Ícone da ciência, falece aos 93 anos

Na madrugada deste domingo, 1º de outubro, o mundo acadêmico brasileiro perdeu um de seus mais notáveis intelectuais: Rogério Cezar de Cerqueira Leite, aos 93 anos, em São Paulo. A notícia foi confirmada por sua família através das redes sociais. O velório será realizado no Cemitério Flamboyant, marcando o adeus a um ícone da ciência e educação do país.

Cerqueira Leite era engenheiro, formado pelo renomado Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Sua carreira acadêmica foi extensa e impressionante, com passagens pela Unicamp (Universidade de Campinas), onde atuou como professor titular entre 1970 e 1987, e pela Universidade de Paris. Na Unicamp, destacou-se ao dirigir os institutos de Física e Artes e ao coordenar as faculdades, sendo reconhecido como professor emérito. Sua contribuição não se restringiu ao ensino superior; ele também integrou o Conselho Editorial da Folha de S.Paulo desde 1978, sendo colunista até 2022.

Cerqueira Leite era conhecido por suas opiniões contundentes sobre temas variados, incluindo multinacionais, programas nucleares e nacionalismo. Em 2016, uma de suas colunas gerou polêmica ao criticar o então juiz Sérgio Moro, chamando-o de “juiz messiânico”. A resposta de Moro incluiu uma carta de repúdio ao jornal, acusando Cerqueira Leite de “cegueira ideológica”, ao que o físico respondeu com uma defesa à liberdade intelectual.

O legado de Cerqueira Leite transcende suas realizações acadêmicas e editoriais. Ele deixa três filhos e uma vasta influência no pensamento crítico brasileiro. Sua partida marca o fim de uma era para muitos que viram nele um exemplo de compromisso com a educação e a verdade científica.