Gestos de cuidado se transformam em dança no espetáculo Canto ao Fim

Na parceria inédita entre Clarissa Sacchelli e Isabel Ramos Monteiro, a dança acontece no centro e nos bastidores da cena, já que as operações de luz e som são visibilizadas como ações em estado de performance

  • Data: 21/08/2024 15:08
  • Alterado: 21/08/2024 15:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Gestos de cuidado se transformam em dança no espetáculo Canto ao Fim

CANTO AO FIM

Crédito:Guilherme Fauth

Você está em:

Dois trabalhos artísticos surgidos durante a pandemia em 2020 se mesclam para a criação de CANTO AO FIM. O espetáculo de dança, resultado da parceria inédita entre Clarissa Sacchelli e Isabel Ramos Monteiro, que voltaram seus olhares para os labores envolvidos nos gestos de cuidados recebidos e doados, estreia dia 25 de agosto, domingo, às 18h, no Teatro Conchita de Moraes, em Santo André.

Contemplado com o ProAC Editais – Produção Inédita em Dança (03/2023), o espetáculo, após passar por Campinas, também faz apresentações em São Paulo de 29 de agosto a 1º de setembro, quinta-feira a sábado, 19h e domingo, 17h, na Galeria Olido.

Em CANTO AO FIM, que acontece em meio a uma instalação de som e luz, Clarissa Sacchelli e Isabel Ramos Monteiro levam para a cena a oralidade, as canções de ninar, os gestos que não se arquivam pois são atualizados a todo tempo na transmissão corpo a corpo. São gestos que moldaram os gestos das duas artistas, movimentos forjados por danças pregressas e formas que orientam danças futuras. No palco, Isabel assume a partitura dos gestos e Clarissa comanda em tempo real a paisagem sonora.

Durante a criação de CANTO AO FIM foram realizadas conversas com mães e cuidadoras, buscando levantar e investigar relações entre som, memória e cuidado. Destas conversas emergiram diferentes paisagens sonoras, interjeições características da oralidade, e coros de canções de ninar que acabaram por dar forma à trilha sonora da peça. O processo de criação também envolveu uma série de oficinas ministrada pelas artistas além da proposição de uma vivência estendida de dança e criação para gestantes e puérperas.

Substantivo e verbo

A nova obra das duas artistas surge a partir de dois experimentos artísticos realizados durante a pandemia em 2020. Ao fim da Dança, de Isabel Ramos Monteiro, que logo após virou a dissertação de mestrado Ao fim da dança: ensaios sobre o dançar e o fazer literário – Usp (2022) e Um canto de trabalho, de Clarissa Sacchelli, peça sonora on-line que investiu na relação entre a ação de dançar e ação de fazer alguém ninar. Na ocasião, Isabel assistiu ao trabalho de Clarissa e vice-versa e perceberam que havia um universo comum a ser explorado em conjunto.

CANTO AO FIM aposta na vida e em questões limites como nascimento e morte. Para Clarissa e Isabel, a dança faz lembrar daquilo que só podem assimilar em companhia. “Aprendemos a dançar olhando, sentindo ou dançando junto de alguém. Balançando, para frente e para trás, nos perguntamos como perduram os rastros das danças dos que nos antecederam e dos que ainda virão depois de nós”, explica Isabel. Já Clarissa questiona: “O que a dança e a manutenção da vida têm em comum?”

O nome que dá título ao espetáculo propõe uma abertura de sentidos: canto como substantivo, mas também como verbo. Cantar, tão intrínseco a dançar, é também uma homenagem e celebração aos sons e movimentos que trouxeram as duas artistas até a essa nova obra. “Canto como insistência e aposta nos gestos vindouros que nos sucedem”, aponta Isabel. “O som como um agente que pode nos devolver a imagem daquilo que se transmite no corpo a corpo, que se repete nas nossas vozes”, completa Clarissa.

Na montagem, palco e plateia não se separam e o público é convidado a se sentar dentro da instalação onde a peça acontece. Tanto a trilha sonora como o desenho de luz são compostas em tempo real, seguindo a dramaturgia da coreografia. A dança formada de gestos acontece tanto no centro como nos bastidores da cena.

“Nos perguntamos como podemos criar um ritmo para estar junto enquanto buscamos modos de regular, sintonizar e ressoar coletivamente. Com CANTO AO FIM, apostamos nos movimentos que se fazem à beira do silêncio ou da canção”, destacam as duas artistas.

Sobre Clarissa Sacchelli

Artista que trabalha com e a partir da dança. Desenvolve seus projetos movendo-se entre peças coreográficas, performances, instalações e ações formativas, enquanto também colabora em trabalhos de diferentes artistas. Em sua trajetória interessa-se pela materialidade do corpo e seu movimento enquanto investiga a coreografia como um processo social e político. Suas últimas peças examinaram acervos e histórias a partir de perspectivas feministas e queer.

Sobre Isabel Ramos Monteiro

Dançarina, educadora e pesquisadora das relações entre a dança e a escrita. Graduou-se em Dança pela UNICAMP, é mestra pelo Departamento de Teoria Literária da FFLCH, USP e doutoranda no Instituto de Artes da Unesp, São Paulo. É integrante da Balangandança Cia. e professora de dança para adultos e crianças. Desde 2022 também ministra aulas de corpo & movimento para gestantes e propõe espaços de criação e dança para puérperas e cuidadores acompanhados de seus bebês. Além das atividades artísticas e docentes, é doula.

Serviço:

CANTO AO FIM

Dia 25 de agosto, domingo, às 18h

Teatro Conchita de Moraes – Praça Rui Barbosa, 12 – Santa Terezinha, Santo André.

40 minutos | Livre | Gratuito (retirada de ingressos uma hora antes do início da sessão).

Ficha técnica:

Criação – Isabel Ramos Monteiro e Clarissa Sacchelli. Performance – Isabel Ramos Monteiro em companhia de Clarissa Sacchelli e Laura Salerno. Coro – Andreia Yonashiro, Camila Sacchelli Ramos, Carina Pepe Sacchelli, Carolina Pepe Sacchelli, Isis Schranck, Júlia Rocha, Leticia Sekito, Marcela Tiboni, Maria Clara Silva Izidoro Salerno, Maria Claret Pepe Sacchelli, Melanie Graille, Mônica Augusto, Rebeca Sacchelli, Thais Sacchelli, Tatiana Sacchelli, Waléria Sacchelli Ramos e Walkiria Sacchelli. Composição Sonora – Clarissa Sacchelli em companhia do coro. Arquitetura de Som e Mixagem de Trilha – Miguel Caldas. Luz – Laura Salerno. Diálogo Dramatúrgico – Júlia Rocha. Diálogo Coreográfico – Beatriz Sano. Diálogo Visual – Renan Marcondes. Diálogo de Som – Luisa Puterman. Montagem de Som – Igor Souza e Tomé de Souza. Produção Executiva – Iolanda Sinatra. Design Gráfico – Bruna Keese. Fotografia – Mayra Azzi. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Apoio – Casa Líquida, Casa 88, ELD Santo André, Galeria Olido, Instituto de Artes da Unesp, IA Unicamp, Unidança e Teatro Conchita de Moraes.

Projeto contemplado pelo PROAC 03/2023 – Dança – Produção de espetáculo inédito.

Compartilhar:

  • Data: 21/08/2024 03:08
  • Alterado:21/08/2024 15:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados