Faroeste ‘Oeste Outra Vez’ vence festival de Gramado
O faroeste rodado na Chapada dos Veadeiros estava entre os mais bem cotados entre os críticos no evento.
- Data: 18/08/2024 13:08
- Alterado: 18/08/2024 13:08
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress/Paula Soprana
Tradicional foto com os vencedores do Festival de Gramado
Crédito:Reprodução/Instagram
“Oeste Outra Vez”, do goiano Erico Rassi, ganhou o Kikito de melhor longa-metragem no Festival de Cinema de Gramado, que encerrou na noite deste sábado (17). O faroeste rodado na Chapada dos Veadeiros estava entre os mais bem cotados entre os críticos no evento.
Segundo longa de Rossi, a obra trata de um universo masculino rural marcado pela ausência de mulheres, que guia a vida vazia dos personagens.
O elenco tem Ângelo Antônio como protagonista e o compositor cearense Rodger Rogério como coadjuvante –ele recebeu prêmio por sua atuação neste sábado. A obra ainda levou o Kikito de melhor fotografia, por André Carvalheira, ficando com três prêmios.
“Estômago 2: O Poderoso Chef”, do diretor Marcos Jorge, foi o longa mais agraciado, em cinco categorias: júri popular, roteiro –Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge; direção de arte –Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco; trilha musical –Giovanni Venosta; e melhor ator, prêmio dividido entre João Miguel e Nicola Siri. A sequência da primeira obra, de 16 anos atrás, é uma coprodução com a Itália.
Eliane Caffé foi a melhor diretora entre os longas, por “Filhos do Mangue”.
O prêmio de melhor atriz ficou com Fernanda Vianna, por “Cidade; Campo”, da diretora Juliana Rojas. O filme de Rojas também foi o melhor para júri da crítica.
Rojas apresentou uma obra onírica e fantasmagórica que trata de luto e busca por ancestralidade, estrelado por Bruna Linzmeyer e Mirella França.
A montagem ficou para Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”, do diretor Aly Muritiba. Já o pêmio de melhor atriz coadjuvante foi para Genilda Maria, de “Filhos do Mangue”. “Pasárgada”, filme de Dira Paes, teve o melhor desenho de som, de Beto Ferraz.
“O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert, que inverte os papéis de gênero em uma comédia, venceu o prêmio especial do júri.
Melhor filme, “Oeste Outra Vez” foi filmado no sertão de Goiás, desde 2019, e conta a história de Toto -Ângelo Antônio-, um homem abandonado pela mulher que foge na bela paisagem da Chapada dos Veadeiros na companhia de Jerominho -Rodger Rogério. Os dois selam uma amizade baseada no silêncio, interrompido por diálogos evasivos que se tornam cômicos.
A história de Toto se liga a de outros homens amargurados incapazes de dialogar sobre emoções, ponto muito explorado no filme. Os impasses são sempre resolvidos com tiro e cachaça.
Além de Toto e do parceiro Jerominho, sofrem do abandono Antonio –Daniel Porpino–, acompanhado do parceiro Domingos –Adanildo Reis–, Durval –Babu Santana– e Ermitão –Antonio Pitanga.
A direção de arte e a fotografia exibem todos os tons do cerrado, a queimada, a terra e a sensação de vazio vivida pelas personagens.
Uma das referências do diretor foi o livro “Sagarana”, de Guimarães Rosa. “Há uma tentativa de trazer esse universo de Guimarães Rosa de um jeito mais contemporâneo e seco”, disse o diretor em debate durante a semana, após a exibição de seu filme.
A ausência de mulheres no elenco, com exceção da aparição de Luanni no início, intrigou a crítica durante o debate que ocorreu após a transmissão do filme. Houve discordância sobre tratar-se de um filme feminista ou não.
O ator Babu Santana afirmou que, atrás das câmeras, 70% da equipe é feminina. “Eu já fiz bastante produção e nunca tinha visto uma equipe tão feminina, e como as coisas davam certo.”
A curadoria dos longas deste ano foi do ator Caio Blat e do crítico gaúcho Marcos Santuário.
A 52ª edição foi marcada por mais realizações femininas do que masculinas, com quatro diretoras na mostra. Receberam homenagens os atores Matheus Nachtergaele e Vera Fischer, o diretor Jorge Furtado e diretora-executiva da Berlinare, Mariëtte Rissenbeek.
Veja todos os premiados:
Longas-metragens
Melhor filme: “Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi
Melhor direção: Eliane Caffé, por “Filhos do Mangue”
Melhor ator: João Miguel e Nicola Siri, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor atriz: Fernanda Viana, por “Cidade; Campo”
Melhor roteiro: Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor fotografia: André Carvalheira, por “Oeste Outra Vez”
Melhor montagem: Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”
Melhor ator coadjuvante: Rodger Rogério, por “Oeste Outra Vez”
Melhor atriz coadjuvante: Genilda Maria, por “Filhos do Mangue”
Melhor direção de arte: Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor trilha musical: Giovanni Venosta, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor desenho de som: Beto Ferraz, por “Pasárgada”
Prêmio especial do júri: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert
Júri popular: “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge
Curtas-metragens
Melhor filme: “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta
Melhor direção: Lucas Abrahão, por “Maputo”
Melhor roteiro: Adriel Nizer, por “A Casa Amarela”
Melhor ator: Wilson Rabelo, por “Ponto e Vírgula”
Melhor atriz: Edvana Carvalho, por “Fenda”
Melhor trilha musical: Liniker, por “Ponto e Vírgula”
Melhor fotografia: Livia Pasqual, por “Pastrana”
Melhor montagem: Bruno Carboni, por “Pastrana”
Melhor direção de arte: Coh Amaral , por “Maputo”
Melhor desenho de som: Felippe Mussel, por “A Menina e o Pote”
Prêmio especial do júri: “Ponto e Vírgula”, de Thiago Kistenmacher
Júri popular: “Ana Cecília”, de Julia Regis
Prêmio Canal Brasil de Curtas
“Maputo”, de Lucas Abrahão
Júri da crítica
Melhor curta-metragem brasileiro: “Fenda”, de Lis Paim
Melhor longa-metragem brasileiro: “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas
Longas documentais
Melhor filme: “Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal
Mostra de filmes universitários
Prêmio Edina Fujii – Cia Rio
“A Falta que Me Traz”, de Laura Zimmer Helfer e Luís Alexandre, da Universidade de Santa Cruz do Sul