Itaú Cultural apresenta as peças A Invenção do Nordeste e Portar(ia) Silêncio
Os espetáculos fecham a série de atividades realizadas pelo instituto durante o mês em torno da temática desta região do nordeste brasileiro
- Data: 27/05/2019 10:05
- Alterado: 27/05/2019 10:05
- Autor: Redação
- Fonte: Itaú Cultural
Crédito:Daniel Torres
O sertão é a temática que conduz os dois espetáculos que o Itaú Cultural apresenta de 30 de maio a 2 de junho (quinta-feira a domingo), encerrando o Maio dos Sertões, com ações voltadas à cultura da região. Portar(ia) Silêncio reflete sobre as implicações existenciais do processo de desterritorialização sofrido pelos que saíram da região, e sobre o ser migrante que existe dentro de cada um. Já em A Invenção do Nordeste, o Grupo Carmin dá luz às questões de identidade e cultura levantadas por uma dupla de atores nordestinos, quando eles se preparam para personificar no palco a figura do nordestino.
As sessões dos dias 30 e 31 de maio (quinta-feira e sexta-feira) são de Portar(ia) Silêncio, peça que traça um paralelo documental entre as memórias de migrante do ator e dramaturgo João Batista Junior e os vídeos com histórias de nove nordestinos que trabalham como porteiros de edifícios em São Paulo. Mesclando vídeos, entrevistas e atuação presencial, o espetáculo dá luz às experiências de migração desses homens, que encontram na metrópole paulista o destino de seus sonhos, apesar de suas atividades profissionais refletirem a condição daquele que apreende o mundo através do silêncio e da invisibilidade.
Esta montagem, estreada em janeiro, busca criar uma relação intimista entre ator, projeções e público, como se todos estivessem juntos na portaria de um prédio – espaço usado como metáfora para representar um lugar de passagem, assim como um “não lugar” que separa o espaço público do privado. Ali são evidenciados os sentimentos de ausência, medo, saudade e não pertencimento provocados por estes deslocamentos nos nordestinos, que alimentam sua identidade a partir de suas memórias.
O ponto de partida para a encenação foram as raízes nordestinas de Batista Júnior. Dramaturgo de teatro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ele mora em São Paulo, onde é membro fundador e diretor do Coletivo Estopo Balaio de Criação, Memória e Narrativa. No grupo, dirigiu os espetáculos Daqui a Pouco o Peixe Pula, O que Sobrou do Rio, A Cidade dos Rios Invisíveis e Nos Trilhos Abertos de um Leste Migrante. Com o Núcleo Chicote de Língua, escreveu e dirigiu o espetáculo As Três Marias. Assina também a direção de Roupa Suja, montagem feita a partir de quatro contos do escritor Marcelino Freire. É, ainda, professor do curso de pós-graduação em gestão do Instituto Itaú Cultural 2018/2019.
Identidade
Nos dias 1 e 2 de junho (sábado e domingo), o Grupo Carmin apresenta A Invenção do Nordeste, trama na qual um diretor é contratado por uma grande produtora para selecionar um ator nordestino que possa interpretar com maestria um personagem de mesma origem. Durante o tempo da preparação, os dois atores finalistas, vindos do Rio Grande do Norte, passam a refletir sobre se existe apenas uma identidade nordestina.
A ideia do espetáculo foi da atriz e diretora Quitéria Kelly, em razão da série de reações xenófobas sofridas pelos nordestinos durante as eleições presidenciais de 2014. Inspirada na obra A Invenção do Nordeste e Outras Artes, de Durval Muniz de Albuquerque Jr., Quitéria propôs desconstruir no palco a imagem estereotipada do Nordeste e do(a) nordestino(a).
Assim, esta peça traça uma trajetória hilária e ao mesmo tempo conflitante da história recente da região. Unidade sociopolítica e cultural reconhecida por suas individualidades, o Nordeste também traz consigo os estereótipos alimentados nas últimas décadas pela literatura, cinema, música e artes visuais brasileiras.
Estreado em 2017, o espetáculo é o primeiro dirigido por Quitéria Kelly. Formada em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a atriz é uma das fundadoras do Grupo Carmin. No teatro, integrou os elencos de Pobres de Marré, Por que Paris e Jacy – esta última, eleita como uma das 10 melhores peças de 2015 pelo jornal Estado de S.Paulo. No audiovisual, suas produções mais recentes são a websérie de comédia Dalton/Hebe, dirigida por Pedro Fiuza e Moniky Rodrigues, e o filme de curta metragem Vivi, dirigido por Catarina Doolan. Na TV, participou da supersérie Onde Nascem os Fortes, da Rede Globo, dirigida por José Villamarim e Walter Carvalho.
Programação
Maio dos Sertões é realizada em celebração ao lançamento da 25ª Revista Observatório, do Itaú Cultural, que nesta edição discute a política cultural e o imaginário em torno da região. A revista está disponível para download no site do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br), espaço virtual onde até o dia 2 de junho acontece também uma mostra de cinema online a respeito do tema. Os títulos que podem ser acessados são Meninos e Reis, de Gabriela Romeu, No Devagar Depressa dos Tempos, de Eliza Capai, Vida Maria, de Marcio Ramos, Sophia, de Kennel Rógis, e Morte e Vida Severina, de Afonso Serpa.
SERVIÇO
Espetáculo Portar(ia) Silêncio
Dias 30 e 31 de maio (quinta-feira e sexta-feira), às 20h
Duração: 65 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Capacidade: 224 lugares
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: uma hora antes do evento | com direito a um acompanhante
Público não preferencial: uma hora antes do evento | um ingresso por pessoa
Interpretação em Libras
Espetáculo A Invenção do Nordeste
Dia 1 de junho (sábado), às 20h
Dia 2 de junho (domingo), às 19h
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: Livre
Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Capacidade: 224 lugares
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: uma hora antes do evento | com direito a um acompanhante
Público não preferencial: uma hora antes do evento | um ingresso por pessoa
Interpretação em libras
Mostra Online
Até 2 de junho
Disponível em www.itaucultural.org.br
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô