Maria Fernanda Paes de Barros tem obras expostas na SP-Arte 2022
Festival Internacional de Arte de São Paulo, acontece presencialmente no prédio da Bienal no Parque Ibirapuera
- Data: 08/04/2022 14:04
- Alterado: 17/08/2023 06:08
- Autor: Redação
- Fonte: SP-Arte 2022
Obra
Crédito:Divulgação
A artista, designer, pesquisadora e fundadora da Yankatu, Maria Fernanda Paes de Barros, participa da edicão 2022 da SP-Arte, Festival Internacional de Arte de São Paulo, que acontece presencialmente no prédio da Bienal no Parque Ibirapuera, entre os dias 6 e 10 de abril. Ela fará parte do acervo da Galeria D.Propósito, que contará com peças lançadas por Maria Fernanda que resumem de forma poética a filosofia de trabalho junto à tradição ancestral brasileira. A D.Propósito nasceu com a ideia de fomentar o design que tenha um propósito que vai além do desenho, contribuindo para sua dissipação e conscientização de nossa cultura.
São três peças criadas por Maria Fernanda após uma longa e bonita jornada em diferentes povos de regiões específicas do país: A aldeia Kaupu¨na, da etnia Mehinaku, no Alto Xingu, sul da Floresta Amazônica, e a aldeia Mãe Barra Velha, da etnia Pataxó, em Porto Seguro, na Bahia. No Alto Xingu, Maria Fernanda desenvolveu a Coleção Xingu, da qual fazem parte o Armário Oca e o Bufê Abrigo; na aldeia Mãe Barra Velha, veio a inspiração para a criação do pendente Halo, que faz parte da coleção Filhos da Terra.
Entre as três peças (todas ainda não apresentadas ao público), há uma inédita. O pendente Halo, feito com estrutura em peroba de demolição e flores de penas brancas de galinha, feitas pela artista Txahamehé Pataxó, remete às tiaras das mulheres da aldeia da etnia Pataxó. “Foi lá, sentada sob o céu estrelado que assisti pela primeira vez um ritual de homenagem e agradecimento à lua. Cantos acompanhados por passos ritmados ao redor da fogueira, corpos com o brilho avermelhado do fogo, cocares e tiaras feitos com penas se destacam e naqueles instantes conectam Céu e Terra”, comenta. “Assim nasceu o pendente Halo, buscando transmitir toda a magia daquele momento”.
Na peça, as flores feitas com penas brancas circundam a estrutura esculpida em peroba rosa de demolição, que abriga uma fita de led, proporcionando uma luz indireta e acolhedora. “Nesta experiência, tinha um constante sentimento de que somos todos filhos da Terra”, diz Maria Fernanda.
O armário Oca e o Bufê Abrigo fazem parte da Coleção Xingu e foram lançados em 2020 e 2021 respectivamente mas, por conta do isolamento social imposto pela pandemia, nunca foram expostos. Por isso é a oportunidade dos visitantes conhecerem de perto.
Esta coleção foi produzida remotamente, por conta do isolamento social imposto pela pandemia. “A ideia inicial era levar para a aldeia cilindros de madeira para propor às mulheres substituirmos os talos de buriti e, juntas, tecermos uma nova esteira. Mas a pandemia chegou e foi impossível retornar. Resolvi, então, propor uma nova abordagem com o auxílio do meu amigo Kulikyrda “Stive” Mehinaku. Ele conversou com as mulheres que concordaram em me ensinar a tecer uma esteira por meio de aulas em vídeo”, conta a artista. Dessa forma, Stive enviava mensagens, vídeos e áudios, materiais que ajudaram Maria Fernanda a desenvolver, aos poucos, uma coleção que contava as distintas histórias, mas que, em algum momento, começaram a formar uma nova narrativa.
Inspirado na arquitetura das ocas e nas esteiras feitas pelas das mulheres com talos de buriti e fios de algodão, o Bufê Abrigo apresenta a tradição sob uma nova perspectiva. “A oca é lugar de abrigo e proteção. É nela que famílias inteiras vivem, protegidas do sol intenso e dos animais do bioma onde estão inseridas. Suas formas arredondadas são conseguidas utilizando-se troncos de pindaíba, finos, compridos e flexíveis, amarrados com casca de embira”, explica Maria Fernanda. É daí que vem o nome do móvel, cujas portas abrem e fecham como abraços que acolhem e protegem. O armário Oca evoca a beleza desse trançado, propondo novas inserções da tradição da cultura Mehinaku em móveis contemporâneos.
Serviço
SP-Arte
Data – Até 10 de abril
Local – Prédio da Bienal do Parque Ibirapuera
www.mariafernandapaesdebarros.com.br