Grande ABC encerra eleições municipais com pior saldo para o petismo desde 2016
É o pior saldo para a sigla na região desde as eleições de 2016, ano do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT)
- Data: 28/10/2024 08:10
- Alterado: 28/10/2024 08:10
- Autor: Redação
- Fonte: CLAYTON CASTELANI - Folhapress
Tribunal alega não ter recursos para implantar o voto impresso em todas as urnas eletrônicas
Crédito:Reprodução
Berço do petismo, a região do Grande ABC chega ao final das eleições municipais de 2024 com apenas uma vitória do partido do presidente Lula (PT). É o pior saldo para a sigla na região desde as eleições de 2016, ano do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Há oito anos, nenhuma prefeitura foi conquistada pelo Partido dos Trabalhadores nas sete cidades do ABC. O resultado refletia o impacto pós-impeachment nas candidaturas petistas e a derrota em quase todas as prefeituras paulistas.
Reeleito neste domingo (27), o prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT) obteve um solitário triunfo petista na região. Ele também é o único vencedor do partido em toda Grande São Paulo.
O fraco desempenho petista no ABC faz parecer uma fotografia desbotada a hegemonia do partido nos anos 2000, quando conquistou cinco das sete prefeituras locais: Santo André, Mauá, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Marcelo Oliveira obteve 54% dos votos válidos em Mauá e, com isso, derrotou o ex-prefeito Átila Jacomussi (União Brasil) no segundo turno das eleições municipais da cidade de cerca de 400 mil habitantes.
Com o resultado, Oliveira consegue quebrar um tabu na política mauaense: apenas um prefeito na história da cidade havia sido reeleito, o também petista Oswaldo Dias, em 2000.
Para conseguir a vitória, o petista se apoiou em uma coalizão de dez partidos, que ia do PSOL, à esquerda, ao Podemos, à direita.
Nas demais cidades do Grande ABC, o que se viu foram avanços de candidatos de centro e de direita, alguns deles apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Na comparação com as eleições de 2020, o PT perdeu uma prefeitura no ABC. Diadema, até então comandada pelo partido de esquerda, agora passa para as mãos da centro-direita.
Taka Yamauchi (MDB) foi eleito prefeito de Diadema com 52% de votos válidos e bateu o atual prefeito da cidade, José de Filippi Júnior (PT), que terminou com 47%.
Diadema também espelhou a divisão política do país. De um lado, Filippi simbolizava a esquerda petista, recebendo Lula em seu palanque. Do outro, Yamauchi se posicionou como um candidato mais à direita e teve apoio de Tarcísio e de Bolsonaro.
Yamauchi, que já havia se candidatado ao cargo nas eleições municipais de 2020, participou da administração do prefeito reeleito na capital paulista, Ricardo Nunes (MDB). Entre 2023 e 2024, ele foi presidente da SPObras.
Os eleitores de Santo André (SP) escolheram Gilvan (PSDB) como o novo prefeito do município. Ele venceu a disputa no primeiro turno. O cenário foi semelhante ao visto há quatro anos, quando o também tucano Paulo Serra foi eleito em primeiro turno com 76,8%.
Apontado desde o início como favorito nas pesquisas, Gilvan, 32, foi apoiado pelo atual prefeito. Debutante em eleições, Junior faz parte da coligação Caminho Certo, Futuro Seguro, que engloba nove siglas.
Marcelo Lima (Podemos) venceu o segundo turno das eleições para prefeito de São Bernardo do Campo (SP). Com 99% das urnas apuradas, Lima obteve 55,74% dos votos contra 44,26% de Alex Manente (Cidadania), que tinha o apoio de Bolsonaro e de Tarcísio.
São Bernardo é efetivamente o berço político do PT e de Lula, mais viu o candidato petista, o deputado estadual Luiz Fernando, ficar em terceiro lugar no primeiro turno, com 23,1% dos votos.
Dois correligionários de Bolsonaro conquistaram vitórias na região, o que não significa que o ex-presidente foi decisivo na corrida eleitoral local, a exemplo do ocorrido na capital, onde o apoio de Tarcísio foi mais significativo para a eleição de Ricardo Nunes.
Em São Caetano do Sul, cidade com o maior IDH da região, a prefeitura ficou com Tite Campanella (PL) ainda no primeiro turno. Ele obteve 59,61% dos votos válidos. O candidato petista Jair Meneguelli ficou com apenas 4,23%.
Também do PL, Guto Volpi também foi eleito na primeira rodada para comandar Ribeirão Pires. O candidato do PT na cidade, Renato Foresto, alcançou somente 6,35%.
Akira Auriani, do PSB, venceu a disputa em Rio Grande da Serra.