Jardim Pantanal, em SP, sofre com alagamentos históricos
Prefeitura planeja obras de drenagem e compensações financeiras para moradores
- Data: 04/02/2025 07:02
- Alterado: 04/02/2025 07:02
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Alagamento
Crédito:Reprodução - TV Globo
Situado à margem do Rio Tietê, o Jardim Pantanal, um bairro na Zona Leste de São Paulo, enfrenta mais um episódio de alagamentos severos. Desde a madrugada do último sábado (1º), a área se encontra submersa em água devido às intensas chuvas que afetaram a capital paulista.
Historicamente, os moradores do Jardim Pantanal lidam com essas enchentes desde a década de 1980. A região, que abriga aproximadamente 45 mil habitantes, caracteriza-se por sua localização em uma área de várzea, onde o rio apresenta um fluxo mais lento e realiza curvas acentuadas. Embora deveria ser designada como Área de Proteção Ambiental (APA), a ocupação desordenada transformou a área em um bairro densamente povoado.
Desde a chegada dos primeiros habitantes na década de 80 até os anos 2000, o crescimento da ocupação irregular acentuou a vulnerabilidade da região. Tentativas do poder público para realocar os moradores falharam, levando à implementação de infraestrutura ao longo das margens do rio, como conjuntos habitacionais, escolas e piscinões.
Um dos episódios mais críticos ocorreu em 2009, quando uma grande enchente deixou o bairro alagado por mais de 20 dias. Em resposta aos constantes alagamentos, o ex-governador João Doria inaugurou uma barreira em 2020 com o intuito de mitigar os impactos das cheias.
Mais recentemente, o prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB) anunciou um investimento significativo de R$ 400 milhões em obras voltadas para drenagem e outras iniciativas para conter as enchentes na região.
Numa declaração feita na última segunda-feira (3), Nunes mencionou a possibilidade de oferecer compensações financeiras entre R$ 20 mil e R$ 50 mil para incentivar os moradores a deixarem suas casas. “Estamos considerando propostas de auxílio financeiro para as pessoas que decidirem sair, realizando demolições e oferecendo suporte financeiro”, afirmou o prefeito.
Nunes destacou que não vê outra alternativa viável para solucionar os problemas recorrentes das enchentes além da remoção dos residentes da área afetada. “Com 30 anos de problemas nessa localização, não identifico uma solução eficaz sem incentivar as pessoas a saírem”, completou.
A preocupação dos moradores é palpável. Tereza Gomes, uma residente da região há três décadas, expressou seu receio: “Nunca vi a situação tão crítica. Esperamos uma solução que realmente melhore nossas vidas”. Outros cidadãos, como Wanderson Gonçalves da Costa, relataram dificuldades para acessar suas casas devido ao alagamento prolongado.
No contexto das promessas feitas pela gestão municipal, em 2023 foi anunciado um projeto para construir um pôlder na área do Jardim Seabra — parte do distrito — como uma tentativa de reduzir as inundações. O pôlder é uma técnica comum em regiões propensas a alagamentos e visa proteger áreas habitadas ou agrícolas da inundação.
A Secretaria Municipal das Subprefeituras informou que melhorias já foram implementadas na margem do principal córrego do bairro e que o pôlder deverá entrar em operação em breve. Além disso, está previsto um aumento na capacidade de drenagem da Vila Seabra e adjacências com novas galerias pluviais.
A prefeitura enfatizou que ações estão sendo realizadas para regularizar fundiariamente cerca de 4.000 famílias na região e que melhorias na infraestrutura estão em andamento.
Enquanto isso, os moradores continuam enfrentando as consequências das chuvas intensas, com ruas alagadas e incertezas sobre o futuro da região.