Greves em série pressionam governo conservador britânico
A greve dos enfermeiros, a primeira autorizada nos 106 anos do sindicato da categoria no país, é a mais recente de uma série de paralisações que pressionam o primeiro-ministro Rishi Sunak
- Data: 16/12/2022 13:12
- Alterado: 16/12/2022 13:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
Enfermeiros de Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales fizeram ontem uma paralisação de 12 horas para cobrar do governo britânico um reajuste salarial com ganho real, em meio à crise inflacionária que tem afetado o custo de vida no Reino Unido. A greve dos enfermeiros, a primeira autorizada nos 106 anos do sindicato da categoria no país, é a mais recente de uma série de paralisações que pressionam o primeiro-ministro Rishi Sunak e afetam o cotidiano dos britânicos.
Desde o começo do mês, categorias de setores como saúde, transportes e controle de fronteiras realizaram paralisações ou aprovaram indicativos de greve, alegando falta de reajuste nos salários diante da disparada do custo de vida. O patamar de inflação do país é o maior das últimas quatro décadas, chegando a 11,1% em outubro.
No caso dos enfermeiros, o Royal College of Nursing aprovou uma primeira paralisação para ontem, entre 8 horas e 20 horas (5 horas e 17 horas em Brasília), quando 100 mil enfermeiros deixaram de comparecer a seus postos de trabalho, além de motoristas de ambulâncias e funcionários administrativos de unidades de saúde que também aderiram à greve. Uma segunda paralisação foi aprovada pelo sindicato para terça-feira, caso as negociações salariais não avancem.
Apesar das temperaturas congelantes, os enfermeiros fizeram piquetes do lado de fora de vários hospitais. Usando chapéus e luvas e segurando cartazes que diziam “A falta de pessoal custa vidas”, eles pediram salários mais altos e mais trabalhadores.
De acordo com o sindicato, a paralisação não afetaria atendimentos hospitalares de emergência nem unidades de tratamento oncológico, de terapia intensiva neonatal e pediátrica. Os enfermeiros não deixaram de prestar serviços mais vitais como quimioterapia, diálise e alguns atendimentos pediátricos, mas a atenção médica não urgente ficou menos disponível.
Hospitais e outras unidades de saúde disseram que estavam tentando administrar os horários para garantir a segurança dos pacientes durante o protesto.
A onda de descontentamento com o governo pelas negociações salariais tem afetado o cotidiano dos britânicos, que passaram a consultar o calendário de greves para saber quais serviços estão ou não funcionando neste fim de ano.
A rede ferroviária, por exemplo, funcionou com apenas 20% de sua capacidade na terça e na quarta-feira, quando funcionários das ferrovias e de 14 empresas do setor realizaram uma paralisação. Novos indicativos de greve já foram aprovados para hoje e amanhã e em quatro datas de janeiro.
O líder do sindicato dos ferroviários, Mick Lynch, culpou o governo pelo impasse. “Não tenho intenção de estragar o Natal das pessoas”, disse à emissora britânica ITV na terça-feira. “O governo está contribuindo para estragar o Natal das pessoas, pois ele provocou essas greves ao impedir que as empresas apresentassem propostas adequadas.”