Gilmar Mendes determina inquérito contra Aécio
Propinas de contratos da empresa Furnas com base na delação do senador cassado Delcídio Amaral terão prosseguimento após devolução do processo ao PGR, pelo ministro
- Data: 03/06/2016 12:06
- Alterado: 03/06/2016 12:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Nuno Pereira/PSDB
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes decidiu permitir o prosseguimento de uma investigação contra o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), conforme antecipou nesta quinta-feira, 2, a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo. O procedimento trata do suposto pagamento ao tucano de propina desviada de contratos da empresa Furnas, subsidiária da Eletrobras.
O inquérito tem como base a delação do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) na Operação Lava Jato. Gilmar autorizou a instauração da investigação no mês passado e chegou a determinar uma oitiva com Aécio. Mas, depois de receber uma defesa “espontânea” do senador, o ministro suspendeu o andamento das diligências e devolveu o processo para uma reavaliação da Procuradoria-Geral da República sobre sua real necessidade.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se manifestou sobre o caso afirmando que Gilmar não poderia interromper as investigações de um inquérito já instaurado. Ele também disse que o pedido da PGR sobre a abertura das investigações traz novos elementos que “merecem uma apuração mais aprofundada”.
Janot sustentou que, ao interromper o andamento do caso, o Judiciário age com parcialidade e usurpa do dever exclusivo do Ministério Público. “O pedido que deu origem à instauração deste inquérito foi devidamente acompanhado não só de notícia de novas provas como também de efetivamente novas provas, suficientes à convicção do Ministério Público Federal de que, para uma completa elucidação dos fatos, faz-se imperioso o prosseguimento das investigações.”
No despacho, Gilmar respondeu às críticas de Janot. Ele justificou a suspensão das diligências dizendo que elas não eram urgentes. “Pelo contrário. Os fatos investigados teriam ocorrido há mais de dez anos.
Neste inquérito, o Ministério Público se animou a perseguir diligências que já eram previsíveis por ocasião da investigação arquivada – como a inquirição de Dimas Fabiano Toledo, pela Polícia Federal”, disse.
O ministro também destacou que a sua decisão “não afirmou que os esclarecimentos prestados pelo investigado eram suficientes” e disse que “assegurou a prerrogativa do Ministério Público de formar sua opinião, tomando contato com a tese e a documentação produzida pelo investigado”.
‘SERENIDADE’
Para os advogados de Aécio, não há elementos novos no depoimento de Delcídio que justificam o processo. O episódio envolvendo Furnas já havia sido citado em outras delações e arquivado por falta de provas. Em nota, Aécio afirmou estar convicto de que, ao fim das investigações no STF, será possível provar que ele é inocente. “É claro que ninguém gosta de ser injustamente acusado como é o caso, mas eu tenho serenidade para compreender que esse é o papel do Ministério Público, investigar as citações e acusações que ali chegam, e o da Justiça, de dar prosseguimento a essas investigações”, afirmou.
Gilmar Mendes também é relator de um segundo pedido de Janot para investigar Aécio pela suspeita de que o tucano agiu para que dados do Banco Rural fossem maquiados durante a CPI dos Correios. O ministro havia devolvido o caso ao procurador-geral, que se manifestou a favor da abertura de inquérito. Gilmar terá agora de decidir se abre ou arquiva o pedido.