Mercado financeiro eleva previsão da inflação de 5,08% para 5,5%
Entenda as novas projeções do IPCA e os impactos na economia e na Selic
- Data: 27/01/2025 10:01
- Alterado: 27/01/2025 10:01
- Autor: Redação
- Fonte: Banco Central do Brasil
Crédito:Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve como o indicador oficial da inflação no Brasil, foi ajustada de 5,08% para 5,5% para o ano atual. Este dado foi publicado no Boletim Focus desta segunda-feira (27), uma pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central (BC) que reflete as expectativas das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos.
As projeções para os anos seguintes também sofreram alterações. Para 2026, a expectativa de inflação subiu de 4,1% para 4,22%. As previsões para 2027 e 2028 indicam taxas de 3,9% e 3,73%, respectivamente.
Vale ressaltar que a estimativa de inflação para 2025 excede o teto da meta estabelecida pelo Banco Central. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), essa meta é de 3%, com um intervalo de tolerância de até 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Portanto, o limite inferior é de 1,5% e o superior de 4,5%.
O ano de 2024 encerrou com uma inflação oficial de 4,83%, que ultrapassa o teto da meta estipulada pelo CMN. Em comparação, o IPCA de 2023 foi registrado em 4,62%. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os grupos de alimentos e bebidas foram os principais responsáveis pela pressão sobre o orçamento dos brasileiros durante o ano passado.
Taxa Selic e Política Monetária
Para atingir a meta inflacionária, o Banco Central utiliza a taxa Selic como seu principal instrumento de política monetária, atualmente fixada em 12,25% ao ano.
Devido à alta do dólar e incertezas relacionadas à economia global e à inflação interna, o BC decidiu aumentar a taxa Selic em sua última reunião de 2024, ocorrida em dezembro. Este foi o terceiro aumento consecutivo da Selic, reafirmando um ciclo de contração na política monetária. A taxa agora se encontra novamente no nível registrado em dezembro do ano anterior.
Após permanecer em 13,75% ao ano entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa passou por cortes sucessivos. Durante esse período, houve seis reduções de 0,5 ponto percentual e uma redução adicional de 0,25 ponto percentual até maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, a taxa foi mantida em 10,5% ao ano antes dos aumentos iniciados em setembro.
O Copom (Comitê de Política Monetária) informou que pode aumentar a taxa Selic em até um ponto percentual nas próximas duas reuniões caso as previsões se concretizem. A primeira reunião deste ano está agendada para os dias 28 e 29 e as expectativas do mercado são voltadas para uma elevação da Selic para 13,25% ao ano.
Para o final de 2025, projeta-se que a taxa básica atinja os 15% ao ano. Já para os anos subsequentes – 2026, 2027 e 2028 – as previsões indicam uma redução gradual para taxas de 12,5%, 10,38% e 10%, respectivamente.
Quando o Copom aumenta a Selic, a intenção é conter uma demanda aquecida. Isso impacta os preços devido ao encarecimento do crédito e um estímulo à poupança. Contudo, outros fatores também influenciam as taxas cobradas pelos bancos aos consumidores, como risco de inadimplência e custos operacionais; portanto, taxas mais altas podem dificultar o crescimento econômico.
A redução na Selic tende a baratear o crédito, incentivando a produção e consumo, embora isso possa reduzir o controle sobre a inflação.
Crescimento do PIB e Taxa de Câmbio
A expectativa das instituições financeiras sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano aumentou ligeiramente de 2,04% para 2,06%. As projeções para os anos seguintes indicam um crescimento previsto de 1,72% em 2026 e expansão do PIB em torno de 1,96% e 2% para os anos seguintes (2027 e 2028).
No terceiro trimestre de 2024, houve um crescimento do PIB de 0,9% em relação ao segundo trimestre. O IBGE aponta que a alta acumulada no ano até setembro foi de impressionantes 3,3%.
Em um panorama mais amplo, a economia brasileira superou as expectativas em 2023 com um crescimento real de 3,2%, após ter registrado uma expansão econômica de 3% em 2022.
Por fim, as previsões indicam que a cotação do dólar deverá se estabilizar em torno dos R$6 até o final deste ano e deverá permanecer nesse patamar até o final de 2026.