Enfermeira implica secretários de Duque de Caxias no inquérito das vacinas com Bolsonaro
Enfermeira afirma que emprestou a senha para o então secretário de Governo de Duque de Caxias, negando ter adulterado informações nos sistemas do Ministério da Saúde
- Data: 15/05/2023 14:05
- Alterado: 15/05/2023 14:05
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Rio de Janeiro - O presidente da República, Jair Bolsonaro, recebe o motorista Robson Oliveira, que estava preso na Rússia, no aeroporto do Galeão. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Crédito:Foto: Robson Nascimento de Oliveira
A enfermeira Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe da central de vacinação de Duque de Caxias (RJ), implicou dois secretários municipais na investigação da Polícia Federal sobre as fraudes nos dados de imunização da covid-19.
Em depoimento, ela negou ter adulterado informações nos sistemas do Ministério da Saúde. A enfermeira afirma que emprestou a senha para o então secretário de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, excluir registros de vacinação. Ele foi preso preventivamente na Operação Venire.
O pedido para ajudar Brecha, segundo o relato da enfermeira, teria sido feito pela secretária municipal de Saúde Célia Serrano em dezembro do ano passado. A médica teria ligado e pedido uma liberação para Brecha acessar o sistema de informações do Programa Nacional de Imunizações.
A servidora afirma que passou a conversar com o secretário de Governo por WhatsApp, para orientá-lo sobre como usar o sistema. Como ele não conseguiu excluir informações usando as próprias credenciais, ela teria passado a senha.
Claudia Helena afirma que só compartilhou o login porque Brecha não quis passar os dados para que ela própria apagasse as informações. O secretário de Governo teria dito que não queria causar ‘problemas’, porque as pessoas envolvidas seriam ‘relevantes e conhecidas’.
Ela sustenta que nunca soube de quem Brecha falava e que não viu ‘má-fé’ do então secretário. A enfermeira disse à PF que achava que as exclusões eram ‘idôneas’.
Os principais pontos do depoimento:
1. Ligação da secretária municipal de Saúde Célia Serrano pedido acesso aos sistemas do Ministério da Saúde para o então secretário de Governo João Carlos de Sousa Brecha;
2. Brecha não consegue apagar os dados com as próprias credenciais;
3. Enfermeira passa a senha ao então secretário de Governo, que segundo o depoimento não quis compartilhar os CPFs para que ela própria fizesse as alterações no sistema;
4. Secretário de Governo afirma que dados envolviam ‘pessoas relevantes e conhecidas’.
COM A PALAVRA, OS CITADOS
A reportagem do Estadão entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Saúde de Duque de Caxias e aguarda resposta. O blog também busca contato com a defesa de Brecha. O espaço está aberto para manifestação ([email protected] e [email protected]).