Lula deve escolher embaixadora para representar Brasil na posse de Maduro
Embora as relações entre as partes tenham se deteriorado após o pleito eleitoral, a manutenção da embaixadora visa garantir um canal de comunicação com o governo venezuelano.
- Data: 02/01/2025 20:01
- Alterado: 02/01/2025 20:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil
O governo brasileiro, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu designar Glivânia Maria de Oliveira, atual embaixadora do Brasil na Venezuela, para representar o país durante a cerimônia de posse do presidente Nicolás Maduro. O evento está programado para ocorrer no dia 10 de janeiro.
A nomeação de Glivânia, que ocupa o cargo em Caracas desde o início de 2024, reflete a continuidade da política externa brasileira diante das recentes e controversas eleições que reelegeram Maduro para um terceiro mandato, conforme anunciado por instituições eleitorais sob controle do chavismo.
Embora as relações entre o governo Lula e o regime de Maduro tenham se deteriorado após o pleito eleitoral, a manutenção da embaixadora visa garantir um canal de comunicação com o governo venezuelano. A escolha do representante brasileiro para a posse é um indicativo da relevância que o Brasil atribui às suas relações internacionais. Em contrapartida, Lula prestigiou a cerimônia de posse de Claudia Sheinbaum no México, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin foi enviado para eventos na Guatemala e no Irã.
Até mesmo na cerimônia de posse do novo presidente argentino Javier Milei, cuja ideologia é oposta à de Lula, o chanceler Mauro Vieira foi designado como representante brasileiro, evidenciando a importância das relações bilaterais entre Brasil e Argentina, apesar das divergências ideológicas.
As eleições realizadas em julho de 2024 foram marcadas por alegações de fraude, com a oposição afirmando ter conquistado a vitória e apresentando atas eleitorais que supostamente confirmariam o triunfo do diplomata Edmundo González. Contudo, Maduro não apresentou as documentações que sustentariam a vitória proclamada pelas autoridades eleitorais.
Essa situação resultou em um impasse que intensificou a crise diplomática entre o governo Lula e o regime venezuelano. O governo chavista passou a criticar publicamente Lula e seu Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), chegando a acusá-lo de estar alinhado aos interesses do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Celso Amorim, assessor próximo a Lula e presente em Caracas durante as eleições, foi rotulado pelo chavismo como “mensageiro do imperialismo norte-americano”.
Em um contexto adicional, o Brasil assumiu a responsabilidade pela proteção diplomática da embaixada argentina em Caracas, onde opositores políticos buscam abrigo há vários meses. O regime venezuelano chegou a declarar que havia encerrado sua custódia sobre a embaixada brasileira, gerando temores sobre uma possível invasão do local. Entretanto, os agentes venezuelanos não chegaram a adentrar as instalações diplomáticas, e os asilados continuam seguros.
A situação na embaixada argentina influenciou a decisão de González de deixar a Venezuela e solicitar refúgio na Espanha em setembro passado. Embora tenha expressado seu desejo de retornar a Caracas para assumir sua posição como presidente legítimo do país, não existem indícios claros de que o regime esteja disposto a facilitar uma transição política.