Graffiti pela Água avança em São Paulo
Ponte da Sabesp com 55 metros de extensão recebe um dos maiores grafites da cidade com cerca de 1200 m² de cobertura - é a primeira de São Paulo a ser totalmente grafitada
- Data: 18/06/2021 14:06
- Alterado: 18/06/2021 14:06
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Viva
Crédito:Divulgação
A preservação da água ganhou novas fronteiras e um grupo de defensores identificado com as questões urbanas mais urgentes. Grafiteiros de várias regiões se uniram para entregar um novo marco ambiental para cidade: a primeira ponte inteiramente grafitada para conclamar a população de São Paulo a se engajar na preservação desse recurso.
É o projeto Graffiti pela Água, uma iniciativa de Rodrigo Cordeiro – nome por trás dos principais eventos sobre água e saneamento que já aconteceram no país – e do artista urbano Gamão – figura altamente identificada com essa temática que transformou a indignação com as enchentes em Taboão da Serra em ação, usando como linguagem a arte de rua, o grafite.
Nesta primeira edição, o projeto conta com o apoio da Sabesp que cedeu a ponte que passa sobre o rio, bem próxima à Ponte Cidade Universitária, conduzindo uma adutora da empresa, como cenário para o grupo de 16 artistas coordenado por Gamão e apoiado por uma estrutura gigantesca que garante a viabilidade desse grafite e a segurança dos grafiteiros.
O engenheiro Fernando Miller foi responsável pelo planejamento e treinamento dos envolvidos nessa operação inédita. Um técnico de segurança presente em tempo integral, supervisiona todo o trabalho. Os grafiteiros atuam sobre duas plataformas motorizadas elevatórias que alcançam quase a totalidade da ponte, semelhantes às escadas dos caminhões de bombeiros.
Além de estarem presos à estrutura das próprias plataformas e usarem os equipamentos necessários (cintos, capacetes, etc), os artistas foram treinados para pilotar esse veículo caso o profissional destacado tenha algum problema.
A cidade de São Paulo acompanha atenta os artistas em ação escrevendo com mil litros de tinta e 1,5 mil tubos de spray (produtos sustentáveis, a base de água) um gigantesco manifesto a céu aberto sobre a defesa desse recurso natural e finito. O tema escolhido como imagem para essa ponte é um mosaico que representa a união de todos – governo e sociedade – em torno da água como prioridade global.
A pintura cobrirá as duas laterais, as adutoras e a parte debaixo da ponte. Será uma das maiores coberturas grafitadas em toda a cidade e a primeira sobre os rios que cortam a metrópole. A estrutura foi instalada na semana do Meio Ambiente e o grafite deve ser finalizado nos próximos 15 dias. Cerca de 25% da ponte já foi grafitada.
O projeto continua com grafites em três chaminés de equilíbrio – estruturas metálicas nas margens dos rios – e também com pinturas em 30 telas que percorrerão a cidade com uma exposição itinerante, sempre com a temática da água.
Para Rodrigo Cordeiro essa é uma forma de dialogar com o cidadão de São Paulo com uma linguagem artística e visual que complementa tudo o que técnicos e acadêmicos alertam há tanto tempo. Essa tradução alcança as pessoas de um modo mais afetivo e, por isso mesmo, mais efetivo. “Queremos despertar o sentimento de pertencimento com a água e com o Rio que é parte da nossa cidade e da nossa vida”, afirma.
Gamão chama a atenção para a necessidade de vencer o imobilismo quando o assunto é preservar o ambiente. “Precisamos da sociedade conosco nessa luta”, alerta.
O Graffiti pela Água pretende percorrer as grandes cidades brasileiras, afinal engajar a Sociedade com o tema é a nossa missão. O projeto acrescenta à pauta ambiental um discurso urbano, contemporâneo e urgente para a preservação do mais importante recurso natural do planeta.