pegar em armas contra a ditadura civil-militar.

Os irmãos Daniel José de Carvalho, nome de rua, e Devanir José de Carvalho, que deu seu nome a EMEB na Vila Nogueira, também pertenceram a grupos armados que combateram a ditadura.

Quatro dos pensadores que desenvolveram e consolidaram a filosofia marxista também foram lembrados: Karl Marx, Leon Trotski, Vladimir Lênin e Engels.

No Núcleo Habitacional Vila Conquista e na Vila Socialista, os nomes das ruas parecem contar a história da organização e dos movimentos populares. Tem a rua dos Proletários, dos Camaradas, dos Comunistas, dos Lutadores, dos Operários, dos Trabalhadores, dos Sindicalistas, dos Soviets, dos Bolcheviks e dos Revolucionários.

A missão deles é revelada nos nomes de outras ruas, numa espécie de cartilha para a tomada do poder popular. E qual é o objetivo deles? Na rua do Movimento eles realizam uma Plenária ou uma Assembleia e aprovam Manifesto para fazer a Resistência, que pode ser utilizando a Tribuna ou promovendo uma Batalha ou uma Revolução objetivando a Conquista Popular. Assim, o Povo, através do Socialismo Científico, alcançará sua Cidadania.

A cidade ganhou poucos nomes lembrando personagens apoiadores das práticas autoritárias e ditatoriais, mas que são verdadeiros peso pesados. A praça central atende pelo nome de presidente Castelo Branco, general e primeiro ditador depois do golpe de 1964, e uma das vias no Jardim Casa Grande tem o nome de Costa e Silva, o segundo ditador. Tem também a rua Plínio Salgado, líder da Ação Integralista nos anos 1930, um partido de extrema direita inspirado no fascismo italiano.

Decretos homenageando esses três personagens são dos anos 1960 e 1970, mas hoje isso não seria possível, pelo menos no caso dos dois militares. Em 2020, a lei municipal que define os critérios para a denominação de logradouros ganhou mais um artigo, vetando a escolha de “nome de pessoa que tenha cometido crime contra a humanidade… ou grave violação aos direitos humanos”. E esses generais também foram responsáveis pelo período conhecido como ‘anos de chumbo’ da nossa história, com censura, fechamento do Congresso Nacional e perseguição a opositores com prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos, classificados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como crime contra a humanidade.

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