Gerações de autores latino-americanos se encontram através dos livros
Na série ‘O Lobo Do Lobo’, Conceição Evaristo, Mariana Enriquez, Jorge Volpi, William Ospina e Inés Bortagaray revelam os autores que inspiraram suas obras
- Data: 03/01/2022 13:01
- Alterado: 17/08/2023 11:08
- Autor: Redação
- Fonte: Curta!
A escritora Conceição Evaristo
Crédito:Divulgação/Curta!
O Curta! começa 2022 celebrando a cultura latino-americana! Na primeira semana do ano, o canal estreia a série “O Lobo do Lobo e a Literatura Latino-americana”, dirigida por Daniel Augusto. A produção aborda essa produção literária através do olhar de cinco autores contemporâneos e suas referências — também da América Latina. Cada um dos cinco episódios apresenta o depoimento de um desses escritores, que comentam suas vivências, memórias e sensações, além de contarem como foram influenciados pelos mestres que admiram.
O episódio de estreia traz a escritora mineira Conceição Evaristo, compartilhando sua vivência como mulher, negra, oriunda de uma família pobre que, por eventualidades de vida, acabou tendo a chance de estudar. Tornou-se professora universitária e uma autora conceituada, mas até hoje luta para que suas perspectivas, profundamente impactadas por todos esses fatores, não sejam apagadas diante de um cânone dominado majoritariamente por homens brancos. Sua trajetória entra em interseção com a de outra autora, de uma geração anterior: Carolina Maria de Jesus, nascida em 1914, 32 anos antes de Conceição vir ao mundo.
O encontro se dá através do livro “Quarto de Despejo”, lançado por Carolina e lido por Conceição em 1960. “O que Carolina vivia nas ruas de São Paulo era o que nós vivíamos nas ruas de Belo Horizonte”, relembra Conceição, que, na infância, teve a dolorosa experiência de abandonar compulsoriamente a casa onde vivia, algo semelhante ao que acontece na referida obra. “A vivência dela enquanto mulher pobre, enquanto mulher negra, enquanto mãe solteira, enquanto catadora de papel… e mais do que isso: a Carolina traz para o livro dela esse desejo, esse quase desespero de se apropriar da escrita”, analisa a autora.
Nos episódios seguintes, outros encontros entre gerações de escritores se dão através das obras deixadas pelos mais antigos, como numa passagem de bastão entre o velho e o novo. A série apresenta a escritora e jornalista Mariana Enriquez, que fala sobre sua identificação com Silvina Ocampo; o escritor e “músico frustrado” mexicano Jorge Volpi, que discorre sobre sua admiração por Carlos Fuentes; o colombiano William Ospina, que lembra a importância de Gabriel Garcia Márquez em sua vida; e a uruguaia Inés Bortagaray, que conversa sobre Mario Levrero.
“O Lobo do Lobo e a Literatura Latino-Americana” é uma produção da Pacto Filmes viabilizada exclusivamente pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A estreia é na Quinta do Pensamento, 6 de janeiro, às 21h30.
Helena Ignez por ela mesma, em filme dirigido por sua filha, Sinai Sganzerla
Helena Ignez, cineasta e atriz-musa do Cinema Novo, mergulha na própria história no documentário “A Mulher da Luz Própria”, dirigido por sua filha, Sinai Sganzerla. O filme vai de seu nascimento, em Salvador, à maturidade e sua parte na construção de um cinema autenticamente brasileiro.
Narrado pela própria Helena, em primeira pessoa, o documentário intercala belíssimas imagens antigas — retiradas dos filmes de que participou e de registros de sua vida pessoal — com cenas feitas exclusivamente para “A Mulher da Luz Própria”. As imagens de várias épocas são entrelaçadas e ajudam a compor a mulher madura que vemos, com suas lembranças e aprendizados. A exibição é Quarta do Cinema, 5 de janeiro, às 21h30.
Segunda da Música (MPB, Jazz, Soul, R&B) – 03/01
22h – “Blitz, O Filme” (Documentário)
O documentário apresenta a trajetória da primeira banda consagrada do pop-rock brasileiro, a Blitz. O longa-metragem explora desde o surgimento do grupo nos anos 1980, sob a lona do Circo Voador, na época situada entre Ipanema e Copacabana, até as turnês internacionais e o sucesso ainda hoje. Direção: Paulo Fontenelle. Duração: 104min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 04 de janeiro terça-feira, às 02h e às 16h; 05 de janeiro, quarta-feira, às 10h; 08 de janeiro, sábado, às 15h.
