Lula deve fazer primeira visita do mandato ao MST nesta sexta (7)

Presidente se aproxima do movimento sem-terra em momento crítico de sua administração; evento destaca entrega de assentamentos e lançamento de programa.

  • Data: 02/03/2025 08:03
  • Alterado: 02/03/2025 08:03
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS
Lula deve fazer primeira visita do mandato ao MST nesta sexta (7)

Crédito:Divulgação

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou que o chefe do Executivo fará uma visita ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta sexta-feira, dia 7, marcando a primeira vez que Lula se dirige a um acampamento desde o início de seu atual mandato.

O local da visita será o Quilombo Campo Grande, situado em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, a cerca de 335 km de Belo Horizonte. O MST planeja reunir aproximadamente 5.000 pessoas para receber o presidente, em um evento que promete ser significativo para a relação entre o governo e o movimento.

Na próxima segunda-feira, dia 3, lideranças do governo e representantes do MST se encontrarão para discutir os detalhes da organização do evento. A agenda inclui a oficialização da entrega de assentamentos, com destaque para o Quilombo Campo Grande, além do lançamento do programa Desenrola Rural, uma iniciativa recente destinada à negociação de dívidas dos produtores rurais.

A reaproximação de Lula com o MST ocorre em um momento crítico de sua administração, quando o presidente enfrenta desafios relacionados à queda de popularidade. Desde o início deste ano, Lula tem intensificado seus esforços para estabelecer um diálogo com os sem-terra, incluindo um convite para uma reunião em Brasília e a participação de João Paulo Rodrigues, uma das principais lideranças do movimento, na posse do novo presidente uruguaio, Yamandú Orsi.

A escolha de Gleisi Hoffmann como ministra da Secretaria de Relações Institucionais também foi recebida com entusiasmo pelas lideranças do MST, uma vez que ela é vista como uma interlocutora importante entre o movimento e o governo.

Desde o início de sua gestão em 2023, o MST tem pressionado por uma visita presidencial. Em janeiro, Lula se reuniu com líderes do movimento no Palácio do Planalto para debater os programas governamentais voltados à reforma agrária, que têm sido alvo de críticas por parte dos sem-terra. O Ministério do Desenvolvimento Agrário informou que cerca de 71.400 famílias foram assentadas ao longo de 2024; no entanto, o MST contesta esses números e exige que sejam assentadas 100.000 famílias que ainda estão acampadas pelo Brasil.

A visita ocorre em um contexto prévio às mobilizações nacionais do MST programadas para março, incluindo a Jornada de Lutas das Mulheres Sem-Terra e o Abril Vermelho, que é caracterizado por marchas e ocupações. Vale lembrar que foi durante as ações do Abril Vermelho em 2023 que surgiram tensões entre Lula e o movimento, especialmente após invasões de propriedades ligadas à empresa Suzano e à Embrapa.

A resposta do governo foi endurecida frente ao movimento, que criticou a lentidão dos programas relacionados à reforma agrária e ao fomento à agricultura familiar. Ceres Hadich, integrante da direção nacional do MST, afirmou que as recentes entregas governamentais são insuficientes e tardias. No entanto, ressaltou a importância simbólica dessas ações devido ao fato de se referirem a áreas que aguardam regularização há décadas. O Quilombo Campo Grande existe desde 1998 e aguarda soluções efetivas.

Ceres destacou que “não podemos esquecer que já estamos no terceiro ano do governo Lula e até agora pouco foi feito pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário no que diz respeito à reforma agrária”, embora reconheça a relevância da retomada da criação de assentamentos por meio de decretos de desapropriação por interesse social como um sinal positivo da política atual.

Além disso, os sem-terra esperam que Lula faça anúncios significativos durante sua visita relacionados ao apoio à produção agrícola e ao desenvolvimento da agroecologia e cooperativismo.

A relação entre Lula e o MST tem sido historicamente marcada por altos e baixos; aproximações geralmente ocorrem em momentos de vulnerabilidade política do presidente. Um exemplo notável ocorreu em 2018, quando Lula foi preso e recebeu apoio ativo dos sem-terra com a Vigília Lula Livre em Curitiba por mais de 580 dias. Em 2016, durante mobilizações contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT), o MST posicionou-se criticamente diante das políticas reformistas da então presidenta.

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  • Data: 02/03/2025 08:03
  • Alterado:02/03/2025 08:03
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