Importância do cooperativismo de crédito para gerar inclusão financeira
Os resultados da pesquisa do Sicredi trouxeram evidências de que, comparada às demais, a rede de atendimento cooperativo está em locais de mais difícil bancarização
- Data: 01/09/2021 11:09
- Alterado: 01/09/2021 11:09
- Autor: Redação
- Fonte: Sicredi
Estudo inédito mostra Importância do cooperativismo de crédito para gerar inclusão financeira
Crédito:Divulgação
O cooperativismo de crédito vem desenvolvendo papel relevante para proporcionar acesso a serviços financeiros completos à população de municípios considerados menos atrativos para manutenção de agências para bancos atuarem. É o que mostra o terceiro estudo da série “Benefícios do Cooperativismo de Crédito”, organizada pelo Sicredi. O trabalho avaliou a atuação dos bancos privados, públicos federais e regionais, e instituições financeiras cooperativas entre 2010 e 2018, gerando índices que mostram o nível de dificuldade para a atuação física das instituições em cada município e como elas se comportam nesse cenário.
Partindo da constatação de que que os municípios brasileiros possuem características sociais, econômicas e territoriais diferentes, e, portanto, tendo diferentes níveis de atratividade para a inserção física de uma instituição financeira com portfólio completo de soluções, o estudo buscou quantificar e tornar comparável o esforço necessário para a atuação nas localidades. Para isso, a equipe de economistas do Sicredi desenvolveu o Índice de Presença Bancária (IPB), que reflete a probabilidade de não se ter uma agência em determinada cidade, e os Índices Municipais de Bancarização (IMB) relativo e absoluto, que conseguem, a partir do IPB, demonstrar o nível de penetração das instituições em municípios de difícil atuação, assim como mostrar a contribuição agregada da presença.
Os resultados trouxeram evidências de que, comparada às demais, a rede de atendimento cooperativo está em locais de mais difícil bancarização, ou seja, em regiões que são mais complexas para a rede bancária conseguir operar.
“Tendo em vista a necessidade ainda grande de bancarização dos brasileiros, mesmo com todos os avanços proporcionados pela digitalização, desenvolvemos um estudo para quantificar e tornar comparável o esforço das cooperativas de crédito em atuar em locais mais adversos. Os resultados reafirmam a capacidade do cooperativismo de crédito como um meio diferenciado para levar serviços financeiros completos para a população dessas cidades”, explica o economista-chefe do Sicredi, Pedro Ramos.
O economista também ressalta características do cooperativismo de crédito que favorecem a bancarização. “Ao atuar em locais de difícil acesso para a rede bancária, as cooperativas acabam sendo uma solução para atender as necessidades de pequenos e micros empresários nessas regiões, contribuindo com o desenvolvimento local. Além disso, trata-se de um modelo de negócio que se diferencia pela proximidade com os associados, oferecendo atendimento completo, com ampla gama de produtos e serviços financeiros, mas tendo um papel consultivo junto a cada um deles”, afirma Ramos, que ainda destaca o fato de os sistemas cooperativos terem hoje todas as principais soluções digitais disponíveis.
“O conceito de relacionamento que empregamos é fisital, no qual o atendimento está disponível por meio dos canais móveis e os nossos associados têm a alternativa de utilizar a agência para necessidades específicas e conforme sua conveniência, fortalecendo a relação dos nossos colaboradores com as comunidades onde estamos inseridos”, explica o diretor de Administração do Sicredi, César Bochi.
Metodologia inovadora: um pouco mais sobre os indicadores
Para chegar às conclusões mencionadas acima, a equipe do Sicredi criou indicadores inéditos. O IPB, que se baseia em dados socioeconômicos de cada município, do período entre 2010 e 2018, indica a probabilidade de não se encontrar uma agência física nele. Para isso, confere uma nota à cada cidade avaliada, que varia entre 0 e 1 e representa a dificuldade de manutenção de uma agência bancária naquela localidade de acordo com as suas características socioeconômicas. Os IPBs mais elevados, próximos de 1, indicam locais mais adversos para a instalação e permanência de uma agência física. Assim, foi possível detectar, por exemplo, que embora possam ser encontrados em todo o território nacional, há uma concentração maior de municípios com alto IPB nas regiões Norte e Nordeste.
Também foram criados dois indicadores analíticos, com o objetivo de avaliar o papel dos modelos de negócio das instituições financeiras (bancos privados, bancos públicos federais, bancos públicos regionais e sistemas cooperativos) na cobertura de municípios de maior dificuldade de manutenção de redes físicas de atendimento, ou seja, com IPB elevado. Foram atribuídos a estes indicadores os nomes de Índice Municipal de Bancarização Relativa (IMB-R) – quanto mais elevado, mais o modelo de negócio se concentra em municípios de difícil manutenção – e Índice Municipal de Bancarização Absoluta (IMB-A) – quanto mais elevado, mais forte é a atuação daquela categoria de instituição financeira na expansão da fronteira de atendimento bancário brasileiro.
Estudos anteriores
O estudo recém-lançado vai ao encontro de outra pesquisa, desenvolvida em 2020 a pedido do Sicredi pelo especialista em Microeconomia Aplicada e Desenvolvimento Econômico, Juliano Assunção, pesquisador do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Na ocasião, foi constatado que, enquanto bancos tradicionais têm em média um limite mínimo de 8 mil habitantes para abrir uma agência, uma cooperativa de crédito tem capacidade de abertura em municípios a partir de 2,3 mil habitantes. A comparação em termos de renda também chamou atenção, apontando que as cooperativas conseguem operar em cidades com PIB a partir de R$ 79 milhões, enquanto para os bancos públicos é necessário um PIB mínimo de R$ 146 milhões e para um banco privado, de R$ 220 milhões.
Outro levantamento, de autoria da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apresentado em 2019 avaliou dados econômicos de todas as cidades brasileiras com e sem cooperativa de crédito, entre 1994 e 2017, e cruzou informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidenciando que o cooperativismo de crédito incrementa o PIB per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%, estimulando o empreendedorismo local.