Itaú Cultural anuncia selecionados do Programa Rumos 2019-2020
A seleção, iniciada entre o final de 2019 e começo de 2020, foi adiada por alguns meses para adequação a este momento do modo de operar e de analisar os projetos
- Data: 16/12/2020 17:12
- Alterado: 16/12/2020 17:12
- Autor: Redação
- Fonte: Itaú Cultural
Eduardo Saron
Crédito:Jessica Senra
O Itaú Cultural anunciou nesta quarta-feira, 16 de dezembro, em coletiva de imprensa e, a partir das 12h, pelo site http://itaucultural.org.br/rumos-2019-2020-conheca-projetos-selecionados, os projetos selecionados pelo Rumos 2019-2020, programa do instituto para o fomento à produção artística e cultural brasileira. Para esta 19a edição, a instituição recebeu 11.246 projetos de todo o Brasil e selecionou 91, que contemplam todas as regiões e impactam o conjunto de estados do país.
As adversidades provocadas pela pandemia do Covid-19, tornaram mais complexa a etapa de análise e escolha dos projetos inscritos neste Rumos. Em um primeiro momento, considerando as recomendações sanitárias durante esse período, a finalização da seleção do programa foi adiada, de modo a preservar a saúde de todos os envolvidos e garantir a qualidade do processo. A retomada dos trabalhos – em reuniões online e não mais imersivas –, manteve as diretrizes contidas no edital para estas avaliações. A elas foi acrescentado, no entanto, um novo olhar com a preocupação de contemplar projetos que se adequassem às atuais exigências decorrentes do surto pandêmico.
Durante este período, ainda, o Itaú Cultural lançou a série de editais Arte como respiro: múltiplos editais de emergência, na qual contemplou mais de mil artistas por todo o Brasil. Esta foi uma forma encontrada pela organização para colocar luz na produção artística que vem sendo realizada desde início da suspensão social. A construção deste conjunto de editais teve como base e inspiração o modelo de atuação do Rumos ao longo de sua trajetória.
“Quando começamos o processo de seleção dos projetos inscritos no Rumos, o mundo era outro, não havia nem sinal do Covid-19, que acabou resultando nessa pandemia iniciada em março”, observa Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. “A partir daí, tínhamos dois caminhos a seguir: o mais fácil seria cancelar tudo, ou podíamos buscar a melhor maneira para continuar a análise aprofundada dos projetos, observando aqueles que realmente têm condições de ser executados na situação atual”, continua ele.
A instituição optou pelo segundo caminho para construir uma solução e debatê-la com a Comissão de Seleção. “Isso nos deu a certeza de que deveríamos seguir esse caminho, tendo em vista a possibilidade de apoiar a produção de projetos, mesmo dentro das restrições impostas pelo surto pandêmico”, conta Saron. “Isso significou estabelecer, também, um diálogo com os potenciais contemplados, de modo a melhor adequar suas propostas à complexidade do momento, mas sempre reafirmando a ideia central dos seus trabalhos propostos”, completa.
Múltiplas vozes
O resultado desta edição do Rumos Itaú Cultural reafirma uma preocupação crescente – já registrada como tendência em edições anteriores – entre artistas e pesquisadores com a preservação da memória e da organização de acervos.
Também volta a trazer uma forte inflexão em questões relacionadas a assuntos de negritude, femininos, indígenas, urbanos e de acessibilidade. Tem grande registro, ainda, de projetos na criação em literatura, audiovisual – com destaque para filmes de animação – e música, HQs, artes visuais e arte & tecnologia, além de trabalhos de cênicas, entre teatro, dança e circo. Outras linguagens e suportes, como a arquitetura, formação, games, e moda figuram na lista de contemplados.
Os projetos perpassam, em sua maioria as modalidades de criação e desenvolvimento, quase 60%; pesquisa e desenvolvimento, cerca de 25%; e documentação, em torno de 18%. Quase 70% deles têm origem nas capitais e mais de 27% vieram de outras cidades.
Com exceção do Amapá, todos os estados brasileiros e o Distrito Federal tiveram propostas contempladas. Vale observar, no entanto, que nenhuma unidade federativa do país deixará de ser impactada por algum desses trabalhos – boa parte deles tem origem em um lugar e impacto em outro.
Um exemplo disso é o Amapá, impactado por um projeto oriundo de São Paulo: em Oneide Bastos – 60 anos de canto amazônico, o proponente paulista e músico Dante Ozzetti vai produzir um álbum com canções autorais da cantora e compositora amapaense e de outros compositores inseridos ou que se referem ao ambiente amazônico. As músicas serão interpretadas pela própria Oneide, os arranjos levarão a assinatura de Ozzetti.
Comissões
Apesar da complexidade que marcou o processo de finalização desta edição do Rumos Itaú Cultural, os 11.246 projetos foram examinados primeiramente por 40 avaliadores, contratados pela instituição entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país, os quais realizaram a fase de avaliação. Nesta etapa, as propostas tiveram quatro leituras de avaliadores diferentes, sendo que uma delas era um especialista da área. Em seguida, as propostas selecionadas nesse primeiro momento passaram por uma profunda análise da Comissão de Seleção – também multidisciplinar e formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo os gestores da própria organização. Por fim, a comissão chegou aos resultados em reuniões virtuais.
Rumos Possíveis
No dia 17 (quinta-feira) irá ao ar o primeiro de seis episódios do podcast Rumos Possíveis, novo canal do Itaú Cultural dedicado a assuntos e temáticas relacionadas ao fomento e a produções artísticas. Uma vez por semana – com exceção da última deste ano –, Aninha de Fátima, gerente do núcleo de Comunicação e Relacionamento do Itaú Cultural, conversa com uma dupla de membros da Comissão de Seleção do Rumos 2019-2020. Os bate-papos perpassam, também, temáticas que vão das tendências culturais e reflexões sobre produções artísticas a perspectivas nesta área.
Os episódios podem ser acompanhados pelo site da organização www.itaucultural.org.br. O que inaugura a série, dia 17, é com a escritora e professora de escrita e literatura Noemi Jaffe e o músico fundador da Orquestra Ouro Preto Rodrigo Toffolo. Rumos Possíveis segue na semana seguinte – 22, terça-feira – com a cineasta Paula Gomes e o pesquisador e curador Luiz Camillo Osório. Depois de uma pausa para o final do ano, a série volta, sempre às quintas-feiras, no dia 7 de janeiro com a artista e pesquisadora de arte&tecnologia Rejane Cantoni e o intérprete, criador, educador e pesquisador das artes da cena Kleber Lourenço. No dia 14, conversam com Aninha de Fátima a atriz, diretora teatral e educadora Lígia Cortez e o diretor, roteirista, produtor e escritor Joel Zito Araújo.
O bate-papo do dia 21 é com a jornalista, crítica e doutora em artes cênicas Beth Néspoli e o compositor músical Ian Ramil. A série de podcast encerra no dia 28 de janeiro com a encenadora e pedagoga Maria Thais e com Vânia Leal, professora da rede estadual do Pará, mestra em comunicação, linguagem e cultura, coordenadora e curadora educacional do projeto Arte Pará.
Nas mesmas datas, a página do Itaú Cultural no Youtube – www.youtube.com/itaucultural – apresenta vídeos com integrantes da Comissão de Avaliação do Rumos 2019-2020, onde contam como foi a experiência de participar desse processo, o que viram nos projetos e percepções culturais no Brasil.