Janeiro, mês de falar em saúde mental
Pandemia afetou a saúde mental de milhares de pessoas. Estima-se que no Brasil, 18,6 milhões sofrem de ansiedade
- Data: 27/01/2022 20:01
- Alterado: 27/01/2022 20:01
- Autor: Andréa Brock
- Fonte: ABCdoABC
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Estamos nos últimos dias do primeiro mês do ano. Mês em que o Ministério da Saúde realiza o Janeiro Branco. Trata-se de uma campanha anual com o objetivo de fazer com que as pessoas reflitam sobre saúde mental. Agora, mais do que nunca, é hora de reconhecermos que a saúde mental é tão importante quanto as doenças físicas.
Em outubro do ano passado, em Genebra, a Organização Mundial de Saúde lançou o novo Atlas de Saúde Mental (Mental Health Atlas, em inglês) num cenário de pandemia que afetou o mundo e abalou a saúde mental de milhares de pessoas.
A última edição do Atlas, que inclui dados de 171 países, forneceu uma indicação clara de que a maior atenção dada à saúde mental nos últimos anos ainda não resultou em um aumento de escala de serviços mentais de qualidade que esteja alinhado com as necessidades.
Publicado a cada três anos, o Atlas é um compilado de dados fornecidos por países de todo o mundo sobre políticas de saúde mental, legislação, financiamento, recursos humanos, disponibilidade e utilização de serviços e sistemas de coleta de dados. É também o mecanismo para monitorar o progresso em direção ao cumprimento das metas do Plano de Ação Integral de Saúde Mental da OMS.
“É extremamente preocupante que, apesar da necessidade evidente e crescente de serviços de saúde mental, que se tornou ainda mais crítica durante a pandemia de COVID-19, as boas intenções não estejam sendo atendidas com investimentos”, declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, ao lançar o Atlas. “Devemos prestar atenção e agir de acordo com este chamado para despertar e acelerar drasticamente a ampliação do investimento em saúde mental, porque não há saúde sem saúde mental.”
TEMA EM ALTA: o fato é que nunca se falou tanto em saúde mental como nos últimos tempos em que o mundo enfrenta a crise sanitária da COVID-19 19. Porém, antes mesmo de a pandemia se tornar parte da vida de toda a população do mundo, os números já eram alarmantes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros e os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número de pessoas incapacitadas nas Américas. A Covid-19 fez não só com que esses transtornos se agravassem, mas também trouxe novas questões. Com o objetivo desentender o contrato, especialistas criaram termos para dar nome aos sentimentos e ao estado psíquico que muita gente tem vivenciado.
Fadiga pandêmica, por exemplo, é a terminologia adotada pela OMS para designar o cansaço e o esgotamento físico e mental provocados pela pandemia. As limitações e restrições na vida social, financeira, entre outras limitações, aumentam a falta de perspectiva e diminuem o poder de planejamento. Nada disso é, em si, um sério transtorno psíquico, mas esse tipo de sofrimento prolongado pode, segundo a organização, gerar ansiedade, depressão e insônia, mesmo em quem não apresentava qualquer tendência prévia.
São Paulo – Uma pesquisa divulgada em dezembro último feita pela Fiocruz revelou que as mulheres sofreram mais danos à saúde mental durante a pandemia. Elas se sentiram mais isoladas e também relataram mais sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Além disso, elas também sofreram com a sobrecarga de trabalhos domésticos durante esse período. Os dados são da série Cenários da Covid-19, que faz parte do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa-Brasil). O levantamento foi feito a partir de levantamento com 5 mil participantes da própria fundação.
No levantamento, 14% dos entrevistados avaliaram sua saúde mental como “regular a muito ruim”. Durante o distanciamento social, 24% das mulheres apresentaram sintomas de depressão. Dentre os homens, 17% declararam o mesmo. Um quarto delas (20%) também relataram sintomas de ansiedade, quase o dobro entre eles (11%). Já em relação ao estresse, enquanto apenas um em cada dez homens (10%) relataram sinais, para elas, esse número chegou a 17%.