Marco de uma São Paulo bucólica, lampiões a gás voltam a iluminar o Pateo do Collegio
O último lampião a gás operacional da Cidade foi desligado em 08 de dezembro de 1936
- Data: 22/09/2023 11:09
- Alterado: 22/09/2023 11:09
- Autor: Redação
- Fonte: Prefeitura de São Paulo
Carol Prado/Subprefeitura Sé
Crédito:São Paulo
Resgatar e preservar a memória material e imaterial do Centro de São Paulo são algumas das missões da Prefeitura de São Paulo. Em mais um passo importante nesse sentido, no primeiro semestre deste ano, foi iniciada uma parceria entre a Subprefeitura da Sé e a Comgás, responsável pela operação dos lampiões a gás do Pateo do Collegio.
Após a revitalização das luminárias, reposição de peças e realizados os testes, os lampiões foram reinaugurados na última quinta-feira (14), durante o evento “Lampiões, a luz da alma paulistana!”, uma caminhada aberta ao público, no Pateo do Collegio. Todo o percurso foi iluminado pela luz dos lampiões a gás.
O supervisor de Cultura da Subprefeitura Sé, Luiz Arruda, resume a importância dos lampiões para a memória da cidade: “A tecnologia tem avançado muito, tornando nossas ruas mais claras. Mas os lampiões a gás, memória de uma São Paulo bucólica que segue viva na lembrança, continuam iluminando os nossos corações”.
A história dos lampiões a gás foi iniciada em 1873, quando a San Paulo Gas Company, a atual Comgás, passou a ser responsável pela iluminação da fachada de importantes locais da capital, como a Catedral da Sé. O gás era obtido pela queima do carvão — bem antes disso, a partir de 1830, existiam lampiões que funcionavam pela combustão do óleo, inclusive o de baleia. Em 1873, havia cerca de 700 estruturas do tipo pela cidade, que se multiplicaram e caracterizaram a iluminação pública.
Os lampiões eram acesos e apagados manualmente por profissionais que ajudaram a escrever as crônicas poéticas da cidade. Em noites de lua cheia, era possível manter os lampiões apagados, por razão de economia.
A iluminação a gás representou um marco para São Paulo. As ruas, antes desertas à noite, passaram a ter movimento de pessoas. Boêmios, estudantes, jornalistas, políticos, famílias circulavam a pé pelo Triângulo Histórico, mais iluminado e seguro pela entrada em serviço dos lampiões a gás.
O último lampião a gás operacional da Cidade foi desligado em 08 de dezembro de 1936. As luzes à moda antiga do Pateo do Collegio resistiram e na década de 70, passaram a ter como base o gás de nafta.
A partir do final dos anos 1980, passou-se a utilizar o atual gás natural. O acendimento ainda se dava de forma manual e intermitente.
Em 2001, o sistema foi convertido para a ligação automatizada. Em 2013, os postes foram desligados de vez. E reativados em uma nova parceria com a Prefeitura em 2018 com o acendimento automático de 38 unidades.
O conjunto traz dispositivos acionados por uma fotocélula, que identifica a queda da luminosidade natural e libera o gás em um queimador. Ao clarear, o fornecedor é desligado automaticamente.
Para o subprefeito da Sé, Alvaro Camilo, o acendimento desses lampiões remete à riqueza do patrimônio histórico concentrado na região Central. “Temos edifícios tombados, caminhadas noturnas que narram eventos importantes e os lampiões serão mais um atrativo para nossa população que circula pelo Centro”, destaca.
Anoitecer encantador
Para celebrar este momento, a Subprefeitura Sé e a Comgás realizam o evento “Lampiões, a luz da alma paulistana!”, uma caminhada unindo arte e história pelo Pateo do Collegio e Rua Roberto Simonsen.
O percurso foi companhado pelos Trovadores Urbanos e de poetas em uma declaração de amor à cidade de São Paulo. O Coral Schola Cantorum apresentará “O Sonho da Virgem”, em tupi, composto por José de Anchieta.
A Associação Comercial de São Paulo, Pateo do Collegio, Museu da Cidade de São Paulo, Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana e #TodospeloCentro apoiam este evento gratuito e aberto ao público.