Intervenção impede evolução de caso de tétano acidental no Hospital Nardini
Adolescente de 19 anos foi curado após identificação dos primeiros sintomas
- Data: 19/08/2013 13:08
- Alterado: 19/08/2013 13:08
- Autor: Maíra Sanches
- Fonte: FUABC
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Quem sofre acidentes de trânsito ou de trabalho com objetos perfurocortantes precisa estar atento a vários sintomas que podem ser associados ao tétano acidental. A doença, causada pela toxina do bacilo tetânico (Clostridium tetani) e não contagiosa, entra no organismo por meio de ferimentos, pode causar insuficiência respiratória e levar à morte em poucas horas.
Tão importante quanto o próprio paciente estar atento às informações de prevenção, é fundamental que médicos e enfermeiros liguem o alerta quanto à aparição da doença, já que o tétano não é comumente diagnosticado.
Os acidentes que demandam mais atenção são os que envolvem fratura exposta, caso do morador de Ribeirão Pires D.E.A.M, de 19 anos. O paciente deu entrada recentemente no Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, em Mauá, após sofrer acidente envolvendo moto e carro. O jovem apresentou fratura exposta no tornozelo direito e precisou de cirurgia para correção da tíbia e da fíbula com colocação de fixador externo. Um dia após a cirurgia, enquanto estava internado para recuperação, começou a apresentar rigidez mandibular e espasmos musculares – sintomas típicos da doença. “Quando ele saiu do banho percebi que estava tremendo e não tinha controle sobre os movimentos, mas não apresentava febre. Acalmamos a mãe dele e fomos verificar o que podia ser”, disse a enfermeira da clínica cirúrgica Lucimara da Silva, que acompanhou a evolução do caso.
Vinte minutos depois a temperatura do paciente, que era de 36,5°C, saltou para 40ºC. O adolescente foi medicado e a profissional consultou o ortopedista de plantão sobre a possibilidade de contágio por tétano. “Foi a primeira vez que lidei com essa situação, mas lembrei dos sintomas e resolvi tirar a dúvida.” A funcionária, então, consultou o NUVE (Núcleo de Vigilância Epidemiológica), coordenado pela enfermeira Sandra Barbosa de Andrade, que confirmou a suspeita: “Tudo indicava o contágio”.
No mesmo dia, o paciente, que havia declarado não ter tomado o reforço da vacina aos 15 anos, recebeu nova dose para imunização e permaneceu sob observação por duas horas. No dia seguinte, recebeu alta e todos os sintomas desapareceram. “Foi fundamental termos agido rapidamente, caso contrário os sintomas teriam se agravado”, conta Lucimara. O caso de tétano acidental já foi confirmado pelo departamento de Vigilância Epidemiológica de Mauá.
Entre os principais sintomas da doença, que causa grave infecção, estão a tensão muscular progressiva, rigidez da nuca e do abdômen e dificuldade de deglutição.
PREVENÇÃO FUNDAMENTAL
Casos semelhantes não surgem no hospital desde 2011. A incidência da doença é baixa, mas é preciso manter cuidados com prevenção. É importante que o esquema vacinal seja realizado com três doses e uma dose de reforço a cada 10 anos a partir da última dose. A vacina está disponível, gratuitamente, nos serviços públicos de saúde. Os soros antitetânicos e doses de reforço da vacina são armazenados em câmara especializada com temperatura entre 2 e 8ºC.
Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, as notificações por tétano acidental despencaram de 1.548 em 1990 para 300 no ano passado em todo Brasil. A redução de óbitos foi de 261 para 104 no mesmo período. A maioria dos casos ocorreu na Região Norte. Este ano, até abril, foram confirmadas oito mortes no país.
INFORMAÇÕES À POPULAÇÃO
– Como se transmite?
A doença não é transmitida de pessoa a pessoa. Geralmente, ocorre pela contaminação de um ferimento da pele ou mucosa com os esporos do bacilo.
– O que fazer quando se acidentar e tiver uma lesão na pele?
Sempre que houver lesão da pele ou mucosa, a pessoa deve lavar o local com água e sabão e procurar o serviço de saúde para avaliar a necessidade de utilização de vacina ou soro. Se apresentar um dos sinais e sintomas característicos da doença, procure ajuda médica. Lembre-se de comunicar o que causou a lesão.
– Como tratar?
Sempre em unidade hospitalar, devido à gravidade da doença, das complicações e a necessidade de uma equipe treinada para assistência.
– Como se prevenir?
O tétano acidental é uma doença imunoprevenível. O meio mais eficaz de proteção é a vacina antitetânica.