Netanyahu diz que Israel conduzirá plano para retirar palestinos de Gaza
Primeiro-ministro israelense comentou sobre a proposta de Trump de realocar palestinos da Faixa de Gaza, gerando reações e preocupações na região.
- Data: 09/02/2025 11:02
- Alterado: 09/02/2025 11:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou durante uma entrevista à Fox News no último sábado (8) que a execução da proposta apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de realocar os palestinos da Faixa de Gaza, será de responsabilidade das forças armadas de Israel e não das americanas. Esta proposta, que sugere o deslocamento forçado dos palestinos, foi anunciada por Trump na terça-feira (4), em uma coletiva de imprensa realizada em Washington, ao lado do líder israelense.
Netanyahu elogiou a iniciativa de Trump, classificando-a como “a primeira ideia nova em anos” e sustentou que esta abordagem poderia ser transformadora para a região. O primeiro-ministro afirmou: “O que ele está dizendo é: quero abrir a porta e dar-lhes a opção de se realocar temporariamente enquanto reconstruímos o lugar fisicamente.“
No entanto, o retorno dos palestinos ao território seria condicionado à rejeição do terrorismo, segundo Netanyahu. A implementação dessa proposta levantaria preocupações significativas sobre uma possível limpeza étnica dos palestinos, que habitam a região há gerações.
A Faixa de Gaza foi ocupada por Israel em 1967, e embora as tropas e colonos israelenses tenham se retirado em 2005, a tensão entre o Estado hebreu e os grupos armados locais tem persistido. O conflito mais recente começou após um ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, resultando em um dos episódios mais devastadores da história recente da região.
Para muitos palestinos, essa tentativa de deslocamento lembra o trauma histórico da Nakba, que se refere à expulsão de centenas de milhares deles durante a fundação do Estado de Israel em 1948.
No domingo (9), o Hamas anunciou que as forças israelenses haviam deixado o corredor Netzarim – uma faixa de terra vital entre as partes norte e sul de Gaza – permitindo assim que palestinos deslocados retornassem ao norte do território. Essa movimentação foi parte de um acordo de cessar-fogo iniciado em 19 de janeiro.
Um representante do Ministério do Interior da Faixa de Gaza informou que as forças israelenses desmontaram suas posições no corredor Netzarim e retiraram seus tanques da estrada Salahadin, facilitando o tráfego em ambas as direções.
A infraestrutura do norte da Gaza foi severamente devastada devido aos conflitos recentes. Muitos palestinos têm retornado ao sul ou estabelecido acampamentos temporários nas ruínas de suas casas anteriores.
Na manhã deste domingo, grandes grupos foram vistos transitando pelo corredor, enquanto longas filas de veículos aguardavam para passar. A segurança na área foi reforçada pela polícia sob controle do Hamas.
Na quinta-feira (6), autoridades israelenses determinaram que o Exército desenvolvesse um plano para uma “saída voluntária” da população palestina. Essa decisão foi celebrada por representantes da extrema direita no país. O ministro da Defesa, Israel Katz, comentou: “Dei instruções para preparar um plano que permita a saída de qualquer residente de Gaza que deseje, para qualquer país que queira aceitá-los.“
Na mesma ocasião, Netanyahu sugeriu em entrevista à Channel 14 a possibilidade da criação de um estado palestino na Arábia Saudita. Tal declaração gerou reações negativas do Ministério das Relações Exteriores do Catar, que atua como mediador nas negociações entre Israel e Hamas.
Especialistas consultados pela agência AFP observaram que a proposta para desalojar os palestinos dificulta as chances de reconhecimento formal de Israel pela Arábia Saudita. Esse reconhecimento seria visto como uma conquista significativa na diplomacia do Oriente Médio e poderia contribuir para a redução das tensões regionais.
Trump também mencionou que Egito e Jordânia poderiam acolher os palestinos deslocados; no entanto, essa sugestão foi prontamente rejeitada por ambos os países. Pesquisadores apontam que a recepção desses refugiados poderia desestabilizar as fronteiras e ameaçar a segurança regional.
Apoios à proposta apresentada por Trump e endossada por Netanyahu indicam uma falta de comprometimento genuíno com a paz por parte dos líderes israelenses aos olhos da Arábia Saudita. Essa visão destaca uma dinâmica complexa