Mineração ameaça Maceió: Bairro desaparece e revela impactos ambientais alarmantes
A exploração mineral, realizada pela empresa Braskem ao longo das últimas décadas, não impactou apenas Mutange
- Data: 15/11/2024 11:11
- Alterado: 15/11/2024 11:11
- Autor: Redação
- Fonte: g1
Crédito:Reprodução - g1 A
No mais recente levantamento do Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi constatado que o bairro Mutange, localizado na capital alagoana, Maceió, encontra-se completamente desocupado. Essa situação é resultado direto da extração de sal-gema, atividade industrial que afetou profundamente a região. No último censo realizado em 2010, Mutange contava com uma população de 2.632 habitantes.
A exploração mineral, realizada pela empresa Braskem ao longo das últimas décadas, não impactou apenas Mutange. Outros bairros da capital, como Pinheiro, Bom Parto, Bebedouro e Farol, também sofreram consequências severas. Estima-se que aproximadamente 60 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas e estabelecimentos comerciais devido ao risco iminente de desabamento. Mais de 14 mil imóveis apresentaram sinais de instabilidade no solo.
Historicamente, Mutange abrigava uma diversidade de edificações e instituições: desde residências e comércios até órgãos públicos e centros esportivos, incluindo o centro de treinamento do Centro Sportivo Alagoano (CSA) e um hospital psiquiátrico. As áreas de encosta eram predominantemente ocupadas por casas modestas e barracos.
Apesar da ausência atual de moradores, o IBGE confirmou que Mutange mantém seu status como bairro oficial segundo a Lei Municipal nº 4.687 de 1998. Este cenário reflete a complexidade dos desafios urbanos enfrentados por Maceió devido à mineração.
O impacto demográfico nos bairros afetados é significativo. Segundo os dados do Censo 2022, houve uma redução total de 30.131 habitantes nos bairros mais atingidos pela mineração – um número superior ao da população inteira de algumas cidades do interior alagoano, como São José da Laje.
Após a evacuação das residências em risco, iniciou-se um processo massivo de demolição dos imóveis comprometidos. Conforme informações da Defesa Civil Municipal, já foram demolidos 1.057 imóveis no bairro Mutange sozinho. O total chega a 9.173 quando se incluem todas as áreas impactadas.
Em resposta às desocupações forçadas, a Braskem implementou um Programa de Compensação Financeira no final de 2019 para indenizar os proprietários dos imóveis evacuados. Entretanto, muitos moradores insatisfeitos com os valores propostos optaram por buscar reparação judicial contra a mineradora.
O IBGE esclareceu que o levantamento censitário em Mutange foi conduzido com rigor metodológico habitual, abrangendo toda a extensão do bairro apesar da ausência de residentes durante o período do recenseamento.
Este cenário ilustra as consequências sociais e econômicas das atividades extrativas urbanas e reforça a importância de medidas preventivas e compensatórias para mitigar impactos sobre comunidades locais.