Monitoramento de borboletas frugíveras em SP deve alcançar maior coleta de dados em 2024
Com 200 pessoas envolvidas, subprograma do MonitoraBioSP identificou cerca de 2,6 mil indivíduos a partir de 1.200 armadilhas em unidades de conservação
- Data: 29/04/2024 11:04
- Alterado: 29/04/2024 11:04
- Autor: Redação
- Fonte: Fundação Florestal
Crédito:Divulgação Semil
A Fundação Florestal (FF), órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) realiza o maior levantamento de borboletas frugívoras (família Nymphalidae) de São Paulo. Medida de baixo custo (cada armadilhamento possui custo médio de R$ 100) é um importante mecanismo para traçar indícios ambientais quanto ao grau de integridade e dos serviços ecossistêmicos por meio da qualidade de vida e hábitos das diferentes tribos (classificação biológica usada para identificação das borboletas frugívoras). Os dados são reportados ao estado e servem como ponto de partida para medidas de gestão e manejo a serem implementadas em diferentes áreas das UCs.
O monitoramento das borboletas acontece por meio da FF, dentro de um dos sete subprogramas do MonitoraBioSP, e conta com o apoio do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) para a realização dos estudos nas Unidades de Conservação (UC). São cerca de 200 pessoas envolvidas nas ações, entre essas, pesquisadores e profissionais capacitados para atuarem em campo com a coleta de dados. O programa conta ainda com voluntários que participam das atividades a partir de chamamentos públicos realizados por cada UCs. O objetivo é proporcionar maior conscientização das pessoas, que, se selecionadas, recebem treinamento para atuarem em campo.
Foram instalados no programa até o final de 2023, 1.200 armadilhas e realizadas mais de 6 mil revisões. O que permitiu a identificação de cerca de 2,6 mil indivíduos de borboletas frugívoras nas UCs do estado. “O sucesso do programa faz com que a ampliação seja possível e que tenhamos cada vez mais conhecimento acerca do grau de preservação das Unidades de Conservação. Tais medidas servem ainda como ótimos bioindicadores”, avalia Rodrigo Levkovicz, diretor-executivo da Fundação Florestal.
Para o desenvolvimento dos trabalhos – que também envolvem a identificação e quantificação das borboletas -, os pesquisadores e voluntários utilizam armadilhas de atração do tipo Van-Someren-Rydon (VSR), que ficam posicionadas em distâncias equivalentes na área a ser monitorada. A metodologia adotada para o sucesso do programa no estado se baseia em diretrizes internacionais (Guidelines for Standardised Global Butterfly Monitoring) e em concordância com orientações do Programa MONITORA-ICMBio, do Governo Federal.
Em cada UCs o monitoramento é dividido em duas campanhas com sete dias cada. O intervalo entre elas varia de 15 a 20 dias. No primeiro dia é realizada a instalação das armadilhas e a iscagem, que é preparada com uma mistura de banana nanica madura com caldo de cana ou açúcar mascavo. Com o processo de captura realizado, acontece a identificação das borboletas. Os dados aferidos são registrados com uso do aplicativo Survey123 e, após isso, as borboletas são imediatamente soltas. Para nortear esta etapa, a equipe também utiliza o Guia de Identificação de Tribos de Borboletas Frugívoras da Mata Atlântica Sul.
Neste ano, a FF terá a maior abrangência do subprograma, já que, desde 2021, realiza capacitações em Unidades de Conservação, produção e manejo por todo o estado. Em seu início, apenas duas UCs realizaram o monitoramento piloto, enquanto hoje já são 46 UCs aptas.
“A meta para este ano é expandir o monitoramento para o maior número de Unidades de Conservação possíveis dentro destas 46 que já possuem a capacitação. O nosso foco está em algumas áreas prioritárias como, por exemplo, os Parques Estaduais da Serra do Mar, Carlos Botelho e Cantareira. Também temos como objetivo específico trabalhar com a Estação Ecológica Jataí e Vassununga para compreensão da interferência na biodiversidade das borboletas ocasionadas pelos agrotóxicos nos canaviais próximos destas unidades”, conta Edson Montilha, gerente de Unidade de Conservação da Fundação Florestal e coordenador do Programa de Monitoramento de Biodiversidade.
Como resultado do monitoramento permanente é possível acompanhar a presença ou ausência das tribos de borboletas, além da frequência com que elas aparecem em cada UC, o que demonstra a qualidade ambiental da região. Afinal, as borboletas indicam a riqueza de um ecossistema.
Sobre as borboletas frugívoras
As borboletas frugívoras, pertencentes à família Nymphalidae, estão distribuídas em quatro subfamílias na região Neotropical: Satyrinae, Charaxinae, Biblidinae e Nymphalinae (tribo Coeini). Com representação aproximada de 20% da fauna de borboletas nesta região, as frugívoras fazem parte da maior família, distribuídas em 13 tribos. Esse grupo possui como característica a dieta, uma vez que são atraídas por matéria orgânica em decomposição, como frutos e animais, além de excrementos e dos exsudatos de plantas. As tribos de borboletas frugívoras alvo do monitoramento, são: Ageroniini, Biblidini, Callicorini, Epicalini, Epiphilini, Anaeini, Preponini, Coeini, Morphini, Melanitini, Brassolini, Haeterini e Satyrini. Como características que as distinguem das demais borboletas está o fato de terem dois pares de pernas.