Governo Lula reabilita delegados da PF que foram alvo de Bolsonaro

Algumas das principais diretorias da PF serão ocupadas na atual gestão petista por delegados que estiveram na mira do ex-presidente

  • Data: 15/02/2023 13:02
  • Alterado: 15/02/2023 13:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Governo Lula reabilita delegados da PF que foram alvo de Bolsonaro

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A composição da cúpula da Polícia Federal tem evidenciado a tentativa do governo Luiz Inácio Lula da Silva de tentar afastar da corporação a influência de Jair Bolsonaro (PL). Algumas das principais diretorias da PF serão ocupadas na atual gestão petista por delegados que estiveram na mira do ex-presidente. Assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, a nomeação de Ricardo Saadi para Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor) foi publicada nesta terça, 14.

Saadi esteve no centro das suspeitas de que Bolsonaro fez trocas estratégicas na PF para tentar blindar aliados e os filhos de investigações. O delegado era superintendente do órgão no Rio, mas foi exonerado pelo ex-presidente, que alegou problemas de “produtividade” na unidade regional. A mudança abriu uma crise com o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

O ex-juiz da Operação Lava Jato, hoje senador pelo União Brasil, deixou o governo acusando Bolsonaro de tentar interferir politicamente na corporação – na eleição do ano passado, ele se reconciliou com o ex-presidente e o apoiou no segundo turno contra Lula. O caso está em apuração no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma das atribuições da Dicor é investigar políticos e autoridades com prerrogativa de foro.

Facada

Outro reabilitado pela Casa Civil de Lula é o delegado Rodrigo Morais Fernandes. Ele foi o responsável pelo inquérito sobre o atentado contra Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. O ex-presidente foi atingido por uma facada durante uma agenda de campanha em Juiz de Fora (MG). A investigação concluiu que Adélio Bispo, responsável pelo ataque, agiu sozinho e que o crime não teve um mandante. Sem provas, o ex-presidente reiterou diversas vezes a tese de que há “gente grande” por trás do atentado. Fernandes vai assumir a Diretoria de Inteligência Policiais da PF, uma das mais importantes da corporação.

O delegado Rodrigo Teixeira, que era superintendente da PF em Minas Gerais quando aconteceu o atentado, foi indicado para a Diretoria de Polícia Administrativa. Próximo do atual diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, ele chegou a ser sondado para o cargo de diretor executivo, número dois da corporação, que ainda não foi preenchido.

Teixeira foi exonerado pelo ex-presidente da República e, na época, atribuiu a troca a uma insatisfação da família Bolsonaro com a condução do inquérito sobre a facada.

Em entrevista, ele disse acreditar que o clã queria que a apuração chegasse à conclusão de que Adélio Bispo tinha sido financiado por partidos políticos ou uma organização criminosa.

Ao todo, a PF tem 11 diretorias especializadas. Em dezembro de 2021, a reportagem mostrou que, com a saída da delegada Dominique de Castro Oliveira do escritório da Interpol no País, o governo Bolsonaro já acumulava ao menos duas dezenas de mudanças na Polícia Federal. As razões eram divergências políticas com o governo e com a cúpula da corporação, ou de investigações que desagradaram ao Palácio do Planalto.

Considerada sem precedentes, a série de intervenções levou à geladeira, ou para o “corredor” – termo usado na PF para quem está em estado de fritura pela direção -, experientes quadros policiais.

A reabilitação de delegados que foram alvo no governo passado é interpretado como um recado da gestão Lula para a corporação: de que haverá empenho para reduzir a influência do bolsonarismo na PF.

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  • Data: 15/02/2023 01:02
  • Alterado:15/02/2023 13:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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