Museu das Favelas realiza “I Seminário de Pesquisa Favela é o Centro”
Objetivo do projeto é reunir pesquisadores e institutos de pesquisa para debaterem os mais recentes estudos e publicações que tratem das favelas e periferias brasileiras
- Data: 15/09/2023 16:09
- Alterado: 15/09/2023 16:09
- Autor: Redação
- Fonte: Museu das Favelas
Museu das Favelas realiza I Seminário de Pesquisa Favela é o Centro em setembro
Crédito:Carlos Pires | Black Pipe
O Museu das Favelas, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, anuncia o I Seminário de Pesquisa Favela é o Centro apresentado pelo Itaú Unibanco. O projeto, que ocorrerá entre os dias 21 e 23 de setembro deste ano, tem o objetivo de contribuir para a disseminação de informações sobre as periferias e favelas brasileiras, trazendo mesas de debate e oficinas, reunindo mais de 15 especialistas de diferentes estados brasileiros.
A programação começa no dia 21 de setembro com a conferência de abertura, Favela é o Centro, ministrada pela Thuane Nascimento, também conhecida como Thux, diretora executiva do PerifaConnection. A conferência provoca e dá início a reflexão sobre o conceito de favelas, explorando sua relação territorial e o direito à cidade, além de abordar a intersecção entre segurança pública e o uso comum desses espaços. Com um enfoque na dimensão racial, busca-se analisar as favelas como um instrumento de manutenção e perpetuação social no Brasil. O evento acontece no Auditório, às 19h, e terá transmissão ao vivo pelo canal oficial do Museu das Favelas no YouTube.
Na sexta-feira (22), das 10h às 17h, no primeiro andar do Museu, ocorre a oficina “Debatendo o conceito de favelas com o IBGE”, com mediação de Cayo Franco, coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE, e Letícia Giannella, pesquisadora em Informações Geográficas e Estatísticas do Instituto. A oficina chega para debater a revisão da redação dos critérios e da nomenclatura “aglomerado subnormal”, utilizado pelo instituto desde 1991 para identificar, classificar e representar esses territórios em pesquisas como o próprio Censo. A oficina será um importante momento de diálogo com a sociedade civil, antecedendo de forma propositiva ao I Encontro Nacional de Produção, Análise e Disseminação de Informações sobre as Favelas e Comunidades Urbanas do Brasil, promovido pelo IBGE, e que busca ampliar a reflexão sobre a temática. A ação possui vagas limitadas com necessidade de inscrição prévia.
Ainda na sexta-feira, das 19h às 21h, no Auditório Estouro, acontece a primeira mesa de debate com o título: “Levantando Dados: Metodologias de Pesquisa na Quebrada”. O encontro tem a mediação de Luzinete Borges, membra do Centro de Estudos Periféricos (CEP) da UNIFESP, e conta com a participação de Rachel Rua, gerente do Data Favela, e Thiago Teles Brandão Ferreira, coordenador técnico do Censo 2022 no Estado de São Paulo. A mesa debate as diferentes metodologias aplicadas em suas pesquisas de alcance nacional e, também, apresenta dados e estatísticas que disputam estigmas comumente associados aos territórios de favelas e periferias.
No sábado (23), das 10h às 12h30, na Sala CORRE, ocorre a oficina de elaboração de verbetes para o Dicionário de Favelas Marielle Franco, com mediação de Thiago Ferreira e Caíque Azael, editores do site que reúne mais de 1.700 verbetes a respeito de referências sobre favelas e periferias do Brasil elaborados de forma colaborativa. A oficina faz parte da programação da 17ª Primavera de Museus – Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas, iniciativa promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A ação ocorre anualmente durante o início da estação da primavera, envolvendo museus e instituições culturais em todo o Brasil como forma de criar espaços de reflexão e diálogo sobre temas relevantes da sociedade contemporânea.
Ainda no sábado, das 12h às 17h, a livraria Suburbano Convicto, especializada em literatura marginal, terá um stand para exposição e comercialização de livros e publicações no jardim do Museu das Favelas. A partir das 14h, no Auditório Estouro, ocorre a segunda mesa de debate, sob o tema: “Cartografias periféricas: até onde vai meu mapa?”, que discutirá os limites e desafios sobre o mapeamento em zonas periféricas, e terá a participação dos palestrantes Aluízio Marino (coordenador do LabCidade), Igor Pantoja, (coordenador de Relações Institucionais no Instituto Cidades Sustentáveis), Jéssica Cerqueira, (representando o projeto Emergências Políticas Periféricas, realizado pelo Instituto Update) e a mediação de Wellington Fernandes, do coletivo Quebradamaps.
Para fechar a programação, a terceira e última mesa de debate da programação, sob o título: “Memórias periféricas: as diferentes formas de lembrar e esquecer”, no Auditório Estouro, das 16h às 18h. O encontro reúne os palestrantes: Claudia Ribeiro (coordenadora do Museu da Maré), Sônia Fleury (coordenadora do Dicionário de Favelas Marielle Franco) e Rafael Lucas Leonel (diretor do podcast Memórias Quebradas) e conta com a mediação de Suzy Santos (coordenadora do Museu Comunitário Jd. Vermelhão). A apresentação trará debates sobre as formas de se lembrar e esquecer das favelas e as pesquisas desenvolvidas por suas iniciativas focadas em preservação e construção de novas narrativas.
“O seminário parte de uma pergunta norteadora, que está na essência do desenvolvimento do Museu das Favelas, considerada primordial para qualquer discussão nesta área: “o que é favela?”. No entanto, mais do que discutir conceitos sociológicos, o seminário pretende debater como pensar políticas públicas a partir de um termo que é tão complexo de se definir. Todas as pesquisas e organizações convidadas tem o propósito de impactar na realidade desses territórios. São trabalhos de pesquisa que não visam apenas discutir teorias, mas principalmente levantar dados para mudanças pragmáticas e efetivas.”, afirma Renata Furtado, coordenadora do CRIA, Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca do Museu das Favelas.