Mitos e verdades sobre imunização
Marco Aurélio Sáfadi esclarece os principais pontos da vacinação como uma alternativa valiosa na prevenção de doenças graves
- Data: 07/08/2013 15:08
- Alterado: 07/08/2013 15:08
- Autor: Redação
- Fonte: Tino
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De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a vacinação é responsável por evitar até 3 milhões de mortes por ano no mundo. Entretanto, apesar de ser um conceito difundido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 22 milhões de crianças ainda não recebam imunização contra doenças que podem ser prevenidas.
Especialistas são unânimes em apontar a vacina como uma alternativa valiosa na prevenção de doenças graves que podem se manifestar em todas as fases da vida. Para entender melhor o assunto que envolve a saúde pública da população, o infecto-pediatra Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Comitê de Pesquisa Clínica da Sociedade Latino-Americana de Infectologia Pediátrica (SLIPE), esclarece os principais pontos que envolvem o tema. Confira:
1 – A vacinação é um mecanismo de proteção com foco infantil. Mito. A imunização começa na infância, entretanto, é um processo que deve seguir em todas as fases da vida, até a terceira idade, com o objetivo principal de prevenir doenças graves, sequelas e evitar mortes.
2 – O Calendário Básico de Vacinação do Brasil é definido pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interesse prioritário à saúde pública que são distribuídas gratuitamente da infância à terceira idade. Verdade. Vale a pena enfatizar que o PNI contempla a grande maioria das vacinas hoje disponíveis no mundo.
3 – Uma vez imunizado, o indivíduo está protegido por toda a vida contra a doença para a qual a vacina se propõe. Mito. Para algumas vacinas, sem as doses de reforço, a proteção acaba comprometida. Algumas vacinas tem uma duração limitada de proteção. O ideal é ter atenção às doses subsequentes, pois elas é que garantirão a manutenção e eficácia de proteção.
4 – Seguir a carteira de vacinação da infância à fase adulta é sinônimo de proteção contra o aparecimento de várias doenças como: paralisia infantil, tétano, difteria, sarampo, coqueluche (tosse convulsa), rubéola, gripe, meningite, hepatite, pneumonia e até contra alguns tipos de câncer. Verdade. Os benefícios da imunização em dia vão além da prevenção de enfermidades graves. O câncer do colo do útero, segundo mais prevalente entre as mulheres, atrás apenas do de mama, pode ser prevenido via vacinação contra o HPV.
5 – Os prematuros não podem receber vacinas. Mito. No Brasil, 9% das gestações terminam antes do tempo (inferior a 37 semanas). A imunização adequada para a criança precoce – mais suscetível a problemas de saúde em comparação ao que nasceu no tempo certo, por exemplo, protege contra doenças respiratórias importantes e garantem a saúde do bebê.
6 – Existe um calendário específico para as pessoas que trabalham em segmentos nos quais o risco de contrair um vírus é maior. Verdade. Trata-se do chamado calendário ocupacional que é recomendado, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), para vários profissionais, incluindo: médicos, enfermeiros, veterinários, garçons, guias de turismo, mergulhadores, salva-vidas e outros.
7 – Manter a carteira de vacinação em dia garante proteção na hora de viajar, fora do país de origem. Verdade. Entretanto, existem vacinas específicas, obrigatórias e recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para quem vai viajar para determinadas regiões e países de todo o mundo. Assim que o destino for conhecido, o ideal é a pessoa se informar, com a maior antecedência possível, sobre as exigências de vacinação do local visitado. Isso porque muitas vacinas, após a sua administração, levam um tempo para começar a conferir proteção ao indivíduo vacinado.
8 – A tríplice bacteriana, com uma só picada aos 60 dias de vida, inicia a proteção do bebê contra mais de um tipo de doença. Verdade. Chamada de vacina combinada, este tipo de imunização garante, com uma só picada, proteção ao bebê contra coqueluche, tétano e difteria. Os pais devem estar atentos às doses subsequentes da tríplice, que devem ser feitas com quatro e seis meses. O primeiro reforço entre 15 e 18 meses e o segundo reforço entre quatro e seis anos.
9 – Tomei a vacina contra gripe no ano passado e por isso estou protegido este ano. Mito. A imunização é eficaz apenas durante um período limitado. No caso da gripe, por exemplo, a cobertura varia entre 6 e 8 meses e demora até 15 dias após a vacinação para conferir proteção. Além disso como o vírus da gripe pode sofrer mutações de um ano para outro, as vacinas são produzidas todo ano de acordo com estas modificações do vírus.
10 – Em alguns casos, os pais ou cuidadores são os principais agentes transmissores de doenças aos filhos. Verdade. Isso ocorre, por exemplo, com a coqueluche, infecção respiratória de contágio pela fala, tosse ou espirro, que no ano passado teve um aumento de 97% no número de casos no Brasil. Para as crianças, a primeira dose da vacina é recomendada aos dois meses de vida. Entretanto, para aumentar a proteção e garantir a saúde do bebê, a partir deste ano, as gestantes já devem ter direito à imunização gratuita, o que garantiria a transmissão de anticorpos protetores da mãe para o filho.