Terça das Artes (Visuais, Cênicas, Arquitetura e Design) – 04/01
23h – “As Aventuras da Arte Moderna” (Série) – Episódio “Meia-noite em Paris”
Irrompe a Segunda Guerra Mundial, e a França mobiliza os seus meios de guerra. Após o fiasco do mês de junho de 1940 e da ocupação da Alemanha nazista, a Europa está em farrapos e os artistas e intelectuais fogem em massa. Diretoras: Amélie Harrault, Valerie Loiseleux. Duração: 52 min. Classificação: 16 anos. Horários alternativos: 05 de janeiro, quarta-feira, às 03h e às 17h; 06 de janeiro, quinta-feira, às 11h; 08 de janeiro, sábado; 19h01.
Quarta de Cinema (Filmes e Documentários de Metacinema) – 05/01
21h30 – ” A Mulher da Luz Própria” (Documentário)
“A Mulher da Luz Própria” é um documentário de longa-metragem sobre a atriz e diretora Helena Ignez, uma das principais personalidades femininas do cinema brasileiro. Estrela de filmes do Cinema Novo e do Cinema Marginal, ela se caracterizou por um estilo próprio de interpretação e atualmente dirige filmes independentes. O documentário é narrado pela própria atriz e possui imagens históricas intercaladas com outras mais atuais, que ajudam a descrever parte da história do cinema brasileiro. Direção: Sinai Sganzerla, Duração: 74 min. Classificação: 12 anos. Horários Alternativos: 06 de janeiro, quinta-feira, às 01h30 e 15h30; 07 de janeiro, sexta-feira, às 09h30; 08 de janeiro, sábado, às 22h40;
Quinta do Pensamento (Literatura, Filosofia, Psicologia, Antropologia) – 06/01
21h30 – “O Lobo do Lobo e a Literatura Latino-Americana” (Série) – Ep. “Conceição Evaristo”
Conceição Evaristo admirava como sua mãe criava e contava naturalmente suas próprias histórias enquanto costurava bonecas de pano para as filhas. Ao descobrir o livro “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, ela se surpreendeu com as semelhanças entre a história escrita por aquela mulher pobre, negra e favelada e as que ouvia da mãe. Conceição Evaristo segue os passos ousados de Maria de Jesus e cunha o termo escrevivência: uma literatura de autoria negra, fundamentada na vida de mulheres negras. Uma literatura do coletivo. Da memória. Um gesto de liberdade. Um gesto de confrontação. Diretor: Daniel Augusto. Duração: 52 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 07 de janeiro, sexta-feira, às 01h30 e às 15h30; 08 de janeiro, domingo, às 20h10; 09 de janeiro, domingo, às 11h.
Sexta da Sociedade (História Política, Sociologia e Meio Ambiente) – 07/01
21h – “O Pessoal é Político” (Documentário)
Elas nasceram para cuidar do lar e dos filhos. Tornaram-se mulheres guerreiras e politizadas, capazes de se apoderar de todas as armas na luta pelo retorno à democracia e contra as estruturas sexistas de poder. O documentário “O pessoal é político” retrata a Segunda Onda Feminista no Brasil, com destaque para os anos de 1975 a 1985, período instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a Década Internacional da Mulher. Diretor: Vanessa de Araújo Souza. Duração: 53 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 8 de janeiro, sábado, às 01h e às 04h20; 10 de janeiro, segunda-feira, às 04h20 e às 15h; 11 de janeiro, terça-feira, às 09h.
Sábado – 08/01
17h – “Matizes do Brasil” (Série) – Episódio: “Arthur Bispo do Rosário”
Diagnosticado com esquizofrenia paranoide aos 30 anos, Arthur Bispo do Rosário passou a maior parte da vida internado em instituições psiquiátricas. E foi dentro delas que ele se dedicou a produzir e organizar uma obra monumental, composta por mais de 800 bordados, assemblages, estandartes, miniaturas e outros objetos artisticamente ressignificados. Esse grandioso trabalho poderia ter passado despercebido pelo mundo da arte não fosse a intervenção do crítico Frederico Morais, depoente deste episódio de Matizes do Brasil, que é dedicado ao legado de Bispo do Rosário. Diretora: Bianca Lenti. Duração: 26 min. Classificação: Livre.
Domingo – 09/01
21h – “Orson Welles: Sombras e Luz” (Documentário)
Uma figura lendária, Orson Welles, aos 24 anos de idade, reinventou as linguagens do teatro e do cinema. Homem de mil faces, ele foi um moralista, um humanista, um Don Juan, um americano e um exilado sem lar. Foi ator, cineasta, comediante, poeta e uma eterna criança prodígio buscando retornar ao seu estado de graça. Esse documentário é uma jornada ao coração do homem por trás da lenda. Direção: Elisabeth Kapnist. Duração: 52 min. Classificação: Livre.