Itaú Unibanco processa ex-CFO Alexsandro Broedel por desvio de R$ 3,35 milhões

Itaú Unibanco processa ex-CFO Alexsandro Broedel por R$ 3,35 milhões; acusações de fraude e desvio de poder chocam o mercado financeiro.

  • Data: 30/01/2025 22:01
  • Alterado: 30/01/2025 22:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Itaú Unibanco processa ex-CFO Alexsandro Broedel por desvio de R$ 3,35 milhões

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Na última quinta-feira, dia 30, o Itaú Unibanco apresentou uma ação judicial contra Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro da instituição, reivindicando uma indenização de R$ 3,35 milhões. O banco alega que Broedel cometeu atos de desvio de poder e geriu de maneira abusiva, conflituosa e irregular ao supostamente embolsar parte dos pagamentos destinados a serviços contratados.

Conforme expõe a instituição financeira, Broedel frequentemente buscava os serviços da consultoria de Eliseu Martins, amplamente reconhecido como um dos principais contadores do Brasil e com uma trajetória que inclui passagens pela diretoria do Banco Central, pela FEA-USP e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), além da presidência da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras).

No entanto, segundo as alegações do Itaú, Broedel era sócio de Martins e recebia 40% dos pagamentos feitos pelo banco à referida consultoria. “A notoriedade dos envolvidos contrasta com a natureza ilícita das ações realizadas ao longo dos anos. Uma investigação interna meticulosa revelou que o ex-CFO (Alexsandro Broedel) e Eliseu Martins, junto a seus filhos e empresas, orquestraram um esquema que, apesar de sofisticado em suas tentativas de encobrimento, visava a execução de uma fraude primária”, informam os advogados do banco na defesa apresentada à Justiça.

A ação judicial aponta que tais práticas somente ocorreram com o consentimento implícito de Martins. “É amplamente conhecido, especialmente para alguém tão experiente quanto o Sr. Eliseu, que não se pode remunerar o administrador da companhia anônima que o contrata — assim como é sabido que pagar um político para obter um contrato estatal é crime”, afirmam os representantes legais do Itaú.

Embora acuse Martins no processo, o Itaú não solicita a devolução dos valores relativos aos serviços prestados. Em vez disso, requer a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios e o reembolso das despesas processuais.

O banco também levanta sérias dúvidas sobre as circunstâncias em que se deram as contratações e a efetividade da prestação dos serviços. No entanto, esclarece que esses pontos não serão debatidos nesta ação específica, que busca apenas a devolução dos valores que considera indevidos recebidos por Broedel.

Além disso, conforme consta no processo, Broedel nunca informou à instituição que era sócio de Martins e que esta consultoria estava envolvida em diversos litígios judiciais com pedidos de indenização significativos. Tais circunstâncias seriam fatores motivadores da alegada fraude.

Entre as ações citadas estão processos de execução de títulos extrajudiciais contra o Bradesco no valor de R$ 610 mil, contra o Safra somando R$ 272 mil e outro contra a Prefeitura de São Paulo no montante de R$ 52 mil.

A defesa do Itaú enfatiza ainda que o Código de Ética e Conduta da instituição proíbe explicitamente que diretores se envolvam em contratações com pessoas com quem mantêm relações societárias. Contudo, segundo os advogados do banco, Broedel agiu exatamente em desacordo com essa diretriz.

De acordo com estimativas internas do Itaú, foram desembolsados R$ 13,2 milhões para a consultoria durante o período em questão; desse total, R$ 4,86 milhões teriam sido creditados diretamente a Broedel.

Diante da prescrição parcial desses pagamentos, a instituição está requerendo a devolução dos R$ 3,35 milhões restantes com acréscimos legais e juros moratórios.

Em resposta às acusações formuladas contra ele, Broedel classificou-as como “infundadas e sem sentido”, assegurando ter sempre agido com ética e transparência ao longo dos seus 12 anos na organização. Em julho do ano passado, ele anunciou sua saída do Itaú para assumir um cargo no Santander na Espanha; entretanto, essa contratação ainda aguarda confirmação final.

O executivo também afirmou que Eliseu Martins prestava serviços ao banco há várias décadas antes mesmo da sua nomeação para a diretoria.

“É surpreendente que o Itaú suscite suspeitas sobre condutas impróprias apenas após minha renúncia para assumir uma posição em uma das principais instituições concorrentes”, comentou a assessoria jurídica do ex-CFO, destacando que tomará as medidas legais apropriadas diante das alegações.

Até o momento em que esta matéria foi escrita, Eliseu Martins não havia se pronunciado. Quando as primeiras informações sobre o caso emergiram em dezembro passado, ele afirmou que sua conduta profissional poderia ser verificada através de seus longos anos de serviço ao Itaú.

A assessoria comunicou ainda: “Com o Itaú mantenho uma relação profissional sólida há quase cinco décadas e sempre tive vínculos acadêmicos e profissionais com Alexsandro Broedel desde sua época como aluno na FEA/USP até sua atuação como professor”. O banco optou por não comentar mais sobre o caso.

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  • Data: 30/01/2025 10:01
  • Alterado:30/01/2025 22:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